Cesp e imobiliárias sobem forte; Marfrig e Cteep caem; veja destaques

Ações do setor elétrico ficaram em evidência por conta da definição sobre as concessões; Estácio cai forte com anúncio de oferta de ações

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – No seu primeiro pregão estendido – a partir desta segunda-feira (3), a Bovespa fecha às 17h30 (horário de Brasília) -, o Ibovespa registrou alta de 1,27%, indo aos 58.202 pontos. O índice foi puxado pelo bom desempenho das ações da Cesp (CESP6), que subiram 8,88%, para R$ 19,00, e das companhias do setor imobiliário. Na ponta negativo, a Marfrig (MRFG3) registrou forte desvalorização de 7,67%, aos R$ 10,71. 

As ações da companhia paulista de energia aceleram os ganhos no final desta tarde e registram forte alta. A alta reflete a decisão do conselho de administração, que pediu aos acionistas para que não aceitassem a renovação das concessões. A decisão oficial deverá sair somente após o fechamento do mercado com a divulgação da ata da reunião. Na máxima do dia, o papel chegou a 9,68%, aos R$ 19,14. Por volta das 15h40, a alta era bem mais modesta: 4,01%, aos R$ 18,15. 

A decisão vem em linha com as declarações do secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, ao blog do Guilherme Barros, da IstoÉ Dinheiro, durante o fim de semana. Ele disse ao blog que as indenizações propostas pelo governo, de R$ 1,8 bilhão para as usinas da Cesp, são consideravelmente abaixo dos R$ 6,1 bilhões calculados pelo Estado.

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Cteep despenca 10%, mas se recupera no final
A Transmissão Paulista (TRPL4) informou que o conselho de administração da companhia decidiu mudar a proposta da administração em razão da alteração da Medida Provisória 579, mas acatou a renovação. A decisão afetou diretamente o desempenho das ações da companhia na Bovespa, que terminaram o dia aos R$ 30,40 – queda de 2,72%

Curiosamente, os papéis TRPL4 chegaram a registrar valorização de 4,90% durante a manhã, quando eram cotadas a R$ 32,78, passaram para o campo negativo após a decisão anunciada e chegaram a despencar 10,98% no seu pior momento do dia, quando eram negociadas a R$ 27,82 – antes de iniciar uma forte recuperação. 

A mudança ocorreu em virtude da decisão do governo de autorizar o poder concedente a pagar o valor relativo aos ativos considerados não depreciados existentes em 31 de maio de 2000, registrados pela concessionária e reconhecidos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

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As ações da Eletrobras (ELET3ELET6) também se desvalorizam, após a companhia tomar a decisão de renovar as concessões. As preferenciais caíram 0,21%, aos R$ 9,63, enquanto as ordinárias recuaram 2,61%, aos R$ 7,45, também se recuperando sobre a desvalorização superior a 4% registrada durante o pregão.

Marfrig cai forte com câmara na cola do BNDES
Nervoso, o mercado penalizou a Marfrig, que viu suas ações chegarem a recuar 13,71% na mínima do dia, chegando a ativar o seu “circuit breaker”. Houve forte pressão vendedora em cima do papel, próximo à sua mínima diária, movimentou R$ 63,24 milhões nesta sessão – acima de sua média diária dos últimos 21 dias, de R$ 22,6 milhões.

Isso ocorre após a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados pedir que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) explicasse sua relação com o Marfrig. “Em relação ao conteúdo, que a gente não tem acesso, é sobre conversão de debêntures em ações, mas abre a suspeita de irresponsabilidades na concessão de crédito”, afirma Carlos Müller, analista da Geral Investimentos. 

Suspeita e crédito são duas palavras que recaem com muita força sobre o Marfrig, alerta Müller. Em sua visão, a empresa – bastante alavancada – encontra muita resistência por parte do mercado graças ao estudo que a casa de research Empiricus fez sobre seus balanços e atuação do controlador sobre as ações de emissão do frigorífico – que levantou algumas irregularidades. “E qualquer dúvida, como essa, traz um peso muito negativo”, afirma. 

“E aí, qualquer notícia que sai é interpretada da pior maneira possível, já que é um papel que traz uma posição de risco muito forte”, destaca o analista. Ele destaca também que o mercado está bem nervoso ultimamente – colaborando para movimentos como esse. Além disso, a precificação das ações da companhia em sua oferta pública deverá ser conhecida amanhã: o que compele o mercado a jogar o preço das ações para baixo para conseguir manipular o preço no final. 

A notícia também abre uma janela que permite algumas pessoas realizarem lucros. “O mercado aproveita o momento negativo para vender, e se você olhar o que a empresa tem apresentado em seus balanços, as altas recentes não possuem muita justificativa”, finaliza o analista da Geral Investimentos. 

Imobiliárias sobem forte
A economia brasileira cresceu menos do que o esperado no terceiro trimestre, mas esse resultado abre caminho para que o governo anuncie mais medidas de estímulos para setores chaves para o desenvolvimento do País, como construção civil. Um quadro como esse já é esboçado pelo Barclays e LCA Consultores, que estimam que o fraco desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) beneficiará o setor no curto prazo.

Com isso, os papéis da MRV Engenharia (MRVE3) avançaram 4,07%, aos R$ 11,77, enquanto as ações da PDG Realty (PDGR3) tiveram ganhos de 4,98%, aos R$ 3,16 e Gafisa (GFSA3), com alta de 5,23%, sendo cotadas a R$ 4,43.

Um pouco mais distante aparecem as ações da Cyrela (CYRE3, +2,75%, R$ 18,31), Brookfield (BISA3, +3,33%, R$ 3,41) e Rossi (RSID3, +2,21%, R$ 4,17). Fora do Ibovespa, os ativos da Tecnisa (TCSA3, +3,80%, R$ 7,64), Even (EVEN3, +1,28%, R$ 8,72) e Helbor (HBOR3, +3,48%, R$11,90) também se valorizaram.

Por conta do crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre, na comparação anual , o governo deve anunciar que cinco setores serão contemplados com a desoneração de sua folha de pagamento, incluindo o imobiliário, disse a LCA Consultores.

Além desse fator, o analista Luis Gustavo Pereira, da Futura Investimentos, aponta que alguns ativos que estavam sofrendo bastante no ano começam a mostrar sinais de melhora nesse início de dezembro, com os investidores tomando mais risco. 

Suzano dispara com possível aumento de preço de celulose
A possibilidade da Suzano (SUZB5) de realizar um novo aumento de preço de celulose no início do ano que vem se refletiram positivamente em suas ações, fazendo-as subirem 5,98%, aos R$ 6,62.

Segundo informações da Bloomberg, a companhia irá aumentar os preços já no dia 1° de janeiro. Procurada pelo InfoMoney, a empresa não foi encontrada para comentar o assunto. 

Embora já fosse esperado, um reajuste no preço da celulose é visto com bons olhos pelo mercado, já que contribui para aumentar a receita da empresa, disse o analista Henri Evrard, da Infinity Asset. Além disso, ele aponta que a empresa está vivenciando uma boa fase devido à renovação de estoques na Ásia – que representa o principal destino de vendas da companhia -, o que corrobora para esse momento positivo, acrescenta o analista.

Estácio cai após anúncio de oferta de ações
Estácio (ESTC3) terminaram o dia com queda de 7,28%, aos R$ 36,30. A empresa comunicou nesta tarde que protocolou junto à Anbima (Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) um pedido de oferta pública primária (quando os recursos vão para a companhia) e secundária (o dinheiro vai para o vendedor) de ações, com o valor podendo chegar a um valor estimado de R$ 623 milhões. 

Esse anúncio serviu para acentuar as perdas da ação. Até o momento da divulgação do fato relevante, às 14h45 (horário de Brasília), os ativos ESTC3 recuavam cerca de 4%. Logo após a publicação, os papéis da companhia de educação acentuaram suas perdas e chegaram a cair 8,66%, batendo sua mínima do dia em R$ 35,76.

A distribuição secundária dos papéis será feita pelo fundo de private equity C, LLC e do GPCP4, que detém até o momento 19% das ações da companhia. A oferta primária e secundária poderá ser acrescida em ações suplementares correspondentes a até 15% das ações inicialmente ofertadas, e contar ainda com a colocação de um lote adicional de até 20% das ações inicialmente ofertadas. 

Time For Fun cai após concorrente ser criada
As ações da Time For Fun (SHOW3) recuaram 3,84%, terminando aos R$ 9,76. A revista Istoé Dinheiro noticiou que o empresário Walter Torre deverá criar uma nova empresa de entretenimento para competir com a T4F, junto com a AEG, sócia norte-americana.

A intenção do empresário é realizar um show por semana na nova arena do Palmeiras, com capacidade para 50 mil pessoas por evento. A perspectiva trouxe pressão às ações da empresa listada na BM&FBovespa, que em sua mínima intradiária, chegou a cair 5,22% – aos R$ 9,62. O volume da companhia impressionou: R$ 16,82 milhões, contra uma média de R$ 8,62 milhões nos últimos 21 pregões.