Há exatos 23 anos, Ibovespa tinha o melhor pregão de sua história: alta de 36%

No dia 4 de fevereiro de 1991, índice teve fortes ganhos impulsionado pela perspectiva de efetividade das medidas de controle de preços com a implantação do Plano Collor II

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O mês de fevereiro não começou positivo para a maior parte dos investidores. Após registrar uma queda de 7,51% em janeiro, o Ibovespa iniciou o mês de fevereiro com expressiva baixa de 3,13%, no seu menor patamar em sete meses, em meio aos temores com os emergentes, o cenário pior para a economia brasileira e pressionado pelos dados ruins da indústria norte-americana. 

Nesta terça-feira, 4 de fevereiro de 2014, o benchmark da bolsa tenta repicar e registra alta de cerca de 0,8%, conforme cotação do 12h (horário de Brasília). Contudo, se comparado a 23 anos atrás, esta leve alta do Ibovespa contaria como apenas um dos dígitos do forte desempenho do Ibovespa no mesmo dia de 1991.

Vale ressaltar o diferente contexto histórico em que vivíamos, em meio à alta inflação e com o início de mais um dos vários Planos para que a economia se estabilizasse, o que gerava grandes oscilações no mercado. Porém, também podemos apontar para tendências similares com as observadas atualmente: as grandes oscilações da história do Ibovespa estão diretamente ligadas aos solavancos da economia interna. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em uma dia, 36% de alta

De início, vamos analisar as raízes da maior alta em termos percentuais da história do Índice Bovespa até aqui. Imagine uma valorização de 36,05% em apenas um dia. Aconteceu em 4 de fevereiro de 1991, o primeiro dia do Plano Collor 2. 

Na base de pontuação atual, uma alta desta magnitude representaria ganho, em um pregão, de quase 16.500 pontos para o índice, o que praticamente apagaria as fortes quedas e faria com que voltasse aos 63.000 pontos, patamar registrado pela última vez em janeiro de 2013. Mas foi em outros tempos. Naquela época, o Ibovespa pulou de 47.480 pontos para 64.601, em termos ajustados, de 0,047 ponto para 0,064 ponto.

Rali de 71%

Mais impressionante que a valorização do dia em si, foi o movimento acumulado. Antes de fechar aquela segunda-feira com 36% de alta, o Ibovespa vinha de cinco valorizações consecutivas, e também impressionantes.
Na semana anterior à confirmação do plano, as expectativas garantiram altas seguidas de 11,96%, 6,18%, 6,12%, 8,00% e 3,40%. Nestes seis dias, o índice saltou 71,2% em seis sessões. No pregão seguinte, queda de 4,13%.
Um freio para a inflação

A alta veio em resposta ao anúncio do Plano Collor II. Em meio a taxas de inflação astronômicas, o mercado agia na perspectiva de efetividade das medidas de controle de preços. Para se ter uma ideia, a inflação acumulada no ano chegava a 1.198% em 1990.
A proposta básica do plano consistia em centralizar as operações de curto prazo através da criação do Fundo de Aplicações Financeiras, extinguir operações overnight e eliminar o BTNf – Bônus do Tesouro Nacional fiscal, utilizado para indexar preços.
O mais expressivo avanço da bolsa brasileira parece intimamente ligado à fase de transição da economia, mas não deixa de mencionar a participação do capital estrangeiro. Em meio à abertura do mercado nacional às importações e ao início do Programa Nacional de Desestatização, o período marcou a abertura da bolsa ao investidor estrangeiro.

A matéria foi publicada pelo Portal InfoMoney originalmente no dia 29 de maio de 2009. Confira clicando aqui

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.