Na onda do filme? “Lobos de Wall Street” se multiplicam e preocupam reguladores dos EUA

As mensagens que buscam atrair quem quer aproveitar uma boa pechincha em Wall Street passaram de 1% dos e-mails indesejados em 2012 para 16% no ano passado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o polêmico corretor de ações que inspirou o filme “O Lobo de Wall Street”, mira embolsar até US$ 100 milhões em 2014 por meio de suas palestras, muitos parecem se espelhar na estratégia de Jordan Belfort para fazer fortuna na bolsa com ações que valem centavos.

As mensagens de e-mail que buscam atrair quem quer aproveitar uma boa pechincha em Wall Street estão se multiplicando, de acordo com dados da empresa de segurança norte-americanaTrustwave. Há um ano, as mensagens que tratavam de “penny stocks” correspondiam a apenas 1% dos e-mail indesejados em 2012 enquanto, em 2013, corresponde a 16% dos spams, conforme reportado em matéria do Market Watch. Vale ressaltar que o filme estrelado por Leonardo DiCaprio foi lançado no final do ano passado. 

Além disso, órgãos reguladores acusaram cinco promotores de “penny stocks” de inflar os preços de ações para fingir interesse do mercado, incluindo dois casos que envolvem planos de enviar uma grande quantidade de e-mails.

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O golpe “pump and dump”, como ficou conhecida a tática retratada no filme de “O Lobo de Wall Street”: fraudadores promovem as ações de centavos de determinadas companhias, dizendo aos investidores que têm informações privilegiadas sobre os próximos eventos destas empresas que farão o preço das ações disparar. Depois das pessoas comprarem, os fraudadores despejam as ações sobrevalorizadas no mercado, embolsando o lucro.

Os penny stocks não são um negócio apenas para golpistas ou ingênuos. Os investidores, conforme apontou matéria da última quinta-feira do jornal Wall Street Journal, estão arriscando por conta própria fazer as suas apostas em setores com alto potencial de crescimento. Isso apesar dos reguladores do mercado norte-americano ter alertado a tomar cuidado com estes papéis, uma vez que há menos informações públicas sobre as companhias e muitos não apresentam relatórios financeiros. 

Os “promotores de spam” dizem sempre que este é o negócio do século, a empresa está prestes a fazer um grande anúncio, a ação vai ser multiplicada por 800 vezes, ressalta a Trustwave. A maioria dos spams vem de computadores zumbis. Uma das empresas apontadas pela reportagem do Market Watch, a Rich Pharmaceuticals, viu o preço de suas ações triplicar, para US$ 0,37, durante o auge da campanha de spams em meados de abril.

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Após o “ataque”, a empresa emitiu comunicado afirmando que “não autoriza e não endossa essas campanhas” e que está trabalhando com órgãos reguladores norte-americanos para investigar essas mensagens.

O escritório da SEC (Securities and Exchange Commision), uma espécie de CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nos EUA, acusou 48 pessoas e 25 empresas por realizarem fraudes com penny stocks desde 2010.  A agência diz que os investidores devem ser céticos em relação a dicas de e-mail, além de fazer sua própria investigação e ser cauteloso em promessas muito irreais. 

Já no Brasil, a BM&FBovespa também buscar evitar que “Lobos” existam por aqui. Em fevereiro, a Bolsa informou novas regras para o mercado, anunciando que iria vetar as penny stocks, conforme o novo regulamento. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.