JPMorgan eleva estimativas para Vale, mas vê riscos para Petro e reduz projeções

Analistas do banco veem menor capacidade da petrolífera em fazer reajustes em meio ao cenário econômico e político do País; já a Vale se beneficia com a alta do dólar, apesar da China

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O JPMorgan atualizou as suas estimativas para as duas maiores companhias brasileiras, com visões opostas sobre elas. Os analistas do banco norte-americano elevaram as projeções para a Vale (VALE3;VALE5), mas mantendo a recomendação e o preço-alvo para as ações, enquanto reduziram as estimativas e o preço-alvo para as ações da Petrobras (PETR3;PETR4). 

Com relação à petrolífera brasileira, os analistas Carlos Carvalhal e Felipe dos Santos avaliaram os impactos de um cenário econômico mais deteriorado, em meio às perdas operacionais com o aumento das importações, que podem crescer para R$ 4,2 bilhões no próximo resultado, na comparação com os R$ 2,2 bilhões do segundo trimestre de 2013. Além disso, os analistas estimam uma relação de preço sobre lucro do ADR (American Depositary Receipts) de US$ 2,39 para US$ 1,85, em meio às pressões sobre a alta do dólar frente ao real.

O aumento da distância entre os preços da gasolina e do diesel também subiram na comparação com os preços internacionais, passando de distância de 8% para 13% ante a gasolina e de 6% para 12%, respectivamente. Soma-se a isso o fato de que as pressões inflacionárias e as pressões populares nas ruas reduzem a capacidade do governo de reajustar os preços. 

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“Nós reiteramos a nossa visão neutra, visão oposta de mercado, e reforçando que a companhia só deve voltar a se recuperar a partir de 2014”, avaliam Carvalhal e Santos. Por outro lado, eles reduziram o preço-alvo dos ADRs da Petrobras, que passaram de US$ 22,00 para US$ 20,00 por ativo, o que configura um potencial de valorização de 49,25% frente ao último fechamento. 

Por outro lado, eles mantiveram a visão de que os papéis ordinários e preferenciais provavelmente continuarão pagando dividendos diferentes. “Em nossa opinião, até 2017, o retorno da empresa sobre os investimentos não serão suficientes para suportar pagaemento de dividendos mais altos aos acionistas ordinários. Nós estimamos um prémio justo das ações preferenciais de cerca de 5% em relação ao das ações ordinárias, diferença que agora é de 8%”, apontam os analistas.

Vale: maior beneficiada com alta do dólar dentre mineradoras
Por outro lado, os analistas Rodolfo Angele, Mandeep Manihani e Lucas Ferreira elevaram as suas perspectivas para os números da Vale, mantendo a recomendação overweight (exposição acima da média) para os ativos da companhia e aumento o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) em 1% para 2013 – para US$ 20,1 bilhões.

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Com isso, eles mantiveram o preço-alvo de US$ 23,00 para os ADRs equivalentes aos ativos ordinários da companhia e de US$ 22,50 para os ativos equivalentes aos PNs, o que configura um potencial de valorização de 73,58% e 82,63%, respectivamente, em relação ao último fechamento. 

Por outro lado, o JPMorgan reduziu as suas projeções para o preço do minério de ferro, passando de US$ 130 a tonelada para US$ 125 a tonelada. Entretanto, do lado positivo, as receitas da companhia são em dólar e, em meio à alta da moeda, a Vale é potencialmente uma das maiores beneficiadas dentre as companhias do setor de mineração, com sensibilidade no Ebitda de cerca de 6% para uma depreciação de 10% na moeda brasileira.

Outros movimentos positivos são a expectativa para melhorar investimentos e aprovar reformas, o que pode ser positivo para os ativos. Por fim, os analistas veem que, mesmo com o cenário de baixa na China, a curva de preços do minério de ferro deve permanecer, apresentando uma recuperação no terceiro trimestre. “A médio e longo prazo, mantemos a nossa visão cautelosa sobre os preços de minério de ferro impulsionado por novos aumentos de fornecimento da China”, apontam os analistas. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.