Ibovespa tem 2º repique em 9 pregões, mas não recupera 48 mil pontos

Índice segue em tendência de queda mesmo com o dia positivo; apenas 5 das 72 ações fecharam em queda superior a 1%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em mais um clássico repique em meio ao cenário amplamente desfavorável para ganhos, o Ibovespa conheceu sua segunda alta em 9 pregões ao fechar com variação positiva de 0,29%, a 47.840 pontos nesta terça-feira (28). Apesar do dia positivo, o cenário não se reverteu e segue tenso para os mercados emergentes. Vale destacar também as expectativas pela reunião do Fomc, marcada para a próxima quarta-feira (29), que pode culminar em um novo corte no QE3 (Quantitative Easing 3). O volume financeiro negociado neste pregão foi de R$ 5,28 bilhões.

O cenário de pessimismo com relação às economias tem se intensificado nos últimos dias. Na semana passada, por exemplo, o gestor do portfólio de emergentes da Pimco – maior credor dos países emergentes – manifestou seu pessimismo ao afirmar que, embora existam ativos atrativos no Brasil, a instauração da “ordem” no mercado financeiro local é incerta a menos que políticas efetivas sejam restauradas.

Os sinais de deterioração da economia brasileira – e outros emergentes, como Argentina e Turquia, que têm mostrado os reflexos do pessimismo geral na forte desvalorização de suas divisas – fazem com que os investidores optem por investimentos tidos como mais seguros, em detrimento às antigas apostas nas economias em desenvolvimento, o que leva o dólar a uma tendência de alta em relação a tais divisas. Vale destacar que a moeda americana fechou esta sessão cotada a R$ 2,4265 na venda – praticamente estável em comparação com o fechamento anterior, mas em um patamar considerado elevado para os parâmetros do Banco Central, que fez significativas intervenções no mercado cambial em 2013.

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Além disso, a iminência do fim da política de afrouxamento monetário do Federal Reserve nos Estados Unidos – previsto para o segundo semestre deste ano – faz com que haja bem menos liquidez do dólar no mercado, sobretudo nos emergentes com os sinais de desaceleração da China – principal motor dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) – e retomada das economias mais tradicionais, tidas como mais sólidas. Tudo isso faz com que o cenário seja mais favorável para uma valorização do dólar frente outras moedas.

Agenda macroeconômica
Na agenda dos EUA, além da expectativa pela decisão de política monetária do Fomc (Federal Open Market Committee), chama a atenção os dados do Case-Shiller, que mostraram que os preços das moradias em dez das vinte cidades subiram no maior ritmo desde 2004. Por outro lado, os dados de encomendas de bens duráveis dos EUA caíram inesperadamente em dezembro.

Vale ressaltar ainda a fala do ministro da Fazenda, Guido Mantega, em meio a nova estratégia para a definição da meta fiscal da União. O ministro ressaltou que o corte do Orçamento deste ano, que ainda será definido pelo governo, manterá a solidez fiscal e a estabilidade da dívida líquida brasileira.

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Sobre o câmbio, Mantega disse que o mercado vive um momento de volatilidade decorrente das expectativas de nova redução dos estímulos monetários pelo banco central dos Estados Unidos e pela possibilidade de acomodação do crescimento econômico da China.

Destaques do pregão
Tendo em vista as fortes quedas dos últimos dias, o repique pode ser considerado tímido, com 26 das 72 ações que compõem o índice fechando o pregão no campo negativo – sendo que 5 delas tiveram perdas superiores a 1% -, enquanto outros 4 papéis terminaram o dia estáveis. Com isso, os destaques de perdas do dia foram os ativos de BR Malls (BRML3, R$ 16,00, -2,08%), Sabesp (SBSP3, R$ 22,30, -1,76%) e Klabin (KLBN4, R$ 12,45, -1,19%). Também marcharam contra o sentido da bolsa as ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,02, 0,00%; PETR4, R$ 15,05, -0,40%), empresa com maior participação na composição da carteira teórica do índice.

Já na ponta de cima, ofuscando as perdas da estatal, aparecem com destaque as ações da Vale (VALE3, R$ 31,75, +2,02%; VALE5, R$ 28,88, +1,19%), que apontam para um movimento de recuperação, mas ainda acumulam forte desvalorização mensal na casa dos 11%.

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Ainda entre os ganhos desta sessão, tamém chamaram atenção as ações de duas companhias do setor imobiliário – Rossi (RSID3, R$ 1,95, +3,17%) e Brookfield (BISA3, R$ 1,32, +2,33%), com a última dando continuidade ao movimento de ganhos da véspera, após confirmar que a sua controladora estuda a opção de OPA (Oferta Pública de Aquisição), dentre outras alternativas.

O mercado segue ainda na expectativa pelo início da temporada de resultados, com a divulgação dos números da Cielo (CIEL3) após o fechamento do mercado; a ação da companhia registrou tímidos ganhos de 0,17%, a R$ 63,11.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 9,62 +3,44 -15,24 29,27M
 RSID3 ROSSI RESID ON 1,95 +3,17 -4,41 13,57M
 LAME4 LOJAS AMERIC PN 15,28 +2,55 -2,77 34,23M
 BISA3 BROOKFIELD ON 1,32 +2,33 +14,78 15,20M
 VALE3 VALE ON 31,75 +2,02 -11,09 151,89M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PAR ON 16,00 -2,08 -6,16 60,84M
 SBSP3 SABESP ON 22,30 -1,76 -15,72 25,81M
 KLBN4 KLABIN S/A PN N2 12,45 -1,19 +1,55 24,57M
 BBAS3 BRASIL ON 21,19 -1,12 -13,16 97,81M
 LLXL3 LLX LOG ON 0,99 -1,00 -8,33 3,71M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 28,88 +1,19 375,26M 486,08M 24.193 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,05 -0,40 334,14M 356,73M 29.850 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 30,06 +0,70 303,07M 368,53M 24.578 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,10 +0,37 177,56M 164,31M 19.442 
 VALE3 VALE ON 31,75 +2,02 151,89M 156,74M 14.128 
 BBDC4 BRADESCO PN 26,49 +0,08 144,77M 189,42M 15.422 
 BRFS3 BRF SA ON 43,25 -0,37 131,80M 131,99M 6.830 
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 46,00 +0,22 131,54M 55,09M 4.135 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 9,84 -0,61 125,57M 131,06M 18.061 
 PETR3 PETROBRAS ON 14,02 0,00 123,98M 131,96M 15.407 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

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Dia de cautela na Ásia; Europa em alta
Na Ásia, após sessões de grandes perdas, os principais índices acionários fecharam o dia sem uma direção única. O Nikkei, benchmark japonês, alternou o dia entre altos e baixos, e fechou o dia com leve perda de 0,2%, com a moeda do país mais fraca em relação ao dólar. O último iene foi negociado a 102,7 por dólar.

Já na China, a decisão do Banco Central Chinês de injetar fundos em mercados interbancários acalmou os investidores em relação a uma nova crise de liquidez, apesar do temor criado pelo próprio banco após a suspensão de transferências de dinheiro. Ao final do pregão, o índice de Shangai Composto registrou ganhos de 0,26%, enquanto o Hang Seng terminou o dia com leves perdas de 0,07%.

Os investidores seguiram cautelosos com os dados divulgados no qual mostram uma desaceleração do lucro industrial do país. Em dezembro, os lucros industrias subiram 6%, ante 9,7% no mês anterior.

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Já na Europa, o dia foi positivo para os principais índices acinários do continente, mas os investidores seguiram de olho na reunião do Federal Reserve. O índice FTSEurofirst 300 fechou o dia com alta de 0,58% a 1.298 pontos.

Os mercados do continente estão cautelosos após as moedas de países emergentes sofreram uma alta desvalorização e derrubaram as ações dos principais índices acionários mundiais, após decisão do banco central argentino de afrouxar sua política de controle cambial.

Outro fato que permeou a visão do investidor nessa terça-feira foi o dado divulgado pelo ministério do trabalho francês que registrou um novo aumento na taxa de desemprego do país. O número de pessoas que não possuem emprego no país subiu 0,3 ponto percentual. Do lado positivo, chamaram a atenção os números do PIB britânico, que registrou em 2013 o ritmo anual de crescimento mais rápido desde a crise financeira. A economia cresceu 0,7% no quarto trimestre de 2013, levando a uma expansão de 1,9% no ano passado.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.