Ações da Petrobras caem 3% após alerta sobre petróleo; Gol salta 7% e Oi sobe mais de 10% com recomendação

Confira os destaques da B3 da sessão desta quarta-feira (15)

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Enquanto a sessão da véspera foi de ganhos para os mercados, o pregão desta quarta-feira (15) foi de queda para os principais índices mundiais, que foram seguidos pelo Ibovespa em meio a dados ainda piores do que o esperado nos EUA.

Além disso, o preço do barril WTI, petróleo de referência nos Estados Unidos, registrou a menor cotação desde 2002, abaixo dos US$ 20, em meios a dúvidas do mercado de que o novo corte da produção anunciado pela Opep consiga aliviar a queda da demanda.

A Agência Internacional de Energia (AIE) apontou que a demanda global por petróleo deverá cair 9,3 milhões de barris por dia este ano, uma vez que o isolamento social implementado pelo governo mantém a economia quase paralisada. Com isso, as ações da Petrobras caem, mas amenizam as baixas em relação à abertura.

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Seguindo também a maior aversão ao risco do mercado e com as dúvidas sobre como se dará a recuperação econômica, a Vale viu seus ativos caírem 3%. Hoje, os investidores repercutiram temores sobre a perspectiva econômica global após o Fundo Monetário Internacional (FMI) fazer previsões sombrias para este ano, em função do impacto da pandemia de coronavírus, que foram reforçados após os dados dos EUA.

O grande destaque, contudo, ficou para as ações da Oi, tanto a PN quanto a ON. Nesta data, os ativos tiveram a recomendação elevada pelo Credit Suisse. Os papéis ON chegaram a subir 30%, amenizando em seguida e fechando com alta de 10,91%. Contudo, vale destacar a baixa cotação dos ativos, com os papéis OIBR3 cotados em cerca de R$ 0,60. Assim, qualquer variação no valor acaba levando a um forte impacto percentual nas ações. Confira os destaques:

Petrobras (PETR3, R$ 16,62, -3,26%; PETR4, R$ 16,38, -2,09%)

Pelo menos 45 plataformas de produção de petróleo e gás natural instaladas em Estados do Nordeste e Sudeste vão ser desligadas neste mês. Em carta a sindicatos de petroleiros, a Petrobras informou a paralisação das unidades, o que vai significar demissões e remanejamento de pessoal.

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As medidas, no entanto, contribuem pouco para a meta de corte de 200 mil barris por dia (bpd) anunciadas para enfrentar a crise. O esperado é que muitas plataformas ainda entrem em hibernação e que centenas de funcionários deixem a empresa nos próximos meses por falta de espaço para recolocação interna.

O corte de produção faz parte da série de medidas que estão sendo tomadas pela empresa para fazer frente à atual crise do petróleo, em que o barril baixou ao patamar dos US$ 20. Segundo a empresa, com essa cotação, muitos dos seus ativos passaram a ser inviáveis e, mais do que nunca, o foco da companhia passou a ser o pré-sal.

Nem mesmo a Bacia de Campos, que já respondeu por 80% do desempenho do País e onde ainda existem áreas gigantes em operação, está fora do radar de corte da diretoria da petroleira. Por enquanto, os cortes no litoral fluminense foram pequenos, mas especialistas e fontes internas da empresa dizem que a redução vai ser mais profunda no Rio de Janeiro, até que os 200 mil bpd sejam alcançados.

As 45 plataformas paralisadas até agora, instaladas em águas rasas, somam pouco mais de 10 mil bpd de produção, o equivalente a 5% da meta de corte. Na Bacia de Campos, foram paralisadas seis unidades que, juntas, somam produção de 5,4 mil barris por dia (bpd), segundo dados do boletim divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Na bacia do Ceará-Piauí, mais nove vão ser desligadas em quatro campos, o que representa menos 2,4 mil bpd. Em número de plataformas, o Estado mais atingido foi o Rio Grande do Norte, com 24 unidades, que somam 2,4 mil bpd.

Os cortes nas três bacias – Campos, Ceará-Piauí e Potiguar – representam, portanto, 10,3 mil bpd de produção. Há ainda seis unidades de produção na Bacia de Sergipe-Alagoas, mas não há dados oficiais dos volumes produzidos por essas unidades. Ao todo, são extraídos 3,6 mil bpd na região.

Trabalhadores relatam ainda a parada de duas plataformas na Bacia de Campos, a P-43 e P-48, instaladas no campo de Barracuda, que somam 43,5 mil bpd. Mas a paralisação dessas unidades ainda não foi formalizada.

Na carta, a empresa oferece três opções aos empregados das unidades que vão ser temporariamente desligadas: a realocação interna de acordo com a necessidade da empresa, a adesão ao plano de demissão voluntária e o desligamento individualmente por acordo.

O questionamento dos sindicatos é sobre a capacidade da empresa de reter o grande número de funcionários que ficaram sem atividade, um volume de pessoas que tende a crescer ainda mais.

Sobre o setor de petróleo em geral, o Bradesco BBI analisou o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o qual prevê uma queda de 29 milhões de barris diários de petróleo na demanda em abril. A AIE prevê alguma recuperação nos mercados do petróleo a partir de maio, mas os preços seguirão pressionados durante 2020 inteiro. O Bradesco BBI enfatizou que a sua visão sobre o mercado do petróleo é muito semelhante à da agência.

“A recuperação dos preços do petróleo será muito gradual. Em termos da projeção da demanda, o auge do impacto do Covid-19 deve durar um mês, com uma recuperação também muito gradual. Se o auge do impacto se estender, a recuperação da demanda também levará mais tempo”, avalia o BBI.

Antes da reunião da Opep+ em 9 de abril, o Bradesco BBI publicou um extenso relatório, no qual prevê três cenários para o petróleo: o positivo, o neutro e o negativo. No caso positivo, o impacto do coronavírus na produção e demanda dura um mês; no neutro, três meses; e no negativo, cinco meses. O BBI previu que a produção cairia em 25 milhões de barris diários já em abril, mais ou menos em linha com a AIE.

“A Opep precisará cortar a produção em 10 milhões de barris diários por 18 meses para que os preços comecem a se recuperar no segundo semestre de 2021, quando deverão subir para US$ 40 o barril”, projeta o BBI.

Gol (GOLL4, R$ 12,28, +7,16%)

A Gol Linhas Aéreas comunicou na noite de ontem que chegou a um acordo para ser compensada financeiramente pela fabricante americana Boeing, que fornece as aeronaves Boeing 737 MAX que formam parte da frota da empresa brasileira.

A Gol teve prejuízos após a maioria das agências reguladoras de aviação civil terem determinado que o Boeing 737 MAX não poderia mais voar, depois que dois acidentes, no final de 2018 e começo de 2019, na Indonésia e Etiópia, mataram mais de 300 pessoas.

Segundo a Gol, com a determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), proibindo os voos do 737 MAX no Brasil, no primeiro trimestre de 2019, a empresa ficou com sete aviões deste modelo fora de serviço desde então.

Nos Estados Unidos, a agência federal de aviação civil, a FAA, também proibiu voos com o 737 MAX. Para a Gol, houve atraso e depois suspensão na entrega de 25 aviões 737 MAX programadas para 2019.

“Isso impactou negativamente as operações da Gol, o seu crescimento e o seu plano de renovação de frota”, informou a empresa. “O acordo é composto por compensação em dinheiro e o cancelamento de 34 pedidos, reduzindo os pedidos firmes da Gol para aeronaves 737 MAX de 129 para 95”, disse.

Desde a sua fundação em 2001, a Gol sempre operou com aviões 737 da Boeing, tendo comprado 250 aeronaves da empresa americana. O diretor-presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que a empresa “segue totalmente comprometida com o 737 MAX como núcleo da sua frota”.

“Apesar de os detalhes do acordo não serem públicos, o cancelamento de uma parte dos pedidos deverá permitir à companhia maior flexibilidade para ajustar sua capacidade à demanda reduzida. Além disso, o recebimento de uma compensação em caixa em um momento de busca por maior liquidez poderá prover um conforto adicional para a Gol”, destaca a XP Investimentos.

Ainda no setor de aéreas e turismo, destaque para a notícia de que as perdas acumuladas pelas operadoras de turismo no Brasil já somam R$ 3,9 bilhões em 2020, o que equivale a 25% do faturamento inteiro deste setor da economia em 2019.

Os dados são da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), foram divulgados nesta semana e fazem parte de uma avaliação da Levante sobre o setor. A Braztoa informou que 90,4% dos embarques foram cancelados em março; para abril, os turistas cancelaram ou adiaram 96,2% dos embarques, enquanto para maio o porcentual de cancelamento, por enquanto, é de 94%. Para junho, segundo a Braztoa, o porcentual de cancelamentos é de 63,5%.

“Nem mesmo a previsão de uma normalização para o setor a partir de agosto melhora o cenário, porque a taxa de cancelamento das viagens para o segundo semestre está em 26%”, destaca o levantamento, que confirma “os piores temores” dos profissionais do turismo por causa da epidemia do coronavírus. “Como já estamos na metade de abril e a paralisação continua, o retrato atual deve ser ainda mais severo. Por isto, esperamos um impacto negativo para as ações da CVC, Gol e Azul”, avalia a Levante.

Vale (VALE3, R$ 43,19, -3,01%) 

O poder judiciário de Minas Gerais determinou ontem o bloqueio de R$ 50 milhões da mineradora Vale, como garantia de “eventuais prejuízos decorrentes da remoção das pessoas residentes em uma área de possível alagamento, no caso de rompimento da Barragem Doutor”.

A Vale também deverá pagar 1 salário mínimo a cada adulto, meio salário mínimo a cada adolescente e um quarto de salário mínimo para cada criança removida do local, até o reassentamento definitivo. A Vale estima que 229 pessoas passarão a receber o auxílio emergencial. O pedido de bloqueio dos recursos e de outras medidas foi feito pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais. A Vale informou que começou a remover os moradores da área de risco em 16 de fevereiro, com o apoio da Defesa Civil. A empresa afirmou que “adotará as medidas necessárias para assegurar o seu direito de defesa”.

Oi (OIBR3, R$ 0,61, +10,91%; OIBR4, R$ 1,05, +10,53%)

O banco Credit Suisse elevou a recomendação para a ação PN da operadora de telefonia Oi para Neutra, em novo relatório que fez sobre o setor de telecomunicações no Brasil já sob o impacto da epidemia do coronavírus.

O Credit Suisse reduziu o preço-alvo da ação OIBR4 de R$ 0,70 para R$ 0,50, mas avalia que agora o risco de alta dos papéis da Oi chegou a um momento em que é igual ao risco de baixa. O banco prevê, neste cenário, que a Oi finalmente venderá sua operação de telefonia celular em 2020, por um preço ao redor de R$ 15,5 bilhões.

“Nós ressaltamos, contudo, que o cenário para a empresa permanece desafiador”, comenta o CS. A Oi ainda está em recuperação judicial, embora tenha reduzido drasticamente seu endividamento nos últimos dois anos. O CS pondera que a perspectiva de geração de caixa da empresa é relativamente baixa.

JBS (JBSS3, R$ 20,76, +3,28%), Marfrig (MRFG3, R$ 9,50, 0,00%) e BRF (BRFS3, R$ 19,05, +1,01%) 

A XP Investimentos avalia que o risco do fechamento temporário dos frigoríficos no Brasil, por causa da epidemia do coronavírus, ainda é pequeno, ao contrário dos Estados Unidos, onde o setor registrou vários casos de contágios pelos trabalhadores nos últimos dias e muitas plantas foram fechadas. “Por enquanto, só três casos foram registrados em um frigorífico da JBS em Santa Catarina, além de seis funcionários da BRF que testaram positivo para o Covid-19. Mantemos nossa recomendação de compra para a JBS, Marfrig e BRF”, avalia a XP.

Elétricas

O governo está preparando decreto que regulamenta a Medida Provisória 950, que isentou consumidores de baixa renda de pagarem a conta de luz e possibilitou que distribuidoras tomassem um novo financiamento para fazer frente à crise desencadeada pelo Coronavírus.

Segundo o Estadão, no texto, o financiamento é denominado “Conta-Covid”, e cobrirá itens como: taxas de uso de rede, pagamento da tarifa de Itaipu, cotas da Conta de Desenvolvimento Energético, exposição involuntária das distribuidoras, reajustes que foram postergados por 90 dias e outros.

O modelo é semelhante ao da Conta ACR de 2014 e 2015, que cobriu custos das distribuidoras com compras de energia no mercado de curto prazo a preços elevados. O empréstimo foi repassado às tarifas de consumidores regulados e, entre 2015 e 2019 levou a um aumento de contas de luz de 6% ao ano par ser quitado.

Desta vez, o financiamento a ser contratado seria arcado não só por consumidores do mercado regulado, mas também sobre tarifas de transmissão, que recai sobre consumidores do mercado livre. O pagamento se dará em cinco anos, e a cifra total estimada gira em torno de R$ 15 bilhões a R$ 17 bilhões.

Além disso, o decreto prevê a possibilidade de reequilíbrio econômico dos contratos de concessão das distribuidoras caso o empréstimo não seja o suficiente para cobrir as despesas adicionais.

“Apesar de ser uma sinalização positiva, acreditamos que as medidas a serem apresentadas servirão para endereçar os problemas de curto prazo das distribuidoras como inadimplência exacerbada e sobrecontratação, mas não conseguirão solucionar questões como queda estrutural da demanda, aumento de perdas não-técnicas (ou furto) de energia e inadimplência estruturalmente maior com a deterioração da economia”, destaca a XP Investimentos.

JHSF (JHSF3, R$ 3,71, 0,00%)

A JHSF, proprietária de shopping centers e empreendimentos imobiliários de alto padrão, fará uma emissão de debêntures simples e não conversíveis, para colocação privada, no valor de R$ 300 milhões. Segundo a empresa paulista, os papéis serão adquiridos pela True Securitizadora e oferecerão uma remuneração anual equivalente ao CDI mais juros de 1,55%. O prazo de resgate das debêntures é de seis anos e a JHSF informou que os papéis servirão para lastrear emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), “cuja liquidação ocorrerá nos próximos dias”. Com os recursos levantados, a JHSF informou que reduzirá o custo médio da sua dívida, obtendo uma economia de spread de R$ 6 milhões por ano, além do alongamento do prazo médio do seu endividamento consolidado.

Localiza (RENT3, R$ 30,12, -1,21%)

A Localiza Hertz realizará as suas assembleias gerais ordinária e extraordinária na sede da empresa, em Belo Horizonte (MG), às 9h30 do dia 23 de abril. Por causa da epidemia do coronavírus, a empresa ofereceu aos acionistas a possibilidade de acompanhar as assembleias por videoconferência – através da plataforma digital Microsoft Teams.

A locadora mineira também recomenda que, por causa da pandemia, os acionistas mandem os votos à distância, através do preenchimento e envio do boletim com antecedência. Quem optar por acompanhar as assembleias por videoconferência não terá direito a votar na hora ou a fazer perguntas. A Localiza Hertz informou que os pedidos para participar da assembleia por videoconferência poderão ser feitos até as 13 horas do dia 20 de abril, no endereço assembleia@localiza.com.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.