Ações da BR Properties (BRPR3) sobem 2,45% após anúncio de redução de capital: analistas divergem sobre potencial de alta

Movimentação pode forçar gestores a vender suas participações e pressionar ativos

Vitor Azevedo

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As ações ordinárias da BR Properties ([ativo=BRPI3]) subiram nesta quarta-feira (4), ainda que longe da máxima do dia, fechando com alta de 2,45% (R$ 6,28). Os papéis chegaram a subir até 5,87%, a R$ 5,49. A movimentação vem após a companhia anunciar uma proposta de redução de capital na noite de ontem, bem como um grupamento das ações.

A redução de capital será de R$ 2,5 bilhões, com restituição aos acionistas, sendo uma parcela em dinheiro, de R$ 1,27 bilhão, e o restante em cotas de um fundo de investimento imobiliário (FII). Quanto o grupamento, a proposta é de juntar 40 ações em uma. As duas  alterações serão votadas em assembleia geral extraordinária (AGE) marcada para o dia 24 de janeiro.

“Aplaudimos a iniciativa de devolver caixa aos acionistas sob a hipótese de que a empresa carece de aplicações atrativa de recursos no momento, mostrando mais uma vez a capacidade diferenciada da BR Properties de alocar capital e disciplina”, comentam os analistas do Bradesco BBI em relatório.

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Em um cenário ainda incerto para a economia brasileira, a companhia de investimentos em imóveis comerciais demonstra, para os analistas, preferir devolver o capital para seus acionistas do que fazer aplicações incertas – isso após vender, em 2022, cerca de 80% do seu portfólio para a Brookfield por quase R$ 6 bilhões.

“Além do dinheiro, a transferência de ativos para o BROF11 pode liberar valor para os acionistas, já que o mercado de fundos imobiliários no Brasil atualmente é negociado com um desconto de 15,20% em relação ao valor líquido do ativo [NAV, na sigla em inglês], enquanto o BRPR3 é negociado com um desconto de 40%”, acrescentam os especialistas do banco.

O Itaú BBA, também em relatório, vai no mesmo caminho, definindo a operação como positiva. O banco, porém, traz alguns contrapontos.

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“Assumimos diferentes cenários e acreditamos que a empresa pode se valorizar em até, aproximadamente, 25%”, defendem. “A probabilidade é de 60% para a empresa remanescente ser liquidada a um múltiplo de 0,85 vez o NAV; 20% para um retorno para 0,55 vez o NAV e 20% restantes no P/NAV pós-negociação calculado em 0,2x”.

De acordo com a instituição, o que pode dificultar a negociação é que alguns dos investidores da BR Properties, como gestoras, podem não ter permissão para operar FIIs, o que pode gerar fluxo vendedor.  Além disso, a companhia resultante, para eles, terá uma baixa capitalização de mercado, de cerca de R$ 350 milhões.

“Mantemos nossa classificação de desempenho em linha com o mercado (marketperform, equivalente à neutra) e concluímos que a ação tem mais chances de reagir positivamente, mas sem atingir todo o seu potencial”, debatem. “Mesmo atribuindo 75% de chance da empresa remanescente ser liquidada, o potencial de valorização deve ficar em torno de 25%, com as ações possivelmente subindo de 10% a 15%”, destacou o banco antes da abertura, sendo que os ativos têm subido menos do que esse percentual na sessão.

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O Bradesco BBI tem recomendação outperform para as ações da BR Properties, com preço-alvo em R$ 12 (upside de 88,9% frente ao preço de abertura desta quarta). O BBA tem preço-alvo em R$ 7 (upside de 10,2%) e recomendação market perform.