Ação da Santos Brasil (STBP3) fecha em queda de 3,65% após resultado, mas analistas mostram otimismo e reiteram recomendação de compra

Em teleconferência, executivos da companhia apontaram ainda que os volumes movimentados nos terminais portuários da empresa estão em linha com o projetado

Augusto Diniz Lara Rizério

(Divulgação)

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A sessão pós-resultado não é positiva para a Santos Brasil (STBP3), empresa brasileira de operação de contêineres e logística, ainda que seus números do quarto trimestre de 2021 tenham sido vistos como fortes pelos analistas de mercado. Os dados foram impulsionados principalmente pela melhora da movimentação de contêineres e pela elevação de seu tíquete médio da empresa em todas as suas unidades de negócio, em especial o Tecon Santos.

A ação, contudo, fechou em queda de 3,65%, a R$ 6,59, também refletindo a forte piora do mercado na reta final do pregão desta sexta-feira (11).

A companhia registrou lucro líquido de R$ 113,8 milhões no quarto trimestre de 2021, ante R$ 14,3 milhões do mesmo período do ano anterior, uma expressiva alta de 695%. A receita líquida teve alta de 70,2% no ano contra ano, totalizando R$ 443,5 milhões de reais no trimestre.

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A Santos Brasil registrou melhora na movimentação de contêineres, com seus terminais portuários tendo movimentado 321,7 mil unidades no trimestre, volume 6,3% acima do observado em igual período do ano passado. Na comparação 2021 contra 2020, o avanço foi ainda mais significativo, com aumento de 20,6% do volume.

O Itaú BBA apontou que a empresa apresentou fortes números no quarto trimestre, superando as estimativas da casa e do mercado. O bom desempenho observado no trimestre foi liderado por um aumento nos volumes, tarifas elevadas e um melhor mix de serviços. Isto possibilitou a companhia atingir a projeção (guidance) para 2021 de contêineres movimentados e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).

De olho nos próximos trimestres, os analistas da casa esperam que os aumentos nas tarifas e o crescimento moderado de contêineres transportados levem a receita líquida e o Ebitda a fortes níveis em 2022. “Assim, mantivemos nossa
recomendação de compra para STBP3, com preço-alvo de R$ 9,80 ao fim de 2022”, ou um potencial de alta de 47% em relação ao fechamento da véspera.

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Os analistas apontam que a Santos Brasil encerrou no quarto trimestre as obras de expansão e reforço do cais do Tecon Santos, concluindo a primeira fase do Projeto Executivo do terminal, que aumentou a capacidade em 20%. A próxima fase do projeto expandirá a capacidade em mais 8%.

A XP também reiterou recomendação de compra para os ativos após o resultado, possuindo preço-alvo de R$ 9, ou alta de 32% em relação ao fechamento de quinta-feira.

Os analistas da casa destacaram o sólido desempenho de volume apesar dos desafios impostos pela escassez global de contêineres, o ganho de participação de mercado da Tecon, o terminal de veículos da Santos Brasil no Porto de Santos melhorando seu mix de volume com maior participação de veículos pesados ​(implicando em tarifas médias mais altas) e a inauguração em dezembro do plano de expansão.

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Já do lado negativo, a XP ressalta que os volumes de movimentação de contêineres poderiam ter sido ainda maiores se não fosse a atual crise global da cadeia de suprimentos resultante da falta de disponibilidade de contêineres, com impacto mais significativo em rotas secundárias, como as América do Sul. Além disso, o Tecon Vila do Conde sofreu com a falta de contêineres vazios de exportação e o embargo chinês à carne brasileira, fazendo com que os contêineres movimentados caíssem 15% na base anual no quarto trimestre de 2021.

A Levante, por sua vez, destaca que a a companhia divulgou volumes mais fracos no início de 2022. Contudo, a casa de research tem perspectivas positivas para a empresa no ano, esperando que recupere seu ritmo nos próximos meses. “Como
catalisadores, apontamos as novas negociações contratuais a serem realizadas pela empresa e a participação da mesma nos leilões previstos para o ano”, ressaltam.

Analistas também destacam as indicações positivas de remuneração aos acionistas: a XP e a Levante apontam que, além dos bons resultados, a Santos Brasil divulgou dois fatos relevantes com indicações positivas de seu conselho de administração.

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O primeiro deles, um novo e relevante programa de recompra de até 85 milhões de ações (cerca de 10% do total de ações em circulação), que terá validade de 18 meses e, na visão da XP, transmite uma mensagem positiva ao mercado quanto à percepção da administração/conselho sobre o preço atual das ações.

Já o segundo é sobre os dividendos extraordinários no valor de R$ 34 milhões, perfazendo um total de R$ 258 milhões a serem distribuídos aos acionistas (incluindo dividendos e juros sobre capital próprio), o que implica para 2021 um (a) dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) de 4,4%, e (b) payout (índice de distribuição) de 95%.

O Bradesco BBI destacou que a Santos Brasil encerrou 2021 com geração de caixa de R$ 579 milhões, impulsionada por renegociações de contratos com companhias marítimas, que devem continuar em 2022. Na opinião dos analistas, esse forte desempenho operacional deve ser suficiente para financiar o programa de recompra  anunciado recentemente pela empresa.

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Enquanto isso, a empresa deve continuar a alocar os recursos de sua oferta de follow-on em novas concessões de terminais e potenciais fusões e aquisições no setor de logística, mantendo sua disciplina de alocação de capital. O BBI segue com recomendação equivalente à compra (outperform, desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 12 para os ativos, ou potencial de alta de 75%.

“A visão positiva é baseada em: 1) um ambiente de preços mais forte; 2) estoques baixos no Brasil para sustentar os volumes; e 3) a privatização da Santos Port Authority (SPA), empresa que administra o porto de Santos,  pode aumentar a eficiência”, destaca.

Operações e impacto do conflito Rússia-Ucrânia

Em teleconferência após os resultados, Ricardo dos Santos Buteri, diretor comercial da empresa, disse que os volumes movimentados nos terminais portuários da empresa no Brasil estão em linha com o projetado. O executivo disse que a questão do conflito Rússia-Ucrânia a companhia está “acompanhando de perto”.

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Segundo ele, “o bloqueio de importações da Rússia tem impacto reduzido em operação com contêineres”, que é o caso da Santos Brasil. “O grande impacto é com (operações de) granel”.

O executivo citou que a participação da Rússia na movimentação do Tecon Santos é de apenas 0,3%. “Relação de volumetria ínfima”, citou. A questão maior, disse, é com os atrasos, pois há suspensão de armadores de operação no norte da Europa.

A  companhia disse ainda a analistas de mercado que tem interesse de participar do leilão de arrendamento do STS 10, de contêiner, um dos maiores já feitos no Porto de Santos nos últimos tempos, com investimentos iniciais previstos de R$ 2,5 bilhões e capacidade para aproximadamente 2 milhões de TEUs (contêiner padrão de 20 pés) por ano.

Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Ministério da Infraestrutura (Minfra) pretendem levar a leilão a nova área no complexo de Santos ainda no segundo semestre deste ano.

Entre as aquisições já feitas, Daniel Pedreira Dorea, CFO da Santos Brasil, disse a analistas de mercado pela manhã que a empresa “espera passar as primeiras faturas” no segundo semestre de 2022, dando início às operações comerciais de dois terminais de líquidos do Porto de Itaqui (IQI03 e IQI11), em São Luís do Maranhão, adquiridos em leilões realizados ano passado pelo Ministério da Infraestrutura.

A empresa pretende começar esse ano a investir na construção do terceiro terminal arrematado (IQI 12), também em Itaqui – trata-se de um projeto greenfield com início das operações previsto para 2026.

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