Elétricas sobem antes de fala de Mantega e Dasa dispara 11%; veja destaques

Kroton e Anhanguera caem após Cade dar sugestão para impasse sobre fusão das duas e Sabesp segue em queda com reservatórios em suas mínimas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A Bolsa encerrou esta quinta-feira (13) mais uma vez no negativo. Porém, o principal destaque da sessão ficou do lado positivo, com as companhias elétricas liderando mais uma vez as altas do Ibovespa. Ocorreu nesta tarde uma reunião entre a presidente Dilma Rousseff, o ministro de Minas e Energia Edson Lobão e o ministro da Fazenda Guido Mantega, com um anúncio marcado para ocorrer às 17h30 (horário de Brasília), onde pode ser anunciado um reajuste para ajudar o setor.

Mais uma vez, as ações das companhias elétricas lideraram os ganhos do Ibovespa: Eletropaulo (ELPL4, R$ 7,94, +3,12%), Energias do Brasil (ENBR3, R$ 9,10, +3,17%), (LIGT3, R$ 17,30, +4,34%) e CPFL Energia (CPFE3, R$ 17,60, +4,45%). Com destaque também para o desempenho de Copel (CPLE6, R$ 26,10, +2,35%), Eletrobras (ELET3, R$ 5,06, +2,22%; ELET6, R$ 9,24, +1,65%), Tractebel (TBLE3, R$ 32,50, +3,44%) e Cemig (CMIG4, R$ 13,72, +3,31%). Vale destacar que CPFL, Cemig e Copel encerraram em suas máximas do dia.

Segundo analistas, a principal expectativa em relação ao anúncio de hoje é de uma medida autorizando a chamada “bandeira tarifária”, ou seja, aumento nos preços da energia ao consumidor final. Durante a tarde, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou que propôs para o governo o uso dessa medida. Os reajustes seriam de 10% e 60%, dependendo da distribuidora, conforme divulgou a coluna Radar, da Veja. A informação foi dada pelo Superintendente de Regulação Econômica da Aneel, Davi Antunes, em evento com investidores que foi realizado hoje em São Paulo.

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Em fevereiro, uma fonte do governo afirmou à Reuters que o governo poderia permitir aumento na conta de luz dos consumidores, para que o ônus do gasto extra com a cara energia de térmicas não ficasse apenas com o Tesouro Nacional – vale lembrar que semana passada o Tesouro liberou R$ 1,2 bilhão para cobrir a compra de energia mais cara de térmicas pelas distribuidoras em janeiro.

Vale cai 2% com dados ruins na China
Ajudando a pressionar o Ibovespa, as ações da Vale (VALE3; VALE5) caíram forte nesta sessão e renovaram suas mínimas de julho do ano passado, com os papéis ordinários recuando 2,69%, para R$ 29,30, enquanto os ativos preferenciais se desvalorizaram 2,12%, a R$ 25,90. Pesou para a companhia os dados econômicos da China, onde a produção industrial subiu para 8,6% nos meses de janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado, mas ficaram abaixo da expectativa do mercado.

Enquanto isso, as vendas no varejo do gigante asiático subiram para 11,8% no ano, mas também foram menores do que as estimativas feitas pelo mercado. Os dados divulgados são mais alguns que ficaram abaixo do esperado pelo mercado e sugerem novamente uma possível desaceleração na China, segunda maior economia do mundo. 

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Dasa dispara com possível nova OPA
Após as 16h, as ações da Dasa (DASA3) ganharam força e fecharam com a maior alta do Ibovespa, avançando 11,07%, a R$ 16,75 – chegando a atingir alta de 20,36%. Na véspera, os controladores da companhiao empresário Edson Godoy Bueno e sua ex-mulher Dulce Pugliesetotalizaram 71,94% de participação na empresaconcluindo assim a aquisição do restante das ações que faltavam, ou 28,410 milhões de ações remanescentes da OPA realizada em 10 de fevereiro.

Agora, ganha força o rumor de que os controladores precisem realizar uma nova oferta para a aquisição das ações que restam no mercado, como foi destacado em relatório pelo Deutsche Bank. A decisão seria tomada em câmara de arbitragem da BM&FBovespa. Entretanto, os analistas do banco continuam a acreditar que é altamente improvável que o preço fique acima de R$ 15 por ação – valor pago na primeira oferta.

Sabesp segue em queda, pressionada pelas mínimas de reservatórios
Apesar de amenizar as quedas registradas mais cedo, as ações da Sabesp (SBSP3) atingiram sua segunda sessão de queda consecutiva. Neste pregão os papéis da companhia registraram perdas de 1,85%, cotados a R$ 20,69. Pesou novamente a notícia de que o índice do Sistema Cantareira atingiu 15,6% da sua capacidade e renovou a sua menor marca desde o início da operação do sistema, em 1974. Há exatamente um ano, esse nível era de 58,4%.

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Além disso, uma notícia que poderia ser bastante positiva para a empresa não animou tanto os analistas. Na véspera, a Sabesp se reuniu com a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) para discutir seu reajuste tarifário. Para o analista Sergio Tamashiro, do Safra, o encontro até trouxe uma visão positiva, mas ele ressaltou que não há “espaço político” para que o governo conceda a ajuda prometida durante o evento – o índice de reajuste para 2015 anunciado pela Arsesp é de 7% e deve ser autorizado apenas em 2015, juntamente com o aumento tarifário anual.

Kroton e Anhanguera caem com “solução” para fusão
Envolvidas em processo de tentativa de fusão, as ações da Anhanguera (AEDU3, -2,08%, R$ 12,68) e Kroton (KROT3, -0,45%, R$ 44,10) fecharam esta quinta entre as maiores quedas do Ibovespa, impactadas por uma solução sugerida pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) na véspera para a operação.

O órgão antitruste sugeriu a venda de ativos para solucionar o impasse da fusão, mas, para analistas, essa “solução” estaria próxima do pior cenário. Em relatórios, a equipe de análise da XP Investimentos disse que a venda seria bem negativa para a fusão, enquanto os analistas do Brasil Plural apontaram que o parecer dificulta a já sensível discussão, podendo afetar negativamente os ativos da Anhanguera.

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Os analistas Marcio Osako e Ricardo Ara, do Safra, também acreditam que a notícia é negativa para as duas companhias, com um aumento das chances de uma restrição mais rigorosa por parte do Cade, algo que, na visão deles poderia inviabilizar a transação.

B2W e Lojas Americanas sobem após resultado
Fora do índice, as ações da Lojas Americanas (LAME4) e do seu braço operacional no varejo online, a B2W (BTOW3), fecharam em alta após as duas empresas reportarem resultados acima do esperado pelos analistas. Os papéis da Americanas subiram 1,18%, a R$ 14,63, enquanto a B2W, que não faz mais parte do índice desde janeiro, viu seus papéis subirem 2,65% na Bovespa, valendo R$ 25,15 – atingindo seu maior patamar desde março de 2011. Destaque também para o volume movimentado pela B2W, de R$ 14,36 milhões, quase 3 vezes acima da média de R$ 5,50 milhões. 

A Americanas viu seu lucro líquido crescer 10,1% no quarto trimestre na comparação anual, para R$ 273,2 milhões – a expectativa era de um resultado final de R$ 248,3 milhões no período, segundo projeções da Reuters. A receita líquida de vendas e serviços subiu 20,9% na comparação anual, para R$ 4,55 bilhões, enquanto o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 783,1 milhões, avanço de 21,1% na mesma base de comparação. Além disso, o conselho de administração da companhia aprovou a distribuição de R$ 76,5 milhões em remuneração a acionistas – equivalente a R$ 0,08082 por ação. 

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Já a empresa de comércio eletrônico B2W reduziu seu prejuízo líquido no quarto trimestre na comparação anual, ajudada por melhora operacional – a receita líquida atingiu R$ 2 bilhões no 4º trimestre, alta de 30,4% em relação ao mesmo trimestre de 2012. Com isso, o prejuízo líquido caiu de R$ 43,7 milhões para R$ 10,5 milhões na mesma base comparativa. “Estamos naturalmente entusiasmados para o ano de 2014, que já inicia com o anúncio do aumento de capital no valor de R$ 2,38 bilhões que tem por objetivo melhorar a estrutura de capital da companhia”, disse a empresa em relatório, completando que os recursos serão destinados à amortização de parte da dívida. Em dezembro, a dívida líquida da companhia somava R$ 920,7 milhões, 2,1 vezes o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses. Já a despesa financeira líquida somou R$ 512,9 milhões em 2013 – alta de 22,1%.

Outros destaques:

Randon
As ações da Randon (RAPT4, -3,13%, R$ 7,75) viraram para queda durante a tarde desta quinta, após subirem 3,75%, a R$ 8,30, na máxima do dia. Segundo o Deutsche Bank, a empresa, que divulgou seu resultado nesta manhã, mostrou números de “baixa qualidade” no último trimestre do ano passado, com efeitos sazonais negativos, na avaliação do analista do banco, Bernardo Carneiro. De acordo com o relatório, o balanço ficou um pouco abaixo do esperado. 

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Minerva
As ações da Minerva (BEEF3) também fecharam no negativo após registrarem valorização de 2,89% durante a manhã. Os papéis da companhias têm queda de 1,60%, a R$ 9,87. Na véspera, a companhia anunciou a criação de um plano de recompra de ações ordinárias de emissão da empresa. A recompra estará limitada a até 9 milhões de ações, representativas de 9,198% do total de ações de emissão da companhia em circulação no mercado. O prazo máximo para realização das operações é de 365 dias, contados a partir de 12 de março de 2014.

Magazine Luiza
As ações da Magazine Luiza (MGLU3, -5,41%, R$ 5,95) caíram forte novamente neste sessão, renovando sua mínima desde setembro de 2013. Nas sete sessões do mês de março, o papel caiu seis vezes, acumulando no período desvalorização de mais de 14%.

BR Malls
Em seu segundo dia de queda, as ações da BR Malls (BRML3) estão entre as maiores perdas do Ibovespa horas antes da companhia apresentar seu resultado do quarto trimestre. Os papéis encerraram cotados a R$ 17,52, com desvalorização de 2,40%. Mesmo assim, a empresa está entre o seleto grupo de ações que ainda acumula alta em 2014, com avanço de 2,76%.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.