2012 ruim para a bolsa? Veja as small caps que duplicaram de valor no ano

Empresas como Portobello e Kroton tiveram altas de mais de 130% em um ano em que o Ibovespa subiu apenas 7,4%

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Muito se diz que a houve “duas bolsas” em 2012 na BM&FBovespa: a que andou, e a que ficou de lado. Entre as que não tiveram um ano muito bom estiveram as pesos pesado do Ibovespa: Petrobras (PETR3; PETR4), OGX Petróleo (OGXP3), Petrobras (PETR3; PETR4), enquanto outras empresas menores tiveram um ano excelente.

No lado campeão, Kroton (KROT3), Grendene (GRND3), Forjas Taurus (FJTA4) e outras se destacaram com valorizações que superaram até os 100%. Com isso, a diferença de rentabilidade entre o Ibovespa, principal índice da bolsa, e o SMLL, que mede o desempenho de small caps foi forte: enquanto o primeiro subiu 7,40%, o segundo avançou 28,66%. 

“Houve diversas razões para isso, mas o fato é que o mercado acabou migrando para outras empresas, que estão entregando resultados melhores”, afirma Mitsuko Kaduoka, diretora de análise de investimentos da Indusval & Partners Corretora. Com muitas investidores ainda apostando nas grandes empresas, ainda é possível que bastante dinheiro migre para as outras. 

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Portobello:+156,97% em 2012
A Portobello (PTBL3) saiu de R$ 1,73 no início de 2012 para fechar o ano aos R$ 4,47 – impressionante alta de 156,97%. Enquanto muito se falou de uma suposta desaceleração do setor imobiliário, com a redução dos lançamentos, é de se espantar que uma empresa tão ligada à esse tipo de empresa se destacasse.

Mas conseguiu, mostrando uma melhora significativa nos resultados. Mitsuko destaca que em 2011, a empresa lucrou, durante os 12 meses, R$ 24 milhões. Em 2012, lucro acumulado de R$ 45 milhões – somente de janeiro a setembro. “Ela esta no contexto de expansão da construção civil”, afirma. 

Ela destaca que se há uma acomodação nos lançamentos, não o há nas entregas: elas continuam robustas no momento. Isso ajuda a Portobello, fabricante de revestimentos cerâmicos. “A empresa continua crescendo e deve ver isso continuar em 2013”, afirma. 

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A empresa está se posicionando para manter os volumes e até expandir – realiza investimentos para construir uma nova fábrica em Santa Catarina. Mas não quer dizer que a empresa é imune à desaceleração do seu setor: “Provavelmente em algum momento ela passará por um aperto nas margens”, afirma Mitsuko. 

Kroton (+151,49%),  Estácio (+134,21%), Abril Educação (+95,74%) e Anhanguera (+72,0%)
O setor de educação foi o grande destaque da bolsa no ano de 2012. As empresas de ensino superior foram os grandes destaques – duas delas tiveram alta de mais de 100%. “O ponto mais importante foi o FIES (Financiamento Estudantil), que foi o que fez com os papéis delas deslanchassem neste ano”, afirma. 

Com o instrumento permitindo que diversos alunos entrassem nas instituições de ensino superior, os números das empresas tiveram bastante melhoras. “Tiveram muitos novos alunos por conta do FIES, e o desempenho deve continuar em 2013, nas mesmas condições de 2012, tendo em vista o continuamento do FIES”, destaca Mitsuko. No momento, ele prevê menores aquisições por parte de Kroton e Anhanguera, que estavam buscando consolidar o mercado.

O perfil de Abril Educação (ABRE11), é um pouco diferente. A companhia não é fortemente exposta ao mercado de ensino superior, e sim ao ensino básico e médio, além de cursinhos. Para a diretora de análise, há a possibilidade de que a empresa passe a se expor ao setor. “Pode ser que isso venha a acontecer já em 2013”, diz.

De qualquer forma, a melhora da condição econômica nacional já impulsiona a empresa – já que permite a classe C estudar, com melhora significativa dos padrões educacionais entre as classes menos favorecidas. “Há uma demanda muito reprimida por ensino no Brasil”, salienta. 

Forjas Taurus: +106,24% em 2012
A Forjas Taurus (FJTA4) entrou no radar, negativamente, dos investidores no final do ano. A empresa, que teve queda de 9% em dezembro, foi pressionada pela possível restrição às vendas de armamentos nos EUA – depois que um brutal ataque em uma escola primária, que deixou mais de 20 crianças mortas – um de seus principais mercados.

Para a própria empresa, o mérito veio antes: com uma forte alta de mais de 120% entre janeiro e novembro. A companhia credita isso à política ao trabalho sistemático do novo programa de RI (Relações com Investidores) da empresa, iniciado em dezembro de 2011 por Doris Wilhelm. “Foi uma filosofia de pró-atividade constante, visando divulgar o case de investimentos por meio de reuniões individuais e coletivas com o mercado”, afirma a empresa através de sua assessoria.

O objetivo era colocar a empresa novamente no radar e melhorar a liquidez – o que foi obtido com sucesso. “E por isso, o mercado passou a fazer uma avaliação da companhia e percebeu que a mesma estava sendo sub-avaliada”, afirma a companhia. 

Casan e Sanepar: +121,72% (CASN4) e +106,45% (SAPR4)
Casan (CASN4) e Sanepar (SAPR4) possuem duas “primas” mais famosas na BM&FBovespa, a Sabesp (SBSP3) e a Copasa (CSMG3), que também tiveram um ano maravilhoso, acumulando altas de 73,79% e 35,00%, respectivamente. As pequenas se destacaram, principalmente, por conta do fato de serem empresas menores, sem perspectivas na bolsa.

“Elas estavam bastante defasadas e não possuiam liquidez nenhuma”, afirma Mitsuko. Conforme as empresas de saneamento, todas, mostrassem melhora operacional, destaca a diretora, era de se esperar que as ações subissem – e isso ocorreu com todo o setor neste ano. “Conforme a Sabesp melhorou o desempenho, jogou luz nelas e elas acabaram acompanhando”, destaca. 

Raia Drogasil: +78,93% em 2012
Talvez a maior empresa desta lista, a Raia Drogasil (RADL3) é o resultado da fusão de duas das maiores redes de farmácias no País. E cresceu quase 79% em um ano, na onda que fez com que outras empresas do varejo se destacarem no ano: a queda de juros, seguindo o recuo da taxa Selic.

“O mercado acabou migrando para o setor de consumo por conta disso, os investidores buscaram mais esse segmento por conta desse fator”, afirma Mitsuko. Esse mesmo movimento explica alta de empresas maiores na bolsa, como Hypermarcas (HYPE3), Lojas Americanas (LAME4) e Lojas Renner (LREN3). 

E engana-se quem pensa que a Raia Drogasil não se beneficia disso, já que vende produtos de saúde, que costumam ser vendidos sem crédito. “A empresa tem uma parte de perfurmaria, que são produtos de preços maiores, margens maiores e de grande exposição ao crédito”, destaca Mitsuko.

Assim, os resultados melhoraram e muito, com o lucro crescendo conforme as sinergias também fizessem a diferença. “É uma empresa que está com os múltiplos altos no momento, mas que os investidores gostam”, salienta a diretora de análise.

Grendene: +132,81% em 2012
Outra empresa ligada ao varejo que teve um excelente ano foi a Grendene, que produz sandálias. A alta de mais de 100% foi beneficiada pela melhora dos resultados, que já eram vistos nos últimos meses de 2011 – sinalizando altas para a empresa no ano seguinte. “A empresa trabalhou para elevar as suas quantidades e para exportação”, afirma. 

A melhora demográfica do País também ajudou, a empresa, dona de marcas mais baratas, ganha com o aumento do poder de consumo das classes C e D. “E isso garantiu um crescimento maior do que sua grande rival, a Alpargatas (ALPA4), que possui marcas mais caras”, finaliza Mitsuko.