Ação da Santos Brasil (STBP3) cai 3% após salto de mais de 8% na véspera, com rumor de interesse da MSC na companhia

Notícia foi divulgada na véspera em meio a um cenário de mudança na dinâmica do setor; JPMorgan destacou cenários para a companhia

Equipe InfoMoney

(Divulgação)

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A sessão de ontem foi de forte queda para o Ibovespa, que voltou do Carnaval com baixa de 1,85%, em meio à visão de que um aperto monetário mais intenso nos países desenvolvidos será necessário. Porém, algumas ações fugiram da forte queda, como foi o caso da Santos Brasil (STBP3), que acelerou os ganhos na reta final do pregão da véspera e fechou com valorização de 8,27%, a R$ 8,50. Já nesta quinta-feira, os papéis caíram 3,18%, a R$ 8,23.

A alta da última quarta foi motivada, conforme aponta o JPMorgan, pela notícia do TC (citando fontes) de que a MSC estaria negociando para adquirir a Santos Brasil em uma operação que poderia ultrapassar os R$ 7 bilhões.

A MSC e a Santos Brasil foram procuradas pelo InfoMoney. Em comunicado, a Santos Brasil afirmou ter consultado membros da administração e acionistas relevantes da companhia, recebendo a resposta do Opportunity de que “foi, por diversas vezes, e segue sendo, com frequência, procurado por interessados em adquirir ações da SBPar. Não há, no entanto, até este momento, qualquer documento, sequer preliminar, assinado pelo Opportunity de venda de ações da SBPar com qualquer potencial comprador.” A MSC não se pronunciou.

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Em relatório, o JPMorgan afirmou que, se confirmado, o movimento é positivo, e, com base nas últimas transações, a avaliação implícita seria entre 8,5 a 14 vezes o múltiplo de EV/Ebitda (valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia.

Se não for confirmado, os analistas do banco apontam que pelo menos demonstra o contínuo interesse das empresas de navegação na verticalização de suas operações e na busca de oportunidades no segmentos de terminais; e coloca a Santos Brasil em uma posição ainda melhor para a próxima negociação de preços com a Maersk, prevista para o final do primeiro trimestre de 2023 (1T23).

Os analistas recordam ainda que a Santos Brasil é uma sociedade anônima que pertence ao Novo Mercado (maior nível de governança corporativa do Brasil) e tal oferta provavelmente desencadearia direitos de tag along (que visa dar mais garantia aos acionistas minoritários nos casos de mudança no controle da companhia ao oferecer determinado porcentual a eles em relação ao recebido pelo controlador), sendo que  o fundo de investimento brasileiro Opportunity detém sozinho cerca de 42% participação por meio de diferentes veículos.

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O banco mantém classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação da Santos Brasil, com preço-alvo de R$ 11.

Maersk também de olho?

A especulação sobre a compra acontece cerca de um mês após a MSC e a Maersk, que são duas das maiores companhias de transporte marítimo do mundo, anunciarem o encerramento do seu acordo de compartilhamento de navios a partir de 2025. O acordo envolvia o uso de slots de navios das duas empresas em algumas rotas.

Na ocasião, o Bradesco BBI viu a notícia como favorável para a Santos Brasil, operadora de três terminais portuários, sendo o maior deles no Porto de Santos. O banco destacou que a disrupção nas cadeias globais de abastecimento causada pela pandemia mudou a dinâmica do mercado de transporte marítimo, com as empresas do setor priorizando o planejamento de jornadas mais ágeis, em vez de ter um número grande de rotas frequentes, promovendo uma desconsolidação do setor de transporte marítimo.

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Isso seria uma tendência positiva para a Santos Brasil, já que aumentaria seu poder de barganha, uma vez que ela faria as negociações dos contratos de forma individual, caso a caso.

Porém, os analistas destacaram a possibilidade da Maersk vender sua fatia no terminal de contêineres BTP (joint venture com a MSC com operação também em Santos). Assim, poderia fazer uma oferta sozinha no leilão do terminal STS10.

Mas, em terceiro lugar, ainda que com menor probabilidade, cogitou que Maersk poderia tentar comprar a Santos Brasil ou seu terminal no Porto de Santos, ainda que destacando o valuation esticado da companhia, o que inibiria a negociação.