Com mais um corte de rating, OGX perde R$ 1,29 bi em valor de mercado em 3 dias

Mesmo com a declaração de comercialidade no campo de Rêmona, ações da OGX caem 13% nesta quarta; Eike vê suas empresas perderem R$ 2,35 bilhões na semana

Paula Barra

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SÃO PAULO – A derrocada das ações das empresas do Grupo EBX, de Eike Batista, parece não ter fim. Nem mesmo a declaração de comercialidade no campo de Rêmona, no antigo bloco exploratório BM-C-40, foi suficiente para animar os papéis, depois que mais uma agência de classificação de risco cortou a nota de crédito da OGX Petróleo (OGXP3), alertando sobre os problemas de caixa da empresa. 

Somente nesta sessão, os papéis da petrolífera fecharam em queda de 13,33% – a maior do Ibovespa -, sendo cotados a R$ 0,39. Porém, as demais ações do grupo dentro do índice fecharam com movimento oposto, caso da LLX Logística (LLXL3, +1,27%, R$ 0,80) e da MMX Mineração (MMXM3, +17,27%, R$ 1,29). Fora do Ibovespa, a OSX (OSXB3, +2,68%, R$ 1,15) foi a única que fechou em alta. Já a CCX Carvão (CCXC3, -4,35%, R$ 0,66) e a MPX Energia (MPXE3, -1,83%, R$ 6,45) encerraram o dia no negativo.

Com isso, o cenário que se desenhou para o empresário ficou ainda pior do que na véspera. As empresas do Grupo EBX listadas na bolsa tiveram perdas hoje de R$ 68 milhões. Considerando apenas a participação que Eike detém nas empresas, ele viu sua fatia diminuir em R$ 37,87 milhões.

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Já desde a última segunda-feira (3), quando o empresário admitiu a inviabilidade comercial de quatro campos na Bacia de Campos da OGX, incluindo de Tubarão Azul, as seis companhias X perderam R$ 2,35 bilhões em valor de mercado, sendo que somente a petrolífera perdeu R$ 1,3 bilhão em valor, indo para R$ 1,26 bilhão.

Veja quanto cada companhia do grupo EBX perdeu de valor de mercado nesses três dias:

Ação Valor de mercado 28/06  Valor de mercado 03/07 Perda
OGX Petróleo R$ 2,556 bilhões  R$ 1,26 bilhão R$ 1,29 bilhão
LLX Logística R$ 687,1 milhões R$ 555,2 milhões R$ 131,8 milhões
MMX Mineração R$ 1,431 bilhão R$ 1,25 bilhão R$ 175,2 milhões
OSX Brasil R$ 411,2 milhões R$ 337,7 milhões R$ 73,4 milhões
CCX Carvão R$ 154,8 milhões R$ 112,3 milhões R$ 42,5 milhões
MPX Energia R$ 4,367 bilhões R$ 3,73 bilhões R$ 636,2 milhões
Total R$ 9,607 bilhões R$ 7,25 bilhões R$ 2,35 bilhões

Noticiário agitado para grupo EBX 
Na noite da véspera, a agência de classificação de risco Moody’s cortou o rating da OGX para Caa2, seguindo a Standard & Poor’s, que rebaixou as notas da OGX na tarde da última terça terça-feira. 

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De acordo com a vice-presidente da agência, Gretchen French, o rebaixamento do rating da OGX é guiado pela fraca produção de petróleo e devido aos problemas de fluxo de caixa, prejudicando negativamente a cobertura para os ativos da empresa sem garantia de notas. Já a perspectiva negativa reflete as restrições quanto ao perfil de liquidez até 2014. 

Nesta sessão, destaque ainda para o fato relevante divulgado pela OGX antes da abertura do pregão, após a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) solicitar esclarecimentos sobre o motivo para o desembolso imediato de US$ 449 milhões à OSX, além de questionar como foi precificado esse valor para garantir o direito da OGX de terminar os contratos. A autarquia solicitou ainda que a companhia informasse o impacto e as consequências financeiras que o desembolso causará no caixa da companhia. 

A OGX afirmou que, não obstante o desembolso atual, a perspectiva do recebimento do valor devido pela cessão de uma participação de 40% nos Blocos BM-C-39 e BM-C-40 para a Petronas e a possibilidade de execução da opção de venda de R$ 1 bilhão de Eike Batista oferecem as condições necessárias para que a companhia possa honrar os seus compromissos de longo prazo. 

Em meio à complicada situação da OGX, grandes bancos de investimentos revisaram para baixo os preços-alvo para as ações da companhia. Além de UBS, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JPMorgan, Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch, com preços-alvo com piso de R$ 0,10, o Goldman Sachs também reduziu o preço-alvo para as ações de R$ 2,00 para R$ 0,70. 

Os analistas do Goldman mantiveram a classificação neutra, enquanto consideram achar difícil fazer qualquer avaliação sobre um cenário para a companhia. “Embora acreditemos que a ação volte a subir até OGX apresentar um projeto de execução de forma mais sustentável, vemos potencial de crescimento ao longo dos próximos 12 meses, a partir de iniciativas para reduzir as preocupações com a liquidez da EBX e a possibilidade de aumento da produtividade nas plataformas. 

Uma das grandes preocupações frente ao grupo é em relação à sua dívida bastante alta, em um cenário em que as companhias não apresentam os resultados esperados. Com isso, em meio à crise no grupo EBX, o empresário Eike Batista estaria usando R$ 2,3 bilhões de sua riqueza pessoal – ou US$ 1 bilhão – de garantia para os empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de acordo com informações obtidas pela Bloomberg.