Quais características uma small cap precisa ter para valer a sua aposta?

Alguns conceitos e cuidados indispensáveis para o investidor que visa se aventurar em busca da tacada perfeita

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SÃO PAULO – Sem dúvida, a maneira mais rápida de se ganhar no mercado de ações é através de uma aposta certeira em algum “mico” do mercado. Isto porque é lei básica que quanto maior a possibilidade de retorno, maior o risco embutido naquela aplicação. Mas há alguns fatores que uma small cap precisa ter para valer a aposta, pois, como dito, aplicar no tal mico implica correr riscos, muitas vezes, grandes demais.

Não é todo o dia que aparece um novo Google no mercado. Por outro lado, a avaliação de alguns critérios, além de limitar o risco, pode indicar a small cap com melhores chances de bom desempenho. As cifras são atrativas. Depois de estrear em agosto na Nasdaq por volta de US$ 108, a ação da agora gigante da internet atualmente é cotada a US$ 430.

No Brasil, os casos são inúmeros. Um bom exemplo é a trajetória de ações como Plascar, Forjas Taurus ou Haga nos últimos anos, que chegaram a relacionar ganhos estratosféricos. Por outro lado, casos como o da Agrenco, cujos papéis despencaram de R$ 10,4 para R$ 0,11 em menos de um ano, alertam para os riscos.

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Como definir um mico
Para definir se determinada small cap se trata ou não de um “mico”, primeiro é preciso entender o conceito do jargão. Para os analistas, mico é aquela ação que ignora tendências, costuma ir contra o movimento predominante no mercado, descolando-se de seus fundamentos (ou da falta deles).

Com base neste conceito, uma boa pedida é avaliar o beta do ativo. O indicador nada mais é que uma maneira de determinar como uma ação reage a uma oscilação do mercado como um todo. Um beta de 1 indica que o ativo sendo analisado tende a reagir de acordo com o mercado. Por exemplo, caso o Ibovespa suba 2%, um ativo com beta 1 tende a acumular ganho de 2%. Já um beta superior a 1 indica que o ativo deve reagir com maior intensidade, enquanto beta entre 0 e 1 aponta para um ativo com volatilidade inferior ao mercado.

A sessão de análise fundamentalista da InfoMoney conta com cálculos dos betas de diversas ações. Outra alternativa é o endereço eletrônico da própria BM&F Bovespa, que traz sua medida de volatilidade para os ativos listados na bolsa brasileira.

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Duas questões
Duas questões sugerem atenção com as pequenas no momento. A primeira aponta diretamente para a crise. Quando os mercados começaram a despencar em 2008, boa dose da avalanche partiu do estrangeiro, que retirou suas aplicações nos mercados emergentes para cobrir perdas lá fora. Os ativos mais líquidos, mais fáceis de serem liquidados, sofreram bastante.

Por outro lado, a melhora da bolsa em 2009 demonstra que boa parte do fôlego estrangeiro foi para as blue chips, para a retomada das posições liquidadas no ano anterior. Cresce o número de analistas que apostam nas ações atrasadas daqui para frente. Boa parte deles destaca alguma small cap.

A maior propensão do mercado a movimentos de fusão e aquisição também atrai. O tiro certeiro pode estar em uma companhia atraente para seus pares setoriais e cujos ativos estejam acessíveis para o momento.

Liquidez
Como o risco é maior, a atenção precisa ser dobrada na escolha. Primeiro de tudo, é preciso considerar a liquidez. Alguns ativos passam dias sem qualquer negócio. Mesmo valorizados, podem frear uma oportunidade de venda porque não há no mercado quem queira comprar. Esta questão amplia o debate para outro campo: os famosos fóruns.

Um conselho trivial, mas que não pode passar em branco. Exatamente pelo fato de não haver grande volume de negócios com determinada small cap, qualquer ferramenta que a coloque no holofote pode render um giro a mais. Muitas vezes, a “bola da vez” sugerida nos fóruns nada mais é que a tentativa de algum acionista promover a venda de determinada ação. Portanto, é necessário ler as tais recomendações sempre com muito cuidado. O post em questão pode vir de um analista pouco competente ou mesmo mal intencionado.

Sinal de brusca oscilação
O volume de negócios também é indicativo de que algo pode estar por vir. Geralmente, os analistas destacam que quando o giro daquele ativo começa a apresentar alteração abrupta, é sinal de que oscilações abruptas estão por vir. O que não define se será para cima ou para baixo.

Neste caso, a melhor opção é se concentrar nos fundamentos. Em alguns casos, é difícil encontrar informações precisas a respeito dos balanços destas empresas, mas como se tratam de companhias abertas, seus números devem estar disponíveis no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). No entanto, há os casos de companhias inadimplentes de resultados; que exigem ainda mais cuidado com a ação.

Além disso, há de se cuidar para distinguir mero ruído especulativo com sinal efetivo de um Fato Relevante iminente. Nem todo aumento de volume tem por trás uma notícia importante a ser anunciada.

Indicadores importantes
Entre algumas variáveis importantes para se conhecer a empresa, primeiro é preciso atenção com resultados “ajustados”, que podem embutir fatores exógenos e mascarar a realidade dos números.

Dentre alguns indicadores recomendados, destaque para o retorno sobre o patrimônio líquido, que nada mais é que o lucro líquido da companhia dividido por seu patrimônio líquido, ou seja, o dinheiro que sócios e acionistas colocaram na empresa. O resultado indica quanto de retorno a companhia costuma oferecer por cada real aplicado nela.

Outra boa fonte de atenção é dívida líquida sobre Ebitda – geração operacional de caixa -, que pode indicar o grau de liquidez da companhia. Basicamente, aponta quanto tempo é necessário para a empresa honrar suas dívidas. Quando a conta chega em uma relação de duas vezes e meia do Ebitda, as agências de classificação de risco costumam acender o alerta com a companhia.

Aos aventureiros
Bons fundamentos, além de limitar o risco, podem determinar a busca de uma rival de maior porte pela aquisição daquela small cap. Para esta avaliação, uma boa medida pode ser a margem Ebitda – geração de caixa sobre a receita líquida -, ou seja, quanto de suas receitas que a empresa consegue transformar em caixa, um indicativo de eficiência.

Para quem não se sentir confortável em arriscar de forma direta, sempre há a opção dos fundos em small caps, para investir nas pequenas pelas mãos de um gestor mais gabaritado no assunto. Aos que preferirem se aventurar sozinhos, muito cuidado; ganhos sedutores muitas vezes escondem risco de perdas irreparáveis.