Dow Jones encerra sessão em queda após alta com compra do FRB; dólar e juros avançam em semana de decisão do Fed

Segundo CME Group, ampla maioria dos agentes acredita que a autoridade monetária deve elevar os juros em 0,25 ponto percentual

Bruna Furlani

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Em dia de feriado pelo Dia do Trabalho no Brasil, as atenções ficaram voltadas para os Estados Unidos nesta segunda-feira (1). Os principais índices americanos encerraram o dia em estabilidade ou em leve queda.

Após começar a sessão em leve alta, o Dow Jones terminou o pregão em leve queda de 0,14%, aos 34.051 pontos. Movimento parecido foi visto com o Nasdaq, que encerrou o dia com recuo de 0,11%, aos 12.212 mil pontos.

O S&P foi o único índice americano que terminou o dia próximo da estabilidade com leve recuo de 0,04%, aos 4.167 pontos.

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Investidores adotaram uma postura mais cautelosa e não realizaram grandes movimentos na sessão desta segunda-feira, à espera da decisão de política monetária americana, que será anunciada na próxima quarta-feira (3), e após a falência e compra de ativos de um banco nos Estados Unidos.

Apesar do clima mais morno nas negociações ao longo do dia, a segunda-feira começou agitada com a notícia de que o J.P. Morgan comprou “maioria substancial” dos ativos do First Republic Bank (FRB) após decretação de falência da instituição.

Nesta segunda-feira (1), o Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia (DFPI) informou que os reguladores americanos decretaram a falência do FRB, terceiro grande banco dos Estados a falir em dois meses após problemas com o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank.

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J.P. Morgan anuncia compra de “maioria substancial” dos ativos do First Republic Bank

A informação levou a uma alta dos papéis. As ações do J.P. Morgan começaram o dia cotadas a US$ 142,26, mas os preços perderam força ao longo do pregão. No fechamento, os papéis terminaram cotados a US$ 141,20, uma alta de 2,14%.

Pelas redes sociais, o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, disse que a ação do J.P. Morgan reduziu o risco de cauda de um evento bancário nos EUA no curto prazo. “Contudo, o mercado deverá voltar as suas atenções para o ‘próximo banco da fila’ na corrida bancária”, alerta.

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“O cenário base continua a ser de um relevante aperto das condições de crédito nos EUA e consequente, aperto das condições financeiras, que irão atuar na direção de desacelerar o crescimento econômico do País nos próximos seis a 12 meses. A probabilidade de recessão cresce exponencialmente neste ambiente”, destacou Kawa.

Olho no Fed e nos indicadores americanos

Além dos ajustes no sistema financeiro americano, investidores aguardam os dois dias de reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Segundo ferramenta da plataforma CME Group, ampla maioria (92,2%) dos agentes financeiros acredita que a autoridade monetária americana deve elevar os juros em 0,25 ponto percentual para a faixa entre 5,00% e 5,25%.

“O Fed deve decidir por mais uma alta de juros de 0,25 p.p. e as dúvidas se concentram nas decisões seguintes”, destacou o Bradesco.

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Para as próximas reuniões (junho, julho e setembro), a expectativa de maior parte do mercado é que haja manutenção da taxa. Já no encontro de novembro, quase metade dos agentes (40%) vê uma chance maior de corte dos juros para o patamar entre 4,75% e 5,00%.

Embora o mercado precifique algumas quedas da taxa ainda este ano, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tem adotado uma postura de cautela e defendido que precisa de sinais mais concretos de que a inflação está desacelerando para pisar no freio.

Um dos pontos de atenção tem sido o mercado de trabalho americano. Novos dados de emprego (payroll) referentes ao mês de abril vão ser divulgados na sexta-feira (5) e o consenso Refinitiv aponta para a criação de 180 mil vagas no período. Já a taxa de desemprego, que sofreu uma ligeira queda em março, deve voltar a 3,6%. A evolução dos salários também é um ponto importante a ser observado nesta semana.

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O dia também foi de leve alta do dólar e de abertura da curva de juros americana. No fechamento, o índice DXY – que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas de países desenvolvidos – avançou 0,44%, aos 102,11 pontos.

Ao mesmo tempo, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) voltaram a abrir na sessão de hoje, especialmente os de prazo mais longo. No encerramento do pregão, a taxa oferecida pelo título com vencimento em dez anos, por exemplo, era de 3,570%, acima dos 3,452% vistos na sexta-feira (28).

Temporada de balanços

Investidores também estão à espera de novas divulgações de balanços nos Estados Unidos. De acordo com a Bloomberg, 66% das empresas que reportaram lucro até a semana passada surpreenderam positivamente em termos de receita. O percentual foi ainda melhor quando o assunto foi o lucro. Nesse caso, 80% das companhia apresentaram números melhores do que o esperado.

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Apesar de algumas surpresas, o mesmo relatório mostrou alguns desafios como o repasse de preços em meio a uma inflação elevada, com a receita agregada subindo apenas 4%, ou seja, abaixo da inflação e o lucro por ação das companhias caindo 1,5%. “Caso o os lucros, de fato, caiam ao final da temporada, será o segundo trimestre consecutivo de contração após queda de 4% no último trimestre”, destacaram os analistas da XP em relatório.

Nesta semana, os destaques em termos de resultados ficam por conta do balanço da Apple (AAPL34), que será apresentado na quinta-feira (4). Há ansiedade no mercado. Os números de Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34), Alphabet (GOGL34) e Amazon (AMZO34) surpreenderam positivamente os investidores nos últimos dias.

Analistas acreditam que haverá uma desaceleração no crescimento da fabricante do iPhone, mas assim como as outras empresas do setor, há chance de surpresas positivas.

Desempenho dos ADRs

Sem negociação na B3 devido ao feriado do Dia do Trabalho, o dia foi de atenção ao movimento das ADRs de companhias brasileiras (recibos de ações de empresas listadas em bolsas estrangeiras e negociados nos Estados Unidos).

No fechamento desta segunda-feira, o índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne as principais empresas brasileiras listadas na B3 com recibos de ações negociados nos Estados Unidos, encerrou a sessão com queda de 0,88%, assim como o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no mercado americano, que replica o índice MSCI Brazil e que recuou 0,81% no pregão.