Próximo de novo racionamento, ações de elétricas voltam a sofrer na Bovespa

Falta de chuvas e má gestão do setor fizeram País chegar a situação limite: Brasil está às portas de um racionamento

Paula Barra

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SÃO PAULO – A falta de chuvas e a má gestão do setor energético nacional fizeram o País chegar a uma situação limite: o Brasil está às portas de um racionamento ou mesmo de desabastecimento de energia elétrica e de gás. O alerta foi dado depois que a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência sobre os baixos níveis dos reservatórios, que será realizada na próxima quarta-feira (9).

As hidroelétricas brasileiras estão gerando menos energia do que são capazes, porque há pouca água disponível. Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão no nível mais baixo dos últimos dez anos – apenas 29,8% do total. Essa região produz 70% da energia do País, e a projeção para os próximos meses é de uma quantidade de chuvas menor do que nos anos anteriores. 

Com a queda nos reservatórios das hidroelétricas e o acionamento de usinas termelétricas, que são mais onerosas, as distribuidoras de energia afirmaram que tiveram em dezembro um custo adicional de R$ 800 milhões. Em novembro, foram R$ 650 milhões a mais. O custo total previsto com o acionamento “extra”, caso a seca se prolongue até março, será de R$ 3,85 bilhões. 

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Ações das elétricas são penalizadas
Diante disso, aumenta o risco de racionamento, fazendo pesar nas ações do setor elétrico, especialmente as distribuidoras de energia (puras ou integradas). Às 10h30 (horário de Brasília), a Eletrobras mostrava forte queda, com as ações preferenciais (ELET6) recuando 3,09%, para R$ 10,36. Com a desvalorização já vista na véspera, os ativos ELET6 acumulam perdas de 7,66%. Já os papéis ordinários (ELET3) mostram variação negativa de 2,43%, cotados a R$ 6,82.

Outros papéis ligados ao setor elétrico também sofrem nesta terça. É o caso de Light (LIGT3), R$ 20,07, -0,64%), Eletropaulo (ELPL4), R$ 15,20, -1,81%), Celesc (CLSC4), R$ 25,82, -4,01%) Coelce (COCE5), R$ 41,64, -1,56%), Copel (CPLE6), R$ 29,67, -0,67%) e CPFL Energia (CPFE3, R$ 20,33, -1,26%).

Isso porque as empresas de distribuição percebem esse maior custo de energia na parcela de custos não gerenciáveis de seus resultados, afetando o Ebitda (Lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) das companhias, avalia a equipe da XP Investimentos.

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Em suma, elas possuem energia contratada e vendida a um determinado valor, mas dado a indisponibilidade do sistema, elas são oneradas em custos mais elevados com a compra de energia para revenda, tendo que pagar esse maior custo em cerca de 45 dias.

O recebimento desse custo mais alto pela energia comprada para revenda ocorre em 12 prestações futuras, decorrentes do reajuste tarifário. Isso “obviamente” gera um impacto grande no caixa das distribuidoras no curto prazo, comentam os analistas.

Maior custo das distribuidoras deve encarecer preço de energia
Desde os últimos meses do ano passado, o País está com a operação de térmicas quase quatro vezes a mais que até outubro de 2012. No ano passado, foram acionadas basicamente as que funcionam a gás e, nos últimos meses, as mais custosas – a óleo. Desde 2008, não acontecia de todas as térmicas a óleo do País estar operando juntas. Em geral, as usinas térmicas a óleo são o último recurso do sistema e servem como um suprimento de geração de segurança. Tudo isso faz com que o preço de energia suba encarecendo os custos das distribuidoras, especialmente, dissem os analistas.

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Neste caso, o corte nas contas de luz prometida pela presidente Dilma em rede de rádio e TV, em setembro, pode ficar menor do que o originalmente estimado, já que as térmicas – mais caras – continuarão em operação por mais tempo. Mas, segundo a XP, o impacto para o consumidor se dará nos próximos 12 meses. 

A corretora, diante desse quadro, reitera que no setor os analistas não recomendam a exposição a nenhuma distribuidora de energia, e têm preferência por: Taesa (TAEE11), Tractebel (TBLE3), MPX Energia (MPXE3) e Renova Energia (RNEW11).