Goldman lista beneficiadas com dólar forte e coloca Vale e Gerdau como favoritas

SÃO PAULO – Após ter tirado a Vale (VALE3;VALE5) da Focus List da América Latina no final de junho, o Goldman Sachs colocou a companhia, ao lado da Gerdau (GGBR4) como as top picks no setor de materiais básicos, elevando o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) de ambas companhias. 

Em relatório, os analistas Marcelo Aguiar, Diogo Miura e Humberto Meireles atualizaram as estimativas para as companhias dos setores siderúrgico, de mineração e de papel e celulose de modo a incluir no modelo a percepção de crescimento econômico mais fraco e um cenário de deterioração da moeda brasileira frente ao dólar o que, para eles, pode ser benéfico para o setor.

“Um cenário parecido se materializou entre o 2º e o 3º trimestre de 2011, com a depreciação do real e as perspectivas macroeconômicas deterioradas, mas as ações desses setores passaram a registrar forte alta”, apontam os analistas. Soma-se a isso o fato de que a moeda nacional mais fraca pode melhorar significativamente a rentabilidade operacional e aumentar o poder de fixação de preços no mercado interno. 

Papéis “sobrevendidos”
Desta forma, os analistas veem as ações do segmento de recursos naturais como sobrevendidos, mas também ressaltam as dificuldades em achar um ponto mínimo no sentimento negativo do mercado. Enquanto revisaram as estimativas de ganhos para baixo de algumas companhias, como no caso da Usiminas (USIM3; USIM5), eles acreditam que os resultados operacionais das empresas serão mais fortes no segundo trimestre do que nos primeiros três meses do ano; os próximos três meses para elas tambem não devem ser tão ruins, acreditam.

Neste cenário, avaliam Aguiar, Miura e Meireles, apesar dos seguidos rebaixamentos que as companhias vêm sofrendo, a Vale, a Gerdau e a Usiminas estão com papéis bastante descontados, o que reforça a recomendação de compra para eles. As perspectivas de uma recuperação no segmento não-residencial dos Estados Unidos são positivas para a Gerdau, avaliam, enquanto a Vale tem seus papéis negociados a um preço implícito de US$ 85 por tonelada de minério de ferro, enquanto a expectativa é por um preço de US$ 115 a tonelada para 2014.

Com relação ao câmbio, enquanto a Vale desponta como uma das maiores beneficiadas, com praticamente todo o seu lucro atrelado ao dólar e apenas 45% dos custos ligados à moeda, Usiminas e CSN (CSNA3) devem ser impactadas negativamente. Isso por terem entre 15% e 30% da receita e 40% a 50% dos custos ligados à moeda.

“No entanto, essas empresas devem ter a oportunidade de aumentos de preços de aço no mercado interno, como resultado de um real mais fraco”, apontam os analistas.

Papel e Celulose: Fibria é a principal beneficiada
Com praticamente todas as suas receitas denominadas em dólares e apenas 20% dos custos, a  empresa do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3) se destaca como o principal beneficiário da desvalorização do real. O setor, aliás, é o preferido do Goldman, que o destaca como uma surpresa positiva em meio à sua resiliência.

Contudo, os analistas não possuem recomendação de compra para os papéis da Fibria e da Suzano (SUZB5) justamente em meio ao seu bom desempenho no ano, com altas de cerca de 16% enquanto o Ibovespa registra baixa de 21% no período. Assim, avaliam, as ações não possuem mais tanto espaço para alta. 

Confira as recomendações do Goldman Sachs:

*em relação ao fechamento de 16 de julho de 2013