Mesmo com boas prévias operacionais, momento das imobiliárias é de cautela

Das quatro companhias que divulgaram os dados operacionais do 4º trimestre, Even é vista como a favorita, enquanto Tecnisa volta a desapontar

Rodrigo Tolotti

Preços da Habitação em São Paulo foram um dos destaques entre as altas no período

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SÃO PAULO – Aproximando-se da temporada de resultados trimestrais, algumas companhias começam a divulgar suas prévias operacionais. Nos últimos dias, empresas do setor imobiliário soltaram números preliminares sobre o quarto trimestre de 2012. Entre elas a Gafisa (GFSA3), Even (EVEN3), Brookfield (BISA3) e Tecnisa (TCSA3).

Com exceção da Tecnisa, as outras três empresas surpreenderam positivamente os analistas. Todas elas conseguiram ficar em linha ou próximas das máximas projetadas para seus lançamentos no ano passado – o que afetou positivamente as ações dessas companhias no pregão desta terça-feira (15). Entre as corretoras e bancos, a Even fica como a favorita, porém, Gafisa e Brookfield também são vistas com bons olhos. A única que desapontou foi a Tecnisa. Visão geral para o setor ainda é de cautela.

Gafisa: fluxo de caixa se destaca
A Gafisa surpreendeu grande parte dos analistas com bons números. Os lançamentos da companhia atingiram R$ 1,49 bilhão no quarto trimestre de 2012 e fecharam o ano em R$ 2,95 bilhões, perto do máximo da estimativa para o ano, que de valores entre R$ 2,4 bilhões a R$ 3 bilhões. Além disso, o resultado do período é 156% superior ao do quarto trimestre de 2011.

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Para a equipe da Citi Corretora, os números que devem se destacar para os investidores são os de fluxo de caixa operacional, que atingiu R$ 310 milhões no 4T12, ficando bem acima da estimativa da corretora, que projetava valor negativo em R$ 74 milhões.

Mesmo com números sólidos, os analistas ainda se mostram receosos quanto aos papéis da companhia. Para a Planner Corretora, a empresa ainda tem um endividamento muito elevado, sendo que nove primeiros meses de 2012, a Gafisa registrou prejuízo líquido de R$ 25,6 milhões e uma relação divida líquida/Patr. Líquido de 106%.

Even: a queridinha
Superando as expectativas tanto do mercado, quanto da própria companhia, a Even se mostra uma das favoritas entre as corretoras. Os lançamentos da empresa totalizaram R$ 2,52 bilhões, ficando pouco acima da previsão de R$ 2,5 bilhões para o ano passado.

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De acordo com o relatório da companhia, o resultado do ano foi 21,6% acima do fechado em 2011, quando a Even encerrou com lançamentos de R$ 2,07 bilhão. No ano passado, a ação valorizou 56,9% e segue estável em 2013.

Analistas veem os papéis da companhia de forma bastante positiva, sendo que para a equipe da Citi, a empresa é a favorita para o setor de construção. Além disso, as corretoras destacam o foco de negócios da companhia, que seguiu rumo diferente de outras empresas, que partiram para o crescimento acelerado e acabaram se expondo mais aos riscos do setor.

Brookfield: bons rumos, mas segue com cautela
Apesar de bons números, as corretoras seguem mais cautelosas quanto às ações da companhia. No quarto trimestre, as vendas totalizaram R$ 1,11 bilhão, um volume 16,5% inferior ao mesmo período de 2011. No acumulado do ano, as vendas totalizaram R$ 3,4 bilhões, excedendo o ponto médio do guidance do ano, que era entre R$ 3,0 bilhões e R$ 3,5 bilhões.

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Para os analistas, os números apresentados apontam para uma demanda saudável, sendo que esses resultados possam afetar positivamente os investidores. Mesmo assim, a tendência é de cautela, com as corretoras mantendo recomendações neutras para os papéis.

Tecnisa: números em linha, mas visão ainda é negativa
A companhia foi a que apresentou os resultados menos positivos. Para os analistas do Banco Espírito Santo, os números devem ter um impacto neutro sobre as ações, já que o resultado ficou apenas em linha com o esperado pelo mercado.

Os lançamentos atingiram R$ 511 milhões no último trimestre de 2012, totalizando R$ 1,01 milhões no acumulado do ano, ficando em linha com o guidance mais recente para lançamentos da empresa que projetava R$ 1,0 bilhão.

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Para a equipe do banco, a visão para os papéis da Tecnisa ainda é negativa, dado que a empresa continua a surpreender o mercado negativamente com eventos não recorrentes o que é potencializado pela sua visibilidade muito limitada. Além disso, eles destacam que a empresa chegou a um nível de alavancagem de 97%, o que é considerado muito alto.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.