As 11 ações que mais ganharam com o possível fim do ciclo de altas da Selic

Imobiliárias, bancos e empresas de concessão lideram ganhos do Ibovespa com a interpretação dos analistas de que o aperto monetário está chegando ao seu final

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nesta quinta-feira (6), o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que na semana passada elevou a taxa Selic para 10,75% ao ano. No documento, a autoridade monetária deu a primeira sinalização de que poderia estar próximo o fim do ciclo de alta nas taxas de juros. Essa possibilidade impulsionou as ações de diversos setores da economia nesta sessão.

Para a LCA Consultores, o entendimento do mercado sobre a ata divulgada nesta manhã foi de que o BC deve realizar apenas mais uma elevação dos juros em 0,25 ponto percentual no próximo encontro, para depois encerrar as altas. A primeira reação entre as ações ficou com o setor imobiliário, que sofreu com cada elevação da Selic. Essas empresas são prejudicadas quando os juros aumentam, já que o crédito dos consumidores fica mais difícil, o que pode ter impacto nas vendas das companhias.

Com a sinalização de que podemos não ver mais altas dos juros após a próxima reunião, as ações das imobiliárias ficaram entre os maiores ganhos desta sessão, com destaque para a MRV Engenharia (MRVE3, +5,26%, R$ 8,40), que lideraram os ganhos do Ibovespa. Even (EVEN3, +2,29%, R$ 7,15), Cyrela (CYRE3, +1,48%, R$ 13,04) e Rossi (RSID3, +0,61%, R$ 1,64) também fecharam no azul. Fora do Ibovespa, registraram alta superior a 2% os papéis da Direcional (DIRR3, +5,0%, R$ 10,71), EzTec (EZTC3, +4,48%, R$ 26,80) e Helbor (HBOR3, +4,35%, R$ 7,20).

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Concessões e bancos também avançam
Outro setor que pode ser favorecido, mas de forma indireta, pelas sinalizações do BC é o de concessões rodoviárias. As ações deste setor são normalmente apontadas como uma das mais “protegidas” em um ambiente inflacionário – preocupação que deve ganhar forças com um possível fim do aperto monetário.

Grande parte das receitas dessas companhias vem da cobrança de pedágios em rodovias e esses valores são lastreados à variação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), ou seja, a inflação acaba ajudando na variação dos preços cobrados pelas companhias. É possível que com uma sinalização de fim da alta da Selic, o mercado se preocupe um pouco mais com o risco de piora na inflação, o que faz investidores buscarem não só ativos defensivos, mas ativos que possam não sofrer com a inflação. Neste pregão, o destaque ficou com as ações da CCR (CCRO3), que subiram 4,13%, a R$ 16,90, seguidos de perto pelos papéis da Ecorodovias (ECOR3), que avançaram 4,05%, para R$ 13,11.

Os grandes bancos privados também se destacaram nesta sessão: Bradesco (BBDC3, R$ 29,64, +3,89%; BBDC4, R$ 28,00, +3,78%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,58, +2,77%). O analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, afirma que, sem mais aumentos na Selic, os bancos podem rebalancear o grau de competição dentro do próprio setor, que nos últimos anos sofreram com as diferenças de crédito entre bancos privados e públicos.

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Mesmo com todo esse cenário, Brugger acredita que o movimento deste pregão esteja mais atrelado ao dia de alta da Bolsa como um todo. “Os bancos sofreram bastante recentemente, e os resultados apresentados até agora comprovam que o cenário não é tão negativo assim. Acredito que as ações estejam aproveitando o bom humor para tentar recuperar um pouco das perdas do ano”, afirma.

Varejistas
As empresas de varejo também avançaram nesta sessão após a sinalização do BC, já que, assim como no caso das imobiliárias, as empresas podem ver um aumento do consumo de produtos já que a dificuldade de crédito deixa de afetar seus clientes. Neste pregão, as ações da Magazine Luiza (MGLU3, R$ 7,00, +2,79%), enquanto no Ibovespa, o destaque ficou com a Hering (HGTX3, R$ 25,60, +2,98%).

Outros destaques:

Gol
Na ponta negativa, chamaram atenção os papéis da Gol (GOLL4), que lideraram as perdas do índice ao caírem 2,32%, encerrando o dia a R$ 10,52. Esta foi a terceira sessão em que as ações da companhia fecham com queda de mais de 2%. Vale destacara que a companhia tem custos maiores de combustível em um cenário de alta do preço do petróleo, fato que tem acontecido, com o barril atingindo US$ 111 nesta semana.

Gafisa
Destoando do resto do setor, destaque para a Gafisa (GFSA3), que após chegar a cair 3,55%, conseguiu se recuperar levemente e fechar com queda de 1,18%, a R$ 3,34. Vale destacar que nos últimos 5 pregões, os papéis da companhia registraram alta de 12% em reflexo ao resultado melhor que o esperado divulgado na última semana.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.