Dólar deve favorecer exportadoras, mas redução de custos será destaque no 3º tri

No período, a moeda norte-americana oscilou entre R$ 2,23 e R$ 2,45, fator que pode ajudar exportadoras mas deve fazer estrago novamente na Petrobras

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Assim como no 2º trimestre do ano, o dólar deve ter ficar em destaque no resultado final de diversas companhias brasileiras na temporada de balanços do 3º quarto de 2013, sobretudo pela volatilidade da cotação entre julho e setembro. Contudo, outros dois importantes fatores deverão ser levados em consideração nessa rodada de balanços, segundo o Bank of America Merrill Lynch: a melhora do cenário macroeconômico e as projeções pessimistas dos analistas em relação a esta temporada.

Em relatório assinado pelos analistas Felipe Hirai e Marina Valle, o banco norte-americano ainda ressalta a questão da rentabilidade, esperando que o foco nos custos mais equacionados levem uma maior parcela de faturamento a se tornar lucro. Isso tudo deve deixar a moeda em segundo plano na hora de analisar os balanços trimestrais.

Os sócios da Capitânia Investimentos, Rodrigo Zuninga e Marina Lemos, explicam que em uma visão mais ampla, mesmo que os números de algumas companhias apresentem variações por causa do câmbio, a tendência é que isso se equilibre em relação ao que ocorreu no início do ano, quando o dólar estava próximo de R$ 2,00. Durante o 3º trimestre, a divisa dos EUA chegou a valer R$ 2,45 mas fechou setembro em R$ 2,23, levemente abaixo dos R$ 2,25 vistos ao final do 2º quarto de 2013.

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“As companhias possuem políticas de proteção que trabalham com essas variações. As empresas que poderiam ser prejudicadas por esse rali da moeda tendem a fazer reajustes e equacionar seus custos em relação à essas variações”, explica a dupla. Marina afirma que o que pode gerar diferenças maiores nos balanços de algumas companhias é o momento em que ela possa ter praticado o hedging. O hedge consiste em um instrumento que visa a proteger operações financeiras contra o risco de grandes variações de preço de determinado ativo.

“A entrada ou saída do hedge sendo no momento de alta ou baixa do dólar pode ser um fator de influência nos resultados, principalmente de companhias que tem grande dívidas em moeda estrangeira”, explica a sócia da Capitânia.

Dólar: favorecendo exportadoras…
Com boas políticas de proteção, o risco das empresas serem afetadas negativamente diminui bastante. Porém, o forte breve rali da moeda norte-americana no 2º tri pode ter um impacto bastante positivo em alguns papéis, principalmente daquleas companhias com um grande negócio de exportação.

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Mas assim como em um movimento de hedge, o favorecimento dessas empresas depende do momento em que os negócios foram realizados. “É normal essas companhias aproveitarem a alta do dólar para ganhar mais com as exportações, mas é complicado acertar o movimento certo da moeda. Com um movimento mais longo como o que ocorreu, muitas empresas devem ter aproveitado o meio deste rali para fazerem suas vendas”, explica Marina Lemos.

Empresas como Fibria (FIBR3), Suzano (SUZB5), Vale (VALE3; VALE5) e as principais siderúrgicas têm bastante exposição à divisa e um negócio voltado para a exportação. Vale destacar que, segundo a Ativa Corretora, a Fibria possui 90% de seu faturamento atrelado ao dólar, enquanto a Suzano de 80%.

Entre os destaques, analistas apontam para a Usiminas (USIM3; USIM5) e para a CSN (CSNA3) como duas das companhias que devem ter balanços bastante positivos, puxadas não só pelo câmbio, mas pela melhora do setor siderúrgico como um todo. No caso da Usiminas, a expectativa é que a empresa saia do prejuízo registrado nos últimos resultados. Vale destacar que no caso de uma alta do dólar, as siderúrgicas são favorecidas a medida que a entrada de produtos importados é prejudicada, melhorando a competitividade dessas empresas.

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…mas prejudicando importadoras
Outro grande destaque deve ficar com a Vale, que deve apresentar seu melhor resultado desde 2011. Segundo o Credit Suisse e o Citi, os lucros da mineradora devem ficar entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões, uma alta significativa em relação ao US$ 1,7 bilhão apresentado no terceiro trimestre de 2012.

Por outro lado, algumas companhias podem não se proteger dessa oscilação. Segundo o Citi, um dos grandes destaques ficará com a Petrobras (PETR3; PETR4), que deve ter um lucro de R$ 5 bilhões entre julho e setembro, o que representa uma queda de 11% em relação à 2012.

O principal fator que prejudicará a empresa será a defasagem entre os preços de importação de combustível e os praticados no mercado interno, que passou para 19% entre julho e setembro, ante uma diferença de 7% nos três meses anteriores, segundo dados do JP Morgan.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.