Pessimista com Brasil, Goldman ressalta: reequilíbrio dos 5 frágeis será crítico

Banco vê necessidade de reequilíbrio nos emergentes e aponta em necessidade de reequilíbrio estrutural nos emergentes

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A necessidade de “reequilíbrio” estrutural afeta os ativos de risco sobre os mercados emergentes desde 2010, quando vários ventos contrários começaram a surgir. A desaceleração potencial na tendência da taxa de crescimento da China, o que levou a uma mudança nas expectativas de preços para as commodities num prazo mais longo e, mais recentemente, com a preocupação com a diminuição dos estímulos à economia norte-americana são exemplos disso. 

E ano de 2014 também não deve ser fácil, em meio às mudanças de política monetária, a deterioração nos fundamentos macroeconômicos, a queda do crescimento da China, as eleições de diferentes países e a instabilidade política devem seguir pressionando. Neste cenário, o banco Goldman Sachs, em relatório, sugere que os gestores globais evitem os emergentes, avaliando que até pode haver um retorno positivo nestes lugares, mas não no curto prazo, com base em argumentos de crises passadas. 

Conforme ressalta o banco, a necessidade de reequilíbrio significa mais pressão sobre os mercados emergentes. O Goldman ressalta que, nos últimos anos, os déficits em conta corrente de diversos países se deterioraram, impulsionado pelo rápido crescimento da demanda doméstica que foi amparado, por sua vez, pela política monetária não convencional nos países desenvolvidos. E avalia: exemplos da década de 1990 – México, Brasil, Rússia e Ásia – sugerem que as ações dos emergentes só passaram a registrar melhora com uma recuperação dos déficits em conta corrente, um processo que os “5 frágeis” – grupo formado por África do Sul, Turquia, Índia, Indonésia e Brasil – podem levar vários trimestres para alcançar. 

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Emergentes no radar
O fluxo de notícias envolveu três emergentes por motivos distintos – China, Turquia e Argentina -, mas todos eles têm um tema em comum: a necessidade de reequilíbrio. Os fatores China, a necessidade dos decisores políticos de apertar a política gerando maior credibilidade, no caso da Turquia, e o aprofundamento do déficit corrente na Argentina são os destaques dos mercados emergentes.

Alguns mercados acionários emergentes têm registrado ajuste. Mas que, como nas crises anteriores, as ações dos países emergentes só têm saído do “buraco” quando houve ajustes em déficits de conta corrente. Os analistas do Goldman ressaltam que, durante a crise asiática, eles parecem ainda não ajustados significativamente, sugerindo que os mercados de ações podem não ter chegado a um fundo. 

“A velocidade com que os ‘5 frágeis’ irão se reequilibrar é crítica”, destacam os analistas. A conta corrente poderia se reequilibrar rapidamente se a demanda doméstica desacelerasse bruscamente e as moedas registrassem uma desvalorização significativa. Este cenário seria provavelmente acoplado com um forte sell-off em todos os emergentes, apontam os analistas. 

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Underweight em Brasil
Neste cenário, aonde investir? O Goldman Sachs tem recomendação overweight (exposição acima da média de mercado) para aqueles países que têm valuation relativamente barato e superávit em conta corrente, caso da Coreia do Sul, Rússia e China e underweight (exposição abaixo da média do mercado) em países como Brasil, Turquia e Indonésia, que possuem déficits em conta corrente.

A equipe de análise do banco espera que haja uma redução da demanda doméstica nestes países, ao mesmo tempo que as exportações devem aumentar, especialmente nos “5 frágeis”. Esta tendência foi similar durante a crise financeira asiática, em 1997, assim como em outros períodos de “rebalanceamento” dos mercados emergentes. Consequentemente, eles avaliam preferir os setores voltados à demanda doméstica em relação àqueles de consumo doméstico e do setor bancário.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.