Após resultados, Itaú sobe 3,6% e small cap cai 15%; mais 11 ações são destaque

Embraer fica entre as maiores quedas do dia após adiamento de entregas e OGX despenca 20% com proximidade de recuperação judicial

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Em um dia bastante agitado, o Ibovespa foi guiado pelo reflexo de algumas ações ao noticiário coporativo e à temporada de resultados. Nesta terça-feira (29), o índice encerrou com queda de 0,97%, aos 54.538 pontos, com apenas duas ações avançando mais de 3%. Enquanto isso, na ponta negativa, foram 6 papéis com queda maior que 3%.

Na liderança do benchmark, destaque para os ativos do Itaú Unibanco (ITUB4), que avançou 3,65%, cotados a R$ 34,61, após a companhia apresentar lucro líquido recorrente de R$ 4,022 bilhões nesta manhã, ficando acima dos R$ 3,4 bilhões obtidos um ano antes. O resultado foi, de longe, o melhor entre os bancos, escreveram Credit Suisse e XP Investimentos, em relatório. 

A instituição financeira mostrou resultado forte no terceiro trimestre, impulsionado pela volta ao caminho do crescimento da NII (receita líquida de juros), menores provisões e controle de custos, avaliou o analista Marcelo Telles, Daniel Sasson, Victor Schabbel e Alonso García, do Credit. Eles reforçaram ainda que mantêm a ação do banco como a top pick no setor. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Itaú Unibanco mostrou queda na inadimplência. O indicador para operações vencidas há mais de 90 dias ficou em 3,9% no terceiro trimestre, um recuo ante os 4,2% do trimestre imediatamente anterior e os 5,1% do período de julho a setembro de 2012. 

Segundo a XP, o banco demonstrou que segue tendência positiva em termos de queda de inadimplência, evolução de sua margem com clientes, custos operacionais sob controle e consequente redução de spreads e agressividade dos bancos públicos. O ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) anualizado, medida de rentabilidade dos bancos, do Itaú Unibanco foi de 20,8%, ante 17,5% no mesmo intervalo de 2012.

Com isso, as ações da Iatúsa (ITSA4) lideraram o índice ao avançarem 3,77%, para R$ 9,63. Ainda entre as maiores altas, destaque também para os papéis do Bradesco (BBDC3, R$ 35,94, +1,07%; BBDC4, R$ 32,49, +1,09%) e Santander (SANB11, R$ 15,28, +0,86%). Fora do índice, destaque para o BicBanco (BICB4), que subiu 5,86%, a R$ 7,05, enquanto o Banrisul (BRSR6), que avançou 5,26%, para R$ 16,00.

Continua depois da publicidade

Embraer cai 6% com adiamento de entregas
Do lado negativo, as atenções ficaram para as ações da Embraer (EMBR3), que recuaram 6,46%, a R$ 16,65, após a companhia aérea norte-americana JetBlue anunciar que adiará o recebimento de 24 aviões da empresa brasileira para entre 2020 e 2022, ante cronograma anterior de 2014 a 2018, derrubando as ações da fabricante brasileira de jato.  

Em comunicado sobre a reestruturação de sua frota, a JetBlue disse que, embora a aeronave regional Embraer 190 – de 100 passageiros – seja crítica para o sucesso da empresa aérea em Boston e San Juan, nos Estados Unidos, “estamos agora em um ponto onde o crescimento de nossa rede demanda aviões maiores”.

Ao mesmo tempo em que postergou o recebimento de jatos da Embraer, a JetBlue converteu 18 posições de compra de aviões A320 para o modelo A321, da Airbus, para equacionar melhor a oferta e a demanda em mercados-chave e reduzir custos. Além disso, a JetBlue fez uma encomenda adicional de 15 unidades do A321 e de outras 20 aeronaves A321neo. Procurada, a Embraer não comentou de imediato o anúncio da JetBlue. 

A JetBlue foi a cliente-lançadora do Embraer 190, com pedido firme de 100 unidades e outras 100 opções de compra, em contrato assinado em 2003 avaliado à época em até 6 bilhões de dólares. O número de entregas de jatos pela Embraer é acompanhado de perto pelo mercado, já que a fabricante contabiliza a receita com a venda no momento da entrega das aeronaves. Os aviões comerciais representam a maior parcela da receita total da companhia.

De janeiro a setembro, a terceira maior fabricante mundial de aviões civis entregou 58 aeronaves comerciais, ainda distante da meta de 90 a 95 jatos para o ano nesse segmento, o que significa que a Embraer terá que entregar pelo menos 32 unidades no quarto trimestre.

Apesar da pressão na aviação comercial neste ano, para 2014 e depois disso analistas têm expectativas mais otimistas, considerando a carteira de pedidos firmes a entregar da fabricante, que totalizava US$ 17,8 bilhões no fim de setembro.

OGX cai forte com proximidade de recuperação judicial
Em meio aos rumores de que pedirá recuperação judicial e após anunciar que encerrou sem acordo as conversas com credores detentores de US$ 3,6 bilhões em bônus da dívida, as ações da OGX (OGXP3), petroleira do Grupo EBX, registraram no pregão desta terça forte queda de 20,69%, cotadas a R$ 0,23, ficando com o maior recuo do índice.

A empresa informou nesta madrugada que, “após meses de negociação com alguns detentores de seus 8,375% Senior Notes com vencimento em 2022 e 8,5% Senior Notes com vencimento em 2018, conclui as discussões com os detentores de seus bonds, porém nenhum acordo foi alcançado”. 

Segundo três fontes disseram à Reuters, a empresa se prepara para entrar com pedido de recuperação judicial a partir desta terça-feira. Se confirmado, o processo de recuperação judicial da OGX será o maior da história de uma empresa latino-americana. 

A companhia disponibilizou o documento do “Projeto Olímpico”, como é chamado seu plano de reestruturação, que não foi aceito pelos credores. Nele, a OGX mostrou detalhes do que se passou nesses últimos meses, quando a direção se encontrou com os credores. Apesar de tentar “esconder” algumas informações no relatório, foi possível descobrir o que estava escrito no documento.

Uma das fontes da Reuters disse na segunda-feira que a OGX planeja excluir do pedido de recuperação judicial sua unidade de gás natural OGX Maranhão, que atualmente negocia venda de uma participação para a Eneva (ENEV3), ex-MPX Energia. Na véspera, a Eneva comunicou ter celebrado contrato de opção com bancos e credores da OGX Maranhão para elevar sua fatia na empresa. As ações da Eneva chegaram subir 6,67% na máxima do dia, mas viraram e registraram desvalorização de 3,11%, a R$ 4,36.

OSX confirma que não tem intenção de pedir recuperação judicial
Já a OSX Brasil (OSXB3), empresa de construção naval do grupo de Eike, afirmou em comunicado enviado na véspera à Reuters que a diretoria da companhia não tem intenção de pedir recuperação judicial no momento. Em reflexo, suas ações chegaram a disparar 13,43%, a R$ 0,76, mas fecharam estáveis a R$ 0,67. 

A empresa, que enfrenta falta de caixa e ainda não conseguiu vender suas plataformas para fazer frente às dívidas que somam cerca de R$ 5,3 bilhões, confirmou a informação de fontes ouvidas pela agência de notícias de que a empresa buscará evitar o pedido de recuperação judicial.

Petrobras tem dia de queda após disparar na véspera
Também em queda, destaque para as ações da Petrobras (PETR3PETR4), que registraram quedas de 18,87% (R$ 18,87) para os ativos ON e de 0,96% para os papéis PN (R$ 19,70), revertendo parte dos ganhos após subirem forte na véspera em meio ao anúncio de que a petrolífera irá fazer uma nova metodologia de precificação dos combustíveis. 

Nesta sessão, a companhia enviou comunicado ao mercado, esclarecendo que uma nova oferta de ações está “totalmente descartada”. De acordo com a companhia, conforme compromisso assumido em seu plano de negócios e gestão 2013-2017, uma capitalização não está entre as opções analisadas para financiar seu plano de investimentos e, “portanto, são infundadas as especulações sobre o tema”.

Além disso o membro do conselho de administração da companhia, Sérgio Quintella, disse hoje que o órgão já concordou sobre a necessidade de criação de um modelo que traga previsibilidade ao reajuste de preços de combustíveis. Segundo ele, “há um consenso” sobre a necessidade. Faltam, disse, serem decididos os parâmetros.

Lupatech sai do leilão com queda mais leve
Em destaque, as ações da Lupatech (LUPA3), que fecharam com queda de 2,94%, a R$ 0,99, depois de chegar a cair 6,86% após a não renovação da garantia bancária em operação na qual era garantidora com 50%.

A companhia recebeu do Banco Votorantim notificação de cobrança no valor de R$ 15,590 milhões em relação à liquidação de carta de fiança solicitada pelo Banco do Nordeste do Brasil para quitação de empréstimo à coligada Unifit (Unidade de Fios Industriais de Timbaúba) no valor de R$ 31,180 milhões. A Lupatech afirmou que os agentes financeiros optaram pela não realização de tal renovação e liquidação da mesma nesta data.

Ser Educacional cai 1,8% em estreia na bolsa
A Ser Educacional (SEER3) teve seu primeiro dia de negociação na BM&FBovespa nesta terça-feira, sendo o segundo IPO (Initial Public Offering) do ano e o nono de 2013. As ações da Ânima Educação (ANIM3), também do setor, estrearam na bolsa brasileira na véspera.

As ações, negociadas com o ticker SEER3, registram alta em seus primeiros minutos de negociação na bolsa, mas com ganhos menos expressivos do que os registrados pela Ânima Educação na véspera. Durante a tarde, os ativos SEER3 viraram e encerraram o dia com queda de 1,83%, a 17,18. 

A Ser Educacional precificou seu IPO na última sexta-feira abaixo da faixa indicativa, com cada ação sendo vendida a R$ 17,50, ante intervalo de R$ 19,50 a R$ 23,50 fixadas pelos coordenadores da oferta, BTG Pactual, Credit Suisse, Goldman Sachs e Santander. A operação movimentou R$ 619,4 milhões. 

A Ser Educacional chegou a ter a operação suspensa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na última sexta, com a autarquia alegando que o prospecto da operação não continha informações “completas, precisas e atuais”. Após a rede de ensino pernambucana atualizar o documento na segunda-feira, a CVM revogou a suspensão. 

A empresa é controladora do Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), o grupo tem 23 unidades espalhadas por 11 Estados do país, em 17 cidades no Norte e Nordeste, além da Faculdade Joaquim Nabuco.

Transmissão Paulista recua 5%
Já as ações da Transmissão Paulista (TRPL4) registraram forte baixa nesta sessão, de 5,14%, a R$ 31,73, após a divulgação dos números do terceiro trimestre. A companhia de energia elétrica viu sua receita líquida cair 58,1%, passando de R$ 514 milhões para R$ 215,5 milhões em um ano. Enquanto isso, o lucro líquido de R$ 241,3 milhões do terceiro trimestre de 2012 se tornou um prejuízo de R$ 245,3 milhões.

Já o Ebitda da empresa ficou negativo em R$ 415,8 milhões, ante um resultado positivo de R$ 406 milhões entre julho e setembro de 2012. Já o Ebitda ajustado pela provisão da Secretaria da Fazenda ficou em R$ 100,5 milhões, contra um resultado de R$ 406 milhões um ano antes.

Santos Brasil despenca 15% após resultados
Na noite da véspera, a Santos Brasil (STBP11) divulgou seus resultados referentes ao terceiro trimestre deste ano. A companhia teve queda de 4,1% em seu lucro, que ficou em R$ 45,2 milhões. Segundo comunicado, a queda se deve a itens não recorrentes da ordem de R$ 7,3 milhões, sendo R$ 3,5 milhões com efeito não caixa.

O resultado não foi bem recebido pelo mercado, e a companhia viu suas ações recuarem 14,82%, para R$ 22,36, enquanto o volume movimentado pelos papéis ficou muito acima da média dos últimos 21 pregões, atingindo R$ 36,3 milhões.

Segundo a XP Investimentos, o balanço veio abaixo do esperado, com a movimentação de contêineres com um crescimento de apenas 3,1% denota que a companhia ainda não foi capaz de alavancar as operações do Tecon Imbituba e Vila do Conde, mantendo a concentração da movimentação no Tecon Santos.

Além disso, eles destacam que a manutenção dos volumes de armazenagem alfandegada na comparação anual (com queda de 5% em relação ao trimestre anterior) mostra um mix pior de serviços e operações de cais da empresa. Enquanto isso, a receita média por veículo movimentado apresentou forte queda de 53%  devido ao menor tempo de armazenagem e possível redução da importação de veículos.

Já a Coinvalores ressalta que algumas adversidades atrapalharam o desempenho da empresa e justificaram os frustantes números reportados, destacando a saída de duas importantes operações no trimestre em função das obras de dragagem, bem como os efeitos climáticos que impediram a atracação e desatracação dos navios. Com isso, houve queda no volume de operações e retração nas principais linhas de resultado. 

Segundo a XP, a preocupação com a Santos Brasil agora fica em relação a 2014 e o desafio que a companhia terá no próximo ano, quando os concorrentes Embraport e BTP estarão em outro patamar operacional. Eles ainda ressaltam que o descontrole nos custos dificilmente será compensado pela melhor receita e volume, dado a nova competição no Porto.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.