A bolsa não é tão difícil assim… é só fazer o “óbvio”, diz Luiz Barsi

Um dos maiores investidores da Bovespa, Barsi é simples: procure boas empresas com fundamentos atraentes e evite projetos fantasiosos

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Luiz Barsi é um dos melhores investidores que a bolsa brasileira já teve: um homem que montou uma considerável fortuna – estimada em R$ 1 bilhão – partindo praticamente do zero, em 45 anos no mercado de ações.

Para ele, a trajetória de sucesso não é assim tão difícil: basta fazer o “óbvio”. O difícil, no entanto, não é fazer o que parece trivial, mas sim respeitar essa escolha.

“Para você ser vitorioso, é muito importante que você respeite o óbvio, sob todos os aspectos. O bom investidor é aquele que é o vencedor”, avisa o investidor.

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Mas o que é óbvio? Procurar boas empresas com fundamentos atraentes – e não embarcar em fantasias desnecessárias, sonhos de algo que está se passando. 

Mas é importante que o investidor tenha em mente o que fazer, tenha um plano para que não embarque em uma furada – como muitas pessoas acreditam que é a natureza do mercado de ações.

“As ações têm essa conotação: se você entrar mal, comprar mal, for mal direcionado, dificilmente conseguirá um bom resultado”, alerta. 

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Para Barsi, quem investe em ações não está necessariamente entrando em um terreno complicado. “[A Bolsa] não é assim tão difícil, desde que a pessoa se conscientize que ele tenha que examinar os fundamentos, que devem ser apreciados, para você executar uma boa aplicação”, diz. 

Busque sempre o essencial

Mas o que olhar então? Barsi reforça sua tese simplista de avaliação: antes de tudo, o investidor precisa conhecer o estatuto social da empresa para evitar qualquer surpresa em situações mais “polêmicas”, como mudança de controlador, alteração na política de dividendos, entre outros fatores.

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Além disso, o acompanhamento do histórico passado de resultados e de distribuição de dividendos é essencial para projetar o que será do investimento nesta companhia ao longo dos anos.

Antes mesmo de conhecer o estatuto e o histórico de resultados e dividendos, Barsi sugere que o investidor opte por empresas que estejam em um segmento de atuação que faça sentido existir ainda por muitos anos – muito em linha com o que é adotado pelo lendário investidor Warren Buffett, o 4º homem mais rico do mundo e que montou sua fortuna na bolsa norte-americana. 

“Invista em uma empresa que esteja em uma atividade perene, que não seja uma construtora da vida. Você tem múltiplos fatores que acabam te revelando o que é um bom investimento”, destaca.

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Ao invés disso, o bilionário acredita que o mercado tem se apegado a questões secundárias durante o processo de avaliação de empresas. “Hoje se fazem algumas análises que são um tanto supérfluas. Coisa que o banco que faz, desnecessário”, diz Barsi. 

Menos especulador, mais investidor

Alinhado ao processo de avaliação do ativo, o bilionário brasileiro fala sobre a importância de se ter um objetivo específico com a ação que pretende encarteirar – ou seja, se é um investimento esperando uma valorização de curto prazo, de um prazo mais longo ou mesmo objetivando retorno em dividendos. 

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“Você será sempre um bom aplicador se respeitar as regras do investimento. Se você não respeitar essas regras, você acaba naufragando na especulação. E isso só beneficia a Bolsa e as corretoras”, diz. 

Barsi cita como exemplo de “combustível” para esse movimento especulativo o preço-alvo projetado por bancos e corretoras.

Na sua opinião, ao montar modelos de avaliação para diversas companhias e atualizar constantemente esses cálculos à medida que novas notícias aparecem no mercado, essas instituições fazem dos seus relatórios de análise um fator mais especulativo do que um elemento que colabora para a decisão de investimento.

“Em suma, eles querem projetar o que seria o preço da ação na ideia deles e, embora essa projeção possa divergir dos demais players do mercado, acabam induzindo o investidor”, acredita.

Saiba quem ouvir

Para ele, o ideal é fugir do “gerente de banco”, que seria a figura de uma pessoa que, embora esteja lá para te ajudar a tomar as melhores decisões de investimento, possui como objetivo principal otimizar o resultado de sua própria empresa para assim ter um “bônus” mais gordo.

“O investidor nato tem que procurar uma orientação competente, que quase nunca está nos bancos. Os bancos têm uma visão para que você faça algo bom para o banco”, diz. 

Então, onde buscar conselhos na hora de investir? Barsi mais uma vez é simplista na recomendação: vá atrás de alguém que ganhou dinheiro investindo na Bolsa.

“Se você procurar um advogado que nunca foi ao fórum, você provavelmente será condenado. Então quando você for tentar direcionar seus recursos, tem que procurar alguém que possa produzir uma orientação competente, que tenha ações, que estude o mercado e que projete números sem ser fantasiosos”, conclui o bilionário.

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