Ibovespa sobe quase 3,5% com destaque para Vale; OGX dispara forte

Após semana tensa, índice registra alta por todo o pregão; Vale e siderúrgicas sobem forte com dados chineses

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO –  Após uma semana turbulenta, com destaque para a questão síria, que pressionou os mercados com a ameaça dos EUA de lançar bombas no país, os mercados apresentam alívio, com fortes altas nesta segunda-feira (2). Enquanto a bolsa norte-americana fica fechada devido ao feriado do dia do trabalho, os principais índices europeus caminham para encerrar a sessão em alta, assim como o Ibovespa, que opera no terreno positivo desde sua abertura. Dados chineses e europeus também contribuem para o cenário positivo. Assim, às 12h28 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 3,44%, a 51.724 pontos.

Após forte apreensão na semana passada, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de consultar o Congresso antes de decidir sobre um ataque à Síria alivia os temores dos mercados. No último sábado, Obama afirmou que o país deve adotar uma ação militar contra alvos do governo sírio, em resposta a um ataque mortal com armas químicas contra rebeldes, mas disse que irá buscar a aprovação do Congresso norte-americano. “Não podemos e não iremos fechar os olhos para o que aconteceu em Damasco”, disse Obama durante declarações na Casa Branca.

O índice, porém, dança conforme a música tocada no oriente: dados chineses aumentam o apetite por risco dos investidores em relação ao Brasil, com o PMI (Purchasing Manager Index) do Markit (HSBC) subindo para 50,1 em agosto, ante 47,7 em julho, em linha com a preliminar da semana passada, registrando o primeiro crescimento em quatro meses, à medida que a demanda doméstica apresentou recuperação.

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Economistas comemoraram o resultado como um sinal de que o crescimento da economia da China, que esfriou em 12 dos últimos 14 trimestres, está finalmente se estabilizando. Por outro lado, está a revisão do crescimento econômico chinês de 2012, que sofreu uma leve diminuição, passando de 7,8% para 7,7%. O PIB (Produto Interno Bruto) da China totalizou 51,89 trilhões de iuanes (US$ 8,48 trilhões), menos de 38 bilhões de iuanes em relação à estimativa original.

Mineração e siderurgia
Diante do bom humor do mercado, apenas 4 das 71 ações que compõem o benchmark da bolsa brasileira registravam queda. Por outro lado, os dados chineses ajudam a impulsionar as ações da
 Vale (VALE3+2,96%, R$ 35,44; VALE5+3,12%, R$ 32,07), que são fortemente beneficiadas pela melhora da economia chinesa.

Juntos, os ativos representam 10,8% da carteira teórica do índice. Para a equipe de análise da XP Investimentos, o PMI chinês é positivo para o universo de commodities no curto prazo, especialmente metálicas, gerando sustentação para preços e podendo assim refletir positivamente para a mineradora. 

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No mesmo sentido, as ações das siderúrgicas também respondem positivamente à economia chinesa, sendo elas: CSN (CSNA3, +5,70%, R$ 8,90), Usiminas (USIM3, +2,65%, R$ 10,46; USIM5+2,91%, R$ 10,61) e Gerdau (GGBR4+3,03%, R$ 17,67).

Nova composição do Ibovespa
O pregão desta segunda-feira marca o primeiro dia com a nova composição da carteira do Ibovespa, que vigorará de setembro a dezembro de 2013. Ganha destaque os papéis que foram incluídos no novo portfólio: Kroton (KROT3+2,69%, R$ 32,86) e Anhanguera (AEDU,+3,03%, R$ 14,27). 

Já os papéis da OGX Petróleo (OGXP3) ganharam maior peso na nova composição do Ibovespa, de 1,537% para 4,263%. Após sofrer uma perda de 40% no último pregão, ao ser excluída do índice MSCI Brazil, fechando a R$ 0,30, as ações disparam 26,67% nesta sessão, a R$ 0,38 liderando os ganhos do Ibovespa.

Também reflete sobre os papéis o comunicado divulgado na noite da última sexta-feira, comentando que a empresa contratou consultorias para buscar alternativas que permitam melhorar a sua estrutura de capital. As ações da LLX Logística (LLXL3, +9,79%, R$ 1,57) seguem o desempenho da petrolífera do Grupo EBX, enquanto a MMX Mineração tem alta de 4,61%, aos R$ 2,27.

Focus eleva projeção para PIB do Brasil 
Na agenda doméstica, a expectativa econômica divulgada no relatório Focus também mostrou melhora nas projeções para a economia brasileira em relação ao visto na semana anterior. O compilado das estimativas divulgado pelo Banco Central apontou maior expectativa de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, de 2,32% ante 2,20%, embora tenha reduzido a projeção para 2014, de 2,40% para 2,30. 

Ainda entre os dados internos, a inflação medida pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) avançou para 0,20% no fim de agosto, ante alta de 0,16% observada na terceira leitura do mês. Com este resultado, o indicador acumula alta de 3,32% no ano e de 5,54% nos últimos 12 meses.  

Dados econômicos mistos na Europa
Além da China, os dados da zona do euro impulsionam as bolsas por lá, após a Alemanha reportar um ritmo de crescimento da indústria mais rápido em dois anos, de acordo com dados do PMI. 

O PMI de indústria do Markit para o setor industrial alemão, que responde por cerca de um quinto da economia, subiu para 51,8 em agosto, ante 50,7 no mês anterior. A leitura ficou acima da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo segundo mês seguido, embora ligeiramente abaixo da leitura preliminar de 52,0. No cenário político, as atenções se voltam com a proximidade das eleições na Alemanha: em debate neste final de semana, analistas políticos destacaram que a atual chanceler Angela Merkel falhou em obter uma vitória clara sobre o rival Peter Steinbruck, mas segue como favorita no pleito de 22 de setembro. 

Por outro lado, a venda de carros na Espanha caíram 18,3% em agosto sobre o mesmo período de 2012, depois de subirem quase 15% em julho, afirmou a associação de montadoras de veículos Anfac, nesta segunda-feira. Os números de agosto foram impactados por efeito sazonal e por uma forte base de comparação. As vendas de agosto de 2012 tinham disparado antes de aumento de 3 pontos percentuais em imposto no mês seguinte.