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SÃO PAULO – A surpresa negativa da revisão anunciada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) da base de remuneração líquida da Cemig (CMIG4) afetou não só as ações da companhia mineira como de todas as outras elétricas listadas na bolsa, contribuindo para perda bilionária de valor de mercado dessas empresas apenas nesta quarta-feira (20). O 3° ciclo de revisão da Agência revisou a base para R$ 5,1 bilhões, valor bem abaixo dos R$ 6,71 bilhões divulgado no documento preliminar.
Dessa forma, as ações da Cemig terminaram esta sessão liderando com folga a ponta negativa do Ibovespa ao registrar queda de 13,57%, seu pior pregão desde 12 de setembro do ano passado – dia em que o setor elétrico refletiu a redução do custo de energia anunciado pela presidente Dilma Rousseff -, fechando a R$ 22,30 (menor patamar desde 13 de fevereiro). Neste pregão, os papéis CMIG4 movimentaram R$ 526,57 milhões, sete vezes mais do que a média diária vista nos últimos 21 dias de negociação. Em valores absolutos, a empresa perdeu R$ 3 bilhões de valor de mercado apenas nesta quarta, passando a valer agora R$ 18,971 bilhões.
A notícia ruim para a empresa mineira contaminou seus pares listados no Ibovespa, levando as ações a fecharem o dia com forte queda. É o caso Light (LIGT3), R$ 19,05, -6,20%), Copel (CPLE6, R$ 28,51, -3,06%), Eletrobras (ELET6, R$ 11,48, -4,33%; ELET3, R$ 6,52, -3,69%), Eletropaulo (ELPL4, R$ 10,68, -3,44%), Energias Brasil (ENBR3, R$ 12,49, -2,80%) e CPFL Energia (CPFE3, R$ 20,57, -2,05%). Com isso, o IEE (índice que acompanha as empresas ligadas aos setores elétrico e de saneamento) terminou o dia com forte queda de 3,46%, aos 26.911 pontos, muito abaixo do Ibovespa – principal índice de ações da bolsa brasileira – que caiu 0,59%, para 56.030 pontos.
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Perda de até R$ 2,4 bi de valor de mercado
Apesar de ter anunciado a nova base de remuneração, a Aneel ainda não disponibilizou os documentos que suportam esse número, mas os impactos na companhia devem ser significativos, disse a analista Beatriz Nantes, da casa de research Empiricus. A Light seria a outra empresa com forte exposição a um potencial evento como esse, uma vez que sua revisão ocorre em novembro.
Os outros analistas de mercado demonstram bastante pessimismo com o futuro da empresa, levando importantes casas de análise a revisarem suas estimativas para o setor. Na opinião dos analistas do BTG Pactual, a revisão “surpresa” pode provocar uma perda de R$ 2,4 bilhões em valor de mercado da companhia, caso o corte de R$ 1,6 bilhão na receita anual permitida seja aplicado.
Isso significa uma redução em R$ 2,80 por ação – traduzindo em um corte no preço-alvo de R$ 27,00 para R$ 24,20. Mesmo se a empresa lutar por mudança na proposta, o BTG Pactual espera pesada correção no preço do ativo. Outras casas também avaliam pesadas perdas na Cemig: Citibank aponta redução de R$ 1,80 no preço da ação – o equivalente a R$ 1,7 bilhão de valor de mercado. O UBS, por sua vez, indica corte de R$ 2,00 por papel – ou R$ 1,5 bilhão.
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O Bradesco, por sua vez, reduziu a recomendação dos papéis da companhia de outperform (desempenho acima da média) para market perform (desempenho em linha com a média), mas manteve preço-alvo em R$ 31,96 – patamar 44% acima do fechamento atual da ação. Por fim, o Credit Suisse estima uma perda de 24% no Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caso não se confirmem novas alterações.
