Petrobras e exportadoras derrubam Ibovespa em dia de correção; dólar cai a R$ 2,92

De acordo com o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, os ânimos se acalmam para papéis que subiram muito nas últimas sessões, como Petrobras, Vale e siderúrgicas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (27) em um dia marcado pela correção geral do mercado. Por aqui, o jornal O Globo disse que um novo pacote de privatizações deve sair em dez dias com a palavra final dada ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Lá fora o movimento foi dividido: na Europa as bolsas avançaram com otimismo pela Grécia, enquanto nos EUA, os principais índices fecharam em queda. 

O benchmark da Bolsa brasileira registrou queda de 1,87%, aos 55.534 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a 1,91% de queda e, na máxima, atingiu 0,65% de alta. Com isso, o índice fica próximo do suporte de 55.600 pontos apontado pelo analista técnico Raphael Figueiredo, da Clear Corretora. Porém, ele afirma que o Ibovespa pode recuar até 53.510 pontos que manterá sua configuração de alta no curto prazo. Enquanto isso, o dólar comercial fechou com perdas de 1,13%, a R$ 2,9211 na compra e a R$ 2,9217 na venda, após chegar a recuar 1,70%. 

De acordo com o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, os ânimos se acalmam para papéis que subiram muito nas últimas sessões, como Petrobras, Vale e siderúrgicas. Mas a semana promete muita volatilidade na sua opinião, com a agenda do investidor recheada de indicadores importantes. 

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Amanhã terá PME (Pesquisa Mensal do Emprego) do IBGE (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) às 9h e PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido. Na quarta já teremos reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e do FOMC (Federal Open Market Comittee) além de PIB dos EUA. Hoje já tivemos a divulgação do Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos.

A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 oscilou de uma retração de 1,03% para uma de 1,10%, mas se manteve para 2016 em um avanço de 1%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 8,25% este ano.

No exterior, o dia é marcado pelo otimismo com a situação da Grécia. Mais cedo, um funcionário do governo afirmou que o país fez alterações na equipe de negociadores que vem discutindo com credores internacionais sobre o programa de ajuda a Atenas. A decisão pode reduzir a influência que o espontâneo ministro de Finanças do país, Yannis Varoufakis, tem no ritmo lento das conversas.

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As mudanças vieram após ministros de Finanças da zona do euro pressionarem a Grécia e Varoufakis a acelerarem as negociações durante reunião realizada na Letônia, na última sexta-feira, se quiserem selar um novo acordo de financiamento antes que o atual vença no final de junho e evitar que Atenas entre em moratória.

Petrobras desaba
A semana inicia agitada com diversas notícias corporativas que ganham atenção do mercado. Entre os destaques, a Petrobras (PETR3PETR4) teve sua recomendação cortada hoje pelo Morgan Stanley, que tem como preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) os US$ 8,50. Para o banco, após disparada de 100% desde março, os papéis ficaram “caros” em relação a seus pares e abriu espaço para queda de 15%. As ações da companhia caíram mais de 7%. 

As ações da Fibria e Suzano – ambas do setor de papel e celulose – também caíram forte hoje, figurando neste momento como as maiores quedas do Ibovespa. As empresas, grandes exportadoras, são penalizadas pela forte queda do dólar nos últimos dias. Analistas começam a trabalhar com um cenário mais otimista para o câmbio. Segundo a WIA Investimentos, o real pode começar a queimar a mão de traders de curto prazo com aposta de Federal Reserve mais “dovish” e alta da Selic, abrindo chance para cair para a faixa de R$ 2,85 e R$ 2,90.  

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Também no setor, mas menos penalizada pelo câmbio por ser menos dependente da exportação, as units da Klabin (KLBN11) recuaram 1,04% hoje, a R$ 18,11. A empresa, maior fabricante brasileira de papéis para embalagens, anunciou nesta segunda-feira seu resultado do primeiro trimestre. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 728,6 milhões no período, revertendo o ganho de R$ 607,2 milhões apurado um ano antes.

As ações da Vale (VALE3VALE5), que chegaram a subir 6%, ficaram entre perdas e ganhos. Os papéis ordinários da mineradora tiveram uma valorização de 10% na sexta-feira. O preço do minério de ferro sobe pela quarta sessão consecutiva, atingindo máxima de um mês. Na sexta, a commodity entrou em “bull market”, subindo 20% da mínima do ano. 

Segundo o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, não havia nenhuma notícia forte que causasse a virada dos papéis, mas diante da queda das ações de outras gigantes do setor como Rio Tinto e BHP nos mercados internacionais, os investidores assumem posições mais cautelosas e embolsam os lucros das altas recentes.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR3 PETROBRAS ON 13,63 -7,28 +42,13 280,43M
 FIBR3 FIBRIA ON 40,35 -6,75 +24,12 111,18M
 BRML3 BR MALLS PAR ON 17,28 -6,70 +5,17 68,52M
 RUMO3 RUMO LOG ON 1,41 -6,62 -19,25 36,01M
 GOAU4 GERDAU MET PN 9,79 -6,49 -12,83 21,04M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONAL ON 7,91 +9,41 +53,06 68,60M
 USIM5 USIMINAS PNA 6,24 +4,35 +23,56 52,67M
 QUAL3 QUALICORP ON 25,14 +2,82 -9,57 52,89M
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 2,99 +2,75 -7,97 7,20M
 CRUZ3 SOUZA CRUZ ON 25,99 +1,92 +37,90 28,82M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA EJ 18,62 -0,48 681,80M 407,95M 51.763 
 PETR4 PETROBRAS PN 12,58 -5,13 640,81M 887,71M 53.036 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 38,40 -1,87 432,66M 477,77M 26.834 
 VALE3 VALE ON EJ 23,46 +1,12 395,18M 131,20M 33.923 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,96 -1,48 345,92M 256,07M 18.561 
 PETR3 PETROBRAS ON 13,63 -7,28 280,43M 301,57M 27.720 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,80 -0,53 236,13M 202,80M 22.990 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 34,50 -4,43 233,75M 181,21M 24.119 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 12,65 -0,63 226,92M 176,42M 21.654 
 BBAS3 BRASIL ON 26,40 -2,91 211,34M 178,43M 14.760 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Ásia renova máxima de 7 anos
As ações asiáticas voltaram a renovar as máximas em sete anos com as expectativas de mais estímulos de Pequim. Os resultados brilhantes de algumas gigantes norte-americanas de alta tecnologia dão suporte ainda maior a um clima amplamente positivo.

Hoje será divulgado nos EUA o balanço do primeiro trimestre da maior empresa do mundo, a Apple. 

Alguns mercados ficaram ligeiramente mais contidos à medida que o foco passou para as reuniões de bancos centrais nos Estados Unidos e no Japão nesta semana. Vale ressaltar que, nesta manhã, a Fitch Ratings rebaixou o rating de crédito do Japão em um degrau após o governo ter falhado em adotar medidas no orçamento deste ano fiscal para compensar um atraso no aumento do imposto sobre vendas, informou a agência nesta segunda-feira.

Os indicadores na China continental dispararam com a bolsa em Xangai subindo 3 por cento para máximas de sete anos por expectativas de mais estímulos monetários, projetos de infraestrutura e fusões de empresas estatais. O índice japonês Nikkei recuou 0,2%, principalmente devido aos ganhos do iene.

O rali nos mercados asiáticos veio depois que as ações da Amazon.com e Microsoft saltaram mais de 10 por cento na sexta-feira após a divulgação de receitas fortes, impulsionando o índice Nasdaq a uma alta recorde.

Destaque ainda para a entrevista do economista-chefe do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), Ma Jun, ao jornal estatal People’s Daily. Segundo ele, a economia chinesa, embora passe por uma fase de desaceleração, não precisa de “fortes estímulos” para impulsionar o seu crescimento.

Já na Europa, o índice das principais do continente reverteu perdas iniciais e fechou em alta nesta segunda-feira, com preocupações persistentes sobre a situação da dívida grega sendo ofuscadas pelo otimismo de que um equipe grega reformulada ajudaria nas negociações.

A Grécia corre o risco de ficar sem dinheiro nas próximas semanas. Negociações infrutíferas sobre alívio de dívida entre ministros das Finanças da zona do euro na sexta-feira serviram para destacar o abismo entre Atenas e seus credores.

Entretanto, notícias nesta segunda-feira de que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, reorganizou sua equipe que lida com as negociações ajudou conter as vendas iniciais.

“A Grécia reformulou sua equipe de negociação para as conversas com os credores, o que contribui para acalmar os investidores”, disse Pierre Martin, operador do Saxo Bank.

(Com Reuters)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.