Más notícias econômicas raramente são boas notícias para ações, diz JPMorgan

Analista destaca, contudo, que mercados tendem a reagir menos aos dados econômicos em ciclos de aperto monetário

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No último mês, a máxima de que uma má notícia econômica vire uma boa notícia no mercado parece ganhar cada vez mais força. Isso ocorre em meio às reações do mercado sobre os dados econômicos mais positivos dos Estados Unidos, que geraram baixas nas bolsas com as expectativas de programa de flexibilização monetária do Federal Reserve seja reduzido; já as “más notícias” no cenário econômico resultaram em valorização das ações.

Contudo, no caso do mercado de ações, o fenômeno é realmente bastante raro, como destaca o analista do JPMorgan, Seamus Mac Gorain, em nota aos clientes repercutida pelo portal norte-americana Market Watch

A ideia básica é de que as “boas notícias”, como dados fortes do mercado de trabalho, significa que o Fed está mais perto de acabar com o programa de flexibilização monetária, levando ao encerramento do programa de compra de títulos no valor de US$ 85 bilhões por mês, que está levando dinheiro “barato” aos mercados. Já com as más notícias, as ações passariam a subir com a continuidade do programa por um período maior. 

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Antes e depois dos indicadores
Para a sua pesquisa, Mc Gorain usou o retorno sobre o futuro de mini-índice do S&P e o mercado futuro de títulos do Tesouro norte-americano com vencimento de dez anos dez minutos antes e depois da divulgação de dados econômicos como forma de entender como os mercados reagem de modo específico aos números. 

Através desta pesquisa, as surpresas positivas geralmente impulsionam as ações, enquanto as negativas impulsionam os papéis para baixo. Por exemplo, o desvio positivo em um ponto nas expectativas de números do emprego podem levar a um aumento de 0,2% no S&P 500 na média. 

Em tempos de aperto monetário, reação às notícias diminui
Mas o objetivo do exercício, Mac Gorain observou, era ver como a reação do mercado a surpresas positivas e negativas ao longo do tempo. E uma coisa interessante a se notar, avalia o analista, é que as ações tendem a reagir menos aos dados econômicos – até mesmo reagindo menos negativamente aos dados positivos – quando o Fed está em um ciclo de aperto monetário.

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Conforme Gorain destaca, é pouco usual que os bons dados sejam ruins para os preços dos ativos, ou que dados ruins sejam bons para as ações por um período sustentável. A exceção bastante notável é que a reação do mercado de ações para os dados econômicos tenda a ser limitada ou mesmo negativa em ciclos de aperto monetário. 

Desta forma, o mercado de ações tem sido cada vez menos sensível a dados econômicos ao longo deste ano. “E é provável que esta mudança continue à medida que o Fed siga com o seu programa de diminuição de compras”, aponta. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.