Mesmo no 2ª dia de queda, Ibovespa tem 3ª alta semanal seguida; dólar cai 1,7%

Investidores aproveitaram sexta-feira para realizar ganhos, mas mesmo assim o índice alcança sua melhor sequência semanal em 7 meses; expectativa sobre o Datafolha que sai amanhã repercute

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de chegar a subir 1,7% no começo do dia, o Ibovespa cedeu novamente e teve sua segunda queda seguida nesta sexta-feira (4), ao terminar o dia com perdas de 0,63%, a 51.081 pontos, – a última vez que ele caiu dois dias seguidos foi na metade de março, quando formou seu fundo de 2014, perto de 45 mil pontos. No entanto, nada disso evitou que o índice registrasse sua terceira semana de ganhos – a maior sequência desde setembro de 2013 -, ao somar alta de 2,64% entre 31 de março e 4 de abril. O volume financeiro de hoje foi de R$ 7,26 bilhões.

O dia ruim na bolsa, apesar da semana positiva, acompanhou o andamento dos principais índices acionários dos Estados Unidos, que azedaram com a interpretação dos dados do relatório de emprego, o que contribuiu para os investidores aproveitarem para embolsar os ganhos de 4 dias. Por lá, foram abertos 192 mil vagas de emprego em março, ante estimativas de 200 mil, enquanto a taxa de desemprego se manteve em 6,7%, ante expectativa do mercado de queda de 0,1 ponto percentual.

“O relatório do emprego de hoje reforça nossa visão de que os extraordinários níveis de política acomodatícia do Federal Reserve são improváveis de estimular crescimentos mais robustos dos níveis de emprego e o que é esperado hoje para a ação fiscal”, observaram os analistas da BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo.

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Se os números de março não mostraram uma criação de vagas tão forte quanto esperada, ela mostrou que a recuperação continua sólida. Além disso, houve uma revisão para cima do número de vagas em fevereiro, de 175 mil para 195 mil, enquanto o número para janeiro também aumentou, de 129 mil para 144 mil. Em meio a esses números mistos, a sinalização é de que a economia dos EUA segue em recuperação, mas ainda lenta.

De olho nas pesquisas eleitorais
Contribuindo para mais um bom desempenho semanal na bolsa, ganharam destaque novamente as especulações sobre uma nova pesquisa eleitoral a ser divulgada pelo Datafolha neste fim de semana. Assim como das outras vezes, uma parcela majoritária do mercado torce para que a presidente Dilma Rousseff perca a sobra que tem em comparação com outros possíveis candidatos.

Dilma está passando por um momento de impopularidade por parte dos eleitores, que refutam possíveis excessos de intervenções do governo na economia. No entanto, a presidente ainda conta com o apoio da esmagadora maioria dos eleitores brasileiros. As últimas pesquisas do Ibope mostraram queda na aprovação de sua gestão, mas manutenção em suas intenções de voto – fator que pode voltar a frustras as expectativas de queda levantada pelos investidores.

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Ainda do lado doméstico, a semana também contou com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano. O anúncio, apesar de em linha com o esperado pelos especialistas, veio acompanhado por novos mistérios sobre os próximos passos a serem tomados pelas autoridades. No comunicado sobre a decisão, o Copom afirmou estar “dando prosseguimento ao processo de ajuste” da Selic, sem dar maiores detalhes.

Já o dólar, apresentou um novo recuo semanal graças à queda de 1,7% desta sessão – mesmo percentual de desvalorização semanal -, terminando o período cotado a R$ 2,2437 na venda. No ano, o dólar já acumula queda de 4,83%.

Outro destaque da semana foi a China, que voltou a gerar otimismo do mercado – não pela possibilidade direta de um crescimento maior que o esperado, mas sim pelo aumento das chances do governo realmente adotar medidas de estímulos à economia.

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Destaques do pregão
Entre as maiores quedas do índice, estão as ações da siderúrgica Gerdau (GGBR4, R$ 13,95, -2,58%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 16,96, -3,03%), descolando-se de seus pares CSN (CSNA3, R$ 9,97, +1,73%) e Usiminas (USIM5, R$ 10,17, +1,09%) – destaques de ganhos do dia. Também terminaram em queda as ações da mineradora Vale (VALE3, R$ 32,48, -1,31%; VALE5, R$ 29,48, -0,24%).

A Petrobras (PETR3, R$ 14,90, -1,00%; PETR4, R$ 15,44, +0,26%) também chamou a atenção do mercado novamente após sofrer outro revés em seu esforço para aumentar a produção de petróleo no mês passado quando a companhia italiana SaipemSpA, contratada pela estatal, deixou cair um tubo de aço de 2,3 quilômetros no Oceano Atlântico.

Em 16 de março, o equipamento utilizado para juntar o tubo à plataforma de petróleo flutuante falhou, e os tubos de liga de metal, de alta qualidade, despencaram cerca de 1.800 metros para o fundo do mar, ficando destruídos, com perda total. O tubo em si valia cerca de US$ 2 milhões, mas o custo do acidente será muito maior, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto da situação.

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Ainda do lado da petrolífera, vale lembrar que, na véspera, foram eleitos os novos membros do conselho da companhia, evento que marcou uma importante vitória dos minoritários e derrota de Jorge Gerdau, membro do conselho há 11 anos.

Também no noticiário empresarial, destaque para a situação financeira delicada da Eletrobras (ELET3, R$ 7,18, -1,91%; ELET6, R$ 11,80, +0,43%) após dois anos de prejuízos bilionários, a companhia estatal estuda com o governo federal uma injeção de R$ 12 bilhões para reequilibrar e fazer caixa para investimentos nos próximos anos, informou a Folha de S. Paulo. A conta, se entrar, deverá ser paga por todos os consumidores nos próximos 30 anos.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 OIBR4 OI PN 2,97 -3,88 -17,27 56,40M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 10,03 -3,46 -11,63 25,15M
 CCRO3 CCR SA ON 16,91 -3,37 -4,84 88,05M
 BBDC3 BRADESCO ON EJ 33,12 -3,19 +4,63 90,55M
 CIEL3 CIELO ON EB 35,75 -2,99 +10,94 183,89M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PRML3 PRUMO ON 1,14 +7,55 +5,56 4,63M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 105,00 +2,71 +0,09 183,19M
 DASA3 DASA ON 15,50 +2,38 +6,46 1,48M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,48 +2,07 -18,23 32,22M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 9,97 +1,73 -30,67 98,88M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 29,48 -0,24 520,28M 455,72M 22.651 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ 15,44 +0,26 511,63M 550,29M 43.284 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 31,75 -1,18 443,26M 289,36M 21.792 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 34,34 -1,44 384,23M 339,87M 23.637 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 16,90 -1,63 233,85M 162,13M 30.161 
 BBAS3 BRASIL ON 23,57 +0,90 221,08M 155,68M 20.759 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,34 +0,71 213,07M 134,78M 31.441 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ 14,90 -1,00 207,59M 197,21M 26.716 
 VALE3 VALE ON 32,48 -1,31 202,25M 176,84M 11.456 
 CIEL3 CIELO ON EB 35,75 -2,99 183,89M 72,15M 13.413 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Alta da manhã: dados de emprego e Moody’s
Vale ressaltar que o Ibovespa havia subido forte no início da sessão, acompanhando os dados de emprego nos EUA e também o noticiário econômico nacional. No noticiário econômico interno, chamou atenção a fala da agência de classificação de risco Moody’s. O diretor da Moody’s, Mauro Leos, afirmou na véspera que a agência internacional de rating muito provavelmente não deverá alterar o rating e a perspectiva do Brasil em 2014.

Já na Europa, as bolsas fecharam em alta. Vale ressaltar que, na última quinta-feira (3) o BCE (Banco Central Europeu) decidiu não alterar sua política monetária mesmo com dados mostrando um baixa inflação na zona do euro.

Outros dados econômicos no continente mostraram que os preços de casas no Reino Unido apresentou uma leve queda de 1,1%, mas subiu 2,3% no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.Já as encomendas das fábricas alemãs subiram 0,6% em fevereiro, ficando acima da estimativa de analistas.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.