Há o que esperar das empresas de Eike Batista em 2014 na Bovespa?

Para analistas, megaempresário deixará de ser o foco das atenções no ano seguinte após turbulento 2013 para o "mundo X"

Felipe Moreno

Publicidade

SÃO PAULO – Eike Batista foi o grande protagonista da bolsa em 2013, com a derrocada das suas empresas, sobretudo da OGX Petróleo (OGXP3) e OSX Brasil (OSXB3) – que pediram recuperação judicial e admitiram não ter capacidade de pagar suas dívidas no futuro próximo. Com a exclusão da OGX do Ibovespa em novembro, Eike já perdeu grande parte de sua importância pra bolsa, com suas empresas deixando de ser notícia diariamente e apresentando um volume financeiro muito menor do que o normal. E até o dia em que a proposta a recuperação judicial ser apresentada para os credores da empresa, as companhias “X” deverão apresentar muito menos volatilidade – é, afinal, o que importa no momento. 

Mesmo assim, as ações continuam na Bovespa e, caso apresentem uma alta ou queda muito elevada neste período, deverão chamar a atenção do mercado nova. “Vai depender do desempenho das empresas de agora em diante. Mas como impacto da bolsa, fica muito mais limitado, mesmo”, afirma Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

Clique aqui para acompanhar outras matérias do Especial InfoMoney Retrospectiva 2013/Perspectivas 2014

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Mesmo assim, Müller acredita que o grupo de Eike não deixará de ser falado, principalmente com a infinidade de coisas que podem acontecer com ele, a começar do sucesso do Tubarão Martelo, viabilizando a volta por cima da OGX, até mesmo o fracasso da região, jogando uma pá de cal definitiva nos planos da petrolífera. “Acho que Eike não deve ficar em segundo plano, existem imensas possibilidades, mas acho que protagonismo ele não terá mais”, destaca o analista da Geral.

Vale e Petrobras são as rainhas da bolsa 
Ficando em segundo plano nos holofotes do mercado por causa da OGX, Vale (VALE3; VALE5) e Petrobras (PETR3; PETR4) devem voltar a ser as empresas mais importantes da BM&FBovespa em 2014. “A bolsa volta ao tradicional em 2014, a participação do Eike vai ser muito menor. Se a metodologia de composição do Ibovespa já fosse a nova, o protagonismo já teria sido menor em 2013”, diz Müller. 

É muito capaz que a presença de Eike no Ibovespa suma em 2014: a OGX já foi excluída e a LLX Logística (LLXL3), vendida para o grupo americano EIG, se tornou a Prumo Logística Global. No índice e nas mãos de Eike só resta a MMX Mineração (MMXM3) – que, atualmente aos R$ 0,70, tem que ter alta ou realizar um grupamento para continuar no Ibovespa, já que a nova metodologia excluirá do índice ações abaixo de R$ 1,00.

Continua depois da publicidade

A ausência de empresas do megaempresário no principal benchmark da bolsa brasileira diminui o “nível de estrago” que Eike Batista pode causar na bolsa brasileira em 2014, avalia Henrique Kleine, analista-chefe da Magliano Corretora. “Eu acredito que ainda existam resquícios, mas o índice está livre. Houve perdas grandes, mas hoje ele não consegue mais fazer o estrago que fez. Hoje existe uma consciência muito maior do mercado, tanto que o preço das ações é uma ínfima parte do que já foi”, diz Kleine.

Empresa Situação atual O que pode acontecer
OGX Petróleo Pediu recuperação judicial
Está desenvolvendo Tubarão Martelo
a) Sucesso em TM, viabilizando empresa
b) Fracasso em TM, fluxo de caixa insuficiente
c) Plano de recuperação judicial rejeitado pelos credores e empresa declara falência 
OSX Brasil Pediu recuperação judicial a) Plano de recuperação judicial aprovado, companhia continua construindo estaleiro
b) Plano de recuperação judicial reprovado, companhia entrega FPSOs para credores 
MMX Mineração Vendeu Porto Sudeste
Vem procurando sócio-estratégico 
a) Nada, empresa continua desenvolvendo seus projetos, com déficits 
b) Encontra sócio-estratégico e empresa muda de dono
CCX Carvão Vai vendendo seus ativos a) Vende ativos, praticamente deixa de existir
b) Não consegue a venda, ainda incorre de custos administrativos 
Eneva (ex-MPX Energia) Novos donos tentam sanear empresa a) Empresa é saneada e começa a lucrar
b) Com condições não são atraentes, empresa ainda apresenta prejuízo
Prumo Logística (ex-LLX Logística) Novos donos tentam sanear empresa a) Novos donos encontram clientes novos
b) Porto sofre atraso; não atrai novos clientes

A grande personagem: Dilma
Se a OGX foi a grande empresa e Eike foi o grande personagem, Dilma Rousseff deverá assumir o posto de personagem da bolsa desta vez. Não dá para dizer que ela não era protagonista: como presidente do Brasil, ela tinha uma importância muito superior a Eike no mercado. Algumas de suas decisões, como a MP 579, a respeito do setor de energia, repercutiram muito forte na bolsa nos últimos anos. Mas como personagem diariamente, Eike chamava mais atenção.

As eleições devem jogar o plano político para o dia-a-dia da bolsa: medidas eleitoreiras, promessas e pesquisas devem ser grandes drivers para o Ibovespa nos próximos meses. Ultimamente, Dilma tem sido avaliada muito negativamente pelo mercado, que tende a preferir seus adversários, Aécio Neves e Eduardo Campos. 

Continua depois da publicidade

Isso por conta da condução econômica do governo nos últimos meses, que tem sido, na opinião de muitos do mercado de capital, muito unilateral. “Existe uma variável muito importante que foi a confiança do governo, com um enorme conjunto de medidas errôneas, e a Dilma é intervencionista”, diz Kleine. 

Para ele, tem sido essas medidas que tem prejudicado o desempenho da bolsa em relação aos seus pares, como as bolsas dos EUA, que estão muito próximas de suas máximas históricas, alcançadas este ano. “Ela interviu que tirou toda a confiança do investidor, tudo isso fez com que a bolsa não tivesse um desempenho que devesse ter, temos uma aversão a risco global muito forte no Brasil, isso afasta os investidores”, finaliza o analista da Magliano.