Entenda as 3 razões que fazem o mercado derreter nesta quarta-feira

No pior momento do dia, Ibovespa atingiu sua maior queda desde agosto de 2011, quando S&P rebaixou rating dos EUA; Petrobras desaba quase 7%

Paula Barra

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – Em meio à uma onda de aversão ao risco, o Ibovespa atingiu no seu pior momento desta quarta-feira (15) sua maior queda desde 8 de agosto de 2011 (-8,08%), quando a Standard & Poor’s rebaixou o rating dos Estados Unidos de AAA para AA+. O índice, no entanto, reduziu as perdas e fechou com queda de 3,24%, a 56.135 pontos, depois de ter atingido no menor patamar do dia queda de 5,34%, a 54.919 pontos. Mas, afinal, o que faz a Bolsa desabar hoje e levar junto as principais blue chips do índice?

Para Frederico Mesnik, gestor da Humaitá, há três razões para o índice derreter nesta quarta-feira. Além do temor dos mercados após indicadores americanos elevarem a preocupação com a economia global, o investidor não tem hoje referência eleitoral, uma vez que as pesquisas que vinham sendo o principal motor da Bolsa doméstica são esperadas para serem divulgadas somente esta noite, enquanto o vencimento de contratos futuros de Ibovespa trazem pressão extra nesta sessão. 

Juntamente com o Ibovespa, os papéis de “pesos-pesados” da Bolsa que vinham aproveitando o “rali eleitoral” desabaram nesta sessão: Petrobras (PETR3, R$ 19,02, -6,86%; PETR4, R$ 20,15, -6,93%), Bradesco (BBDC3, R$ 36,39, -4,71%; BBDC4, R$ 37,53, -5,47%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,63, -4,49%) e Eletrobras (ELET3, R$ 6,81, -3,68%; ELET6, R$ 10,13, -3,34%). 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Confira abaixo as 3 razões apontadas pelo gestor: 

1°) Falta de novidade eleitoral

Mesnik explica que, em meio ao cenário externo conturbado, o mercado doméstico se deixa levar hoje, já que o que vinha sendo seu principal motor nos últimos dias e fazendo a Ibovespa “ignorar” os principais índices globais eram as pesquisas eleitorais. 

Continua depois da publicidade

O mercado aguarda para esta noite nova pesquisa eleitoral do Ibope para o segundo turno durante o Jornal Nacional, segundo a assessoria do próprio instituto. Há expectativas também para uma possível divulgação de pesquisa do Datafolha. Os dois institutos são vistos mais de perto pelo mercado, que não repercutiu muito o resultado do Vox Populi, depois de sua pesquisa mostrar um “empate técnico” entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), na segunda-feira. 

2°) Aversão ao risco

Outra razão para a forte queda de hoje é uma forte onda de aversão ao risco que varre os mercados globais e derruba para queda de mais de 2% os principais índices americanos e europeus. Em uma reação em cadeia, o Ibovespa foi derrubado nesta sessão, atingindo em seu pior momento seu pior pregão em três anos. 

Segundo Mesnik, o mercado brasileiro ficou alheio ao temor externo hoje, sendo pressionado pela piora dos indicadores dos Estados Unidos e nervosismo observado na Europa. Nos Estados Unidos, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo caíram 0,3% em setembro na comparação mensal, frente a expectativa de 0,1%. O índice de preços ao produtor também ficou abaixo do esperado ao cair 0,1% em setembro em relação a agosto. Além disso, o mercado reage a baixa da inflação na Europa e quedas de preços de petróleo. 

3°) Vencimento de índice futuro

O terceiro e último motivo atribuído pelo gestor para a derrapada do Ibovespa hoje é a pressão trazida pelo vencimento de índice futuro nesta sessão. “Hoje é dia de vencimento de contratos futuros de Ibovespa e os investidores não estão “rolando” suas posições, o que está ajudando a pressionar o mercado hoje”, disse.

Ele explica que os investidores que estavam arbitrando diferença de índice futuro e à vista  – em operações conhecidas como “cash and carry” – estão se desfazendo de suas posições já que não está compensando mais uma vez que o índice futuro está cotado muito próximo do à vista. “Não faz sentido agora ficar vendido no futuro e comprado na carteira. Esse investidor seria ‘obrigado’ a fazer a troca de contrato futuro hoje por um mais longo, mas como não compensa, ele está zerando sua posição”, disse. Vale lembrar também que hoje é vencimento de opções sobre Ibovespa e isso costuma trazer volatilidade ao mercado.