O dia em que os EUA pararam: há 50 anos, morte de JFK silenciou a bolsa americana

Dia 22 de novembro ficará marcado pela tensão nos mercados e pelo alto volume de ordens; contudo, índice teve um forte recuperação nos pregões seguintes

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Depois de cinquenta anos, o assassinato do então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, ainda é cercada por diversos mistérios. Há até mesmo quem duvide que seja Lee Oswald o autor dos disparos que ceifaram a vida do presidente em 22 de novembro de 1963, também uma sexta-feira. 

E a morte de Kennedy não afetou somente a política, mas também atingiu os mercados financeiros. Logo após a notícia de que Oswald havia matado Kennedy, o mercado de ações ficou fechado, o que também ocorreu durante o seu funeral na segunda-feira. Contudo, antes de fechar, as bolsas tiveram um dia bastante agitado. 

O dia 22 de novembro
O dia 22 de novembro ficará marcado pela tensão nos mercados, conforme destacam relatos de diversos profissionais de mercado que foram ouvidos pela Bloomberg. Na época, Arthur Cashin Jr, funcionário da bolsa de Nova York de 21 anos, recebeu a ligação de um corretor perguntando se sabia de alguma notícia, após ouvir boatos de que algo teria acontecido algo com o presidente dos EUA. Cashin reiterou que não. 

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Porém, a morte do presidente foi um fato que abalou os mercados, com as ações entrando numa súbita onda de vendas em meio a maior aversão ao risco no país. Porém, o efeito não foi sentido por muito tempo: as bolsas foram fechadas duas horas após a divulgação da notícia de que Kennedy fora baleado. 

A Nyse (New York Stock Exchange) registrou um de seus volumes de negociações mais forte da história, com os preços de ativos registrando piores quedas desde o mergulho de 28 de maio de 1962, quando ocorreu o chamado “Flash Crash” de Wall Street. O Federal Reserve agiu rapidamente para evitar o pânico quando os mercados reabrissem e emitiu uma declaração extraordinária de modo a evitar maiores temores no mercado financeiro e buscava-se evitar quaisquer especulações contra o dólar nos mercados cambiais. 

As operações normais em fábricas, escritórios e lojas em todo o país foram interrompidas com a notícia da morte do presidente passou por corredores de boca em boca e por todos os escritórios. Várias grandes empresas, como a Standard Oil Company, de New Jersey, fechou seus escritórios em todo o país e enviou os funcionários para a casa. 

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A maioria das empresas não estavam dispostas a discutir o impacto sobre a economia. Algumas, no entanto , temiam que a confiança seria afetada e que um mercado de ações que andava de lado e que estava com pouca tendência a subir em meio às notícias de negócios favoráveis, poderiam entrar em uma queda ainda maior.

Antes da morte de Kennedy, o mercado de ações já estava inquietante para alguns observadores. Os preços deixaram de subir consideravelmente nas últimas semanas, apesar de uma onda de desenvolvimentos de negócios favoráveis, incluindo dividendos superiores. Em vez disso, o mercado reagiu negativamente a um imbróglio sobre o esquema Ponzi no mercado de óleo de soja.

Com isso, o mercado ficou fechado pela primeira vez desde 4 de agosto de 1933. O presidente da bolsa norte-americana, Keith Fuston, ressaltou que houve uma enxurrada de ordens não executadas até que as negociações foram interrompidas. Em meia hora, o volume foi extremamente forte para uma sessão de cinco horas e meia, bem acima do que todo o pregão da sessão anterior. 

Porém, mercados se recuperaram rapidamente…
Depois da morte de Kennedy, o mercado entrou em queda livre? Por incrível que pareça, não, de acordo com relatos de Eddy Efelbein, editor do site Crossing Wall Street. Na terça-feira, 26 de novembro, o Dow Jones ganhou 32 pontos, com ganhos de 4,5%.

Depois, veio dia de Ação de Graças e, impressionantemente, o mercado subiu ainda mais após o feriado, com ganhos de 5,5% na semana após o assassinato de um presidente popular. 

Porém, destacam, é interessante notar o quão baixo era o volume diário na comparação com os mercados norte-americanos atuais. Naquela época, eram negociadas cerca de 5 milhões de ações e atualmente, o intervalo é entre 1,3 bilhão e 1,5 bilhão de ativos. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.