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SÃO PAULO – O racionamento de energia no Brasil já é uma tese realista. Entre a segunda metade deste ano e o início de 2015, deve haver uma restrição de 5% no uso de energia no País. A opinião é de Fernando Araújo, gestor da FCL Capital, que administra R$ 15 milhões em recursos em fundos de ações. O que deve-se pensar agora é como fazer para capturar oportunidades e se esquivar de eventuais riscos no mercado, comentou.
Segundo ele, emergiu com a crise energética no Brasil um novo jeito de se pensar as ações na Bolsa: as empresas do setor elétrico, do setor industrial, de serviços e aquelas que podem ter a receita prejudicada, embora não sejam consumidoras intensivas de energia.
“É preciso entender bem essas premissas antes de fazer um investimento”, comentou. Neste caso, o setor menos prejudicado num cenário de racionamento seria o de serviço, uma vez que não consome tanto energia. “Essas empresas devem contornar com mais facilidade a crise energética”. Um exemplo é a empresa de educação Estácio (ESTC3), que não vai deixar de vender matrículas porque há racionamento. Seria uma opção mais defensiva neste panorama, disse.
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As geradoras e transmissoras de energia devem se beneficiar neste período do risco de apagão com a alta das tarifas. Os resultados do 1º trimestre de Cesp (CESP6) e Light (LIGT3), divulgados na noite anterior, mostaram um crescimento de mais de 100% no lucro líquido por conta da venda da energia descontratada durante o período. Vale mencionar que ambas ações já subiram mais de 30% desde março, o que pode limitar novas valorizações tão robustas na Bovespa.
Outras beneficiadas são companhias aptas a produzir e vender energia, como é o caso da Cosan (CSAN3), que produz o insumo a partir do bagaço de cana, explica Araújo.
Até quem “sofre” pode ser bom
Entretanto, ele argumenta que nem todas as empresas que estão expostas ao custo da energia são um mau investimento. Isso porque algumas delas já foram bastante penalizadas pelo mercado e se tornaram uma boa oportunidade, como é o caso da Gerdau (GGBR4). Apesar de ser uma forte consumidora do insumo, a empresa já garantiu – através da geração própria de energia e volumes contratados – toda sua demanda deste ano, mesmo assim, a ação da companhia vem “apanhando” na Bolsa. No acumulado do ano, já caiu 21%.
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Para Araújo, outra ação que também foi bastante castigada pelo mercado indevidamente foi a Braskem (BRKM5). “Dentro do panorama que prevemos, de um racionamento de 5% no consumo de energia, a empresa estaria preparada, mesmo contabilizando um impacto na sua receita por uma retração na carteira de pedidos. As empresas têm um certo jogo de cintura para se esquivarem desse cenário”, disse.
“O que não daria é uma restrição de mais de 20% no consumo. Neste quadro, ninguém se salvaria”, alertou. Entretanto, ele aponta que isso é muito improvável. “Isso empurraria o Brasil para uma profunda recessão, mas não temos motivos para acreditar nisso. A matriz energética brasileira é muito melhor do que em 2001 (naquela época houve um corte de 20% no consumo de energia no País)”, comentou.
Confira as empresas mais expostas ao racionamento:
Empresa | Ticker | Percentual do preço da energia no custo total |
Usiminas | USIM5 | 9,1% |
Duratex | DTEX3 | 7,2% |
Gerdau | GGBR4 | 4,4% |
Minerva | BEEF3 | 3,7% |
Vale | VALE5 | 3,1% |
M. Dias Branco | MDIA3 | 3,0% |
Oi | OIBR4 | 2,4% |
Iochpe-Maxion | MYPK3 | 2,4% |
Embraer | EMBR3 | 2,0% |
Fonte: FCL Capital