Ação da Petrobras dispara até 5% e mais 5 papéis reagem a balanços; Vale cai com baixa do minério

Confira os destaques da B3 da sessão desta sexta-feira (2)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A sessão é de leve alta para o Ibovespa, guiado principalmente pela alta de até 5% das ações da Petrobras após o resultado e também com a sessão de recuperação do petróleo. Ontem, a commodity desabou 7%  com o anúncio de Donald Trump, presidente dos EUA, sobre tarifar em 10% cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses. Além da Petrobras, números de Porto Seguro, Localiza, Cia Hering, Odontoprev e Grendene também repercutem no mercado. 

 Enquanto isso, as ações da Vale (VALE3 R$ 47,57, -1,67%) registram queda seguindo a baixa de 4,8% do minério de ferro negociado em Qingdao com o “efeito Trump” repercutindo no mercado. Confira os destaques:

Petrobras (PETR3, R$ 29,52, +4,09%;PETR4, R$ 26,79, +4,61%) 

Com a venda da TAG, rede de gasodutos que interliga as Regiões Sudeste e Nordeste do País, a Petrobras registrou lucro de R$ 18,9 bilhões no segundo trimestre, o maior da história da empresa para o período. O resultado foi marcado por fatores que podem não se repetir nos próximos meses, como a alta do petróleo e a taxa de câmbio favorável à empresa. No documento de divulgação do balanço, a petroleira anunciou também que poderá sair completamente da BR Distribuidora, com nova oferta de ações.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Se não fossem os ganhos que não devem acontecer de novo, o lucro teria sido de R$ 5,2 bilhões, abaixo da expectativa do mercado, que contava com um resultado positivo de R$ 7,7 bilhões, segundo projeções do Estadão/Broadcast levantadas com analistas de mercado. O desempenho da estatal sem esses eventos veio abaixo também do lucro registrado em igual período do ano passado, de R$ 10 bilhões. Ainda assim, a leitura de especialistas é que o resultado foi positivo.

Na carta de apresentação do balanço no segundo trimestre, a estatal classificou o resultado como “bom desempenho financeiro”. “Estamos muito confiantes de que a implementação criteriosa de nossa agenda possui capacidade para eliminar no futuro a diferença do desempenho que nos separa das melhores companhias globais de petróleo e criar substancial valor para nossos acionistas”, escreveu a companhia. O documento, pela primeira vez, trouxe uma fotografia do caixa e da operação no trimestre atrelado a metas para o futuro.

Por conta do alto endividamento, de US$ 83,7 bilhões, a empresa continuará vendendo ativos. A perspectiva é de redução da dívida no terceiro trimestre. A Petrobras sinalizou também que vai investir menos. O orçamento de US$ 16 bilhões foi revisto para um intervalo de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões. Esses valores, no entanto, não incluem os gastos que a petroleira deve ter com a compra de áreas nos leilões deste ano.

Continua depois da publicidade

As vendas somaram US$ 15 bilhões até o fim de julho, com destaque para TAG, BR Distribuidora e campos maduros de petróleo. A empresa anunciou a perspectiva de se desfazer da totalidade das ações da distribuidora de combustíveis.

“Ficamos ainda com 37,5% do capital da BR, que no futuro temos a intenção de vender parcial ou totalmente. Enquanto isso, vamos nos beneficiar como acionistas do enorme potencial de criação de valor da BR com a flexibilidade que possui uma empresa privada”, informou a empresa. 

Os analistas do Morgan Stanley destacaram que a Petrobras segue gerando um forte fluxo de caixa livre (FCF), apesar da branda produção no segundo trimestre. “Com menor intensidade de capital e foco claro no pré-sal de baixo custo, esperamos que o rendimento do FCF impulsione o estoque, juntamente com a redução contínua da dívida”, destacaram, reforçando a recomendação de Overweight, com preço-alvo de US$ 19,00.

O Morgan Stanley destacou, porém, que o resultado mais modesto no Ebitda foi impulsionado por menores resultados de refino e maiores custos no segmento de gás, ambos não essenciais para a empresa. Os especialistas destacaram ainda não ter identificado um claro resultado negativo do trimestre, reforçando que a queda na projeção de produção deverá ser discutida na teleconferência programada para hoje.

“Continuamos confiantes na trajetória de crescimento descomunal da Petrobras em relação aos pares globais e os recentes desafios com as plantas de comissionamento de gás em Búzios não diminuem essa confiança”, ressaltou Morgan Stanley.

Para a XP, os resultados foram poluídos pela mudança da BR Distribuidora para a linha de operações descontinuadas, pelos os ajustes do IFRS e pelos impactos não recorrentes. Dessa forma, a avaliação da XP dos resultados foi mista. “Entretanto, a destacamos como positiva a geração de caixa e a redução do endividamento no trimestre.”

“Continuamos a ver um risco-retorno atrativo para a Petrobras com vários eventos positivos no radar. A empresa está comprometida com a agenda de venda de ativos e estimamos um potencial de geração de recursos entre R$ 77 bilhões e R$ 91 bilhões, com destaque para ativos de refino e gás natural. Além disso, o mercado também deve monitorar, após o leilão dos excedentes da Cessão Onerosa, potenciais ganhos com a compensação de investimentos passados e diferimento da produção original”, acrescenta a XP, que reitera a recomendação de compra ações da Petrobras, com preços-alvo de 12 meses de R$ 36, R$ 35, US$ 18,5 e US$ 18, respectivamente, para PETR4, PETR3, PBR-A, PBR.

Ainda sobre a Petrobras, o Credit Suisse destacou como principais pontos do balanço a aceleração da desalavancagem em US$ 10 bilhões, para US$ 58 bilhões “A entrada de caixa dos desinvestimentos de US$ 4,9 bilhões e o menor capex ajudaram na geração de caixa”, avaliaram, destacando ainda o menor guidance de capex em US$ 5 bilhões, o que pode levar a um aumento “no FCF yield em 3% adicionais, mas ao mesmo tempo pode afetar a curva futura de produção”.

“Os desinvestimentos (TAG no segundo trimestre e BR Distribuidora no terceiro trimestre) também estão ajudando o ‘bottom line’ e podem fechar o gap de diferença de dividendos entre as ONs e PNs”, finalizaram os especialistas do Credit Suisse.

Cielo (CIEL3)

A Cielo informou, em comunicado ao mercado, não ter conhecimento sobre informações referentes à venda das ações que o Banco do Brasil detêm na companhia. A informação foi publicada ontem pelo Broadcast, levando os papéis da companhia a fechar o pregão com alta de 15%.

Esta foi a maior alta dos papéis da empresa desde sua estreia na Bolsa, em junho de 2009, elevando o valor de mercado da participação do BB a mais de R$ 6 bilhões.

A avaliação é de que, com a chamada “guerra das maquininhas” os preços estão sendo empurrados para baixo, o que se torna apenas mais um motivo para o Ministério da Economia seguir com seu discurso de desinvestimentos.

Localiza (RENT3)

A Localiza teve lucro, sem os efeitos do IFRS 16, de R$ 191,4 milhões no segundo trimestre deste ano, resultado 34,9% acima do reportados em igual intervalo de 2018. O lucro com IFRS 16 somou R$ 190,1 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) somou R$ 466,4 milhões no segundo trimestre, alta de 34,2%. Com IFRS 16, o Ebitda atingiu R$ 499,9 milhões.

A receita liquida consolidada subiu 36,8%, para R$ 2,381 bilhões. A receita de aluguel somou R$ 996,6 milhões, alta de 29,5%, e de seminovos avançou 42,6%, a R$ 1,384 bilhão.

Para o Bradesco BBI, a Localiza apresentou um bom crescimento no lucro, mas com um menor retorno sobre o capital investido (Roic). Segundo os analistas Victor Mizusaki, Gabriel Rezende e Paula Athanassakis, a receita ficou abaixo do esperado, com as vendas de veículos abaixo do esperado. Por outro lado, destacam, a operação de aluguel teve um forte crescimento.

“O ambiente de precificação saudável ajudou a Localiza a entregar a margem Ebitda no aluguel de carros no segundo trimestre de 37,7%, acima dos 35% registrados no segundo trimestre do ano passado. No entanto, se comparado ao quarto trimestre do ano passado e o primeiro trimestre deste ano, a expansão da margem Ebitda reduziu-se para 2,7 p.p., de aproximadamente 4,7 p.p. nos dois trimestres anteriores”, escreveram.

O Bradesco BBI manteve a recomendação de “Outperform”, mas reduziu o preço-alvo para 2020 de para R$ 49,00 para R$ 50,00.

Cia Hering (HGTX3)

A Cia Hering apresentou um lucro líquido antes do IFRS 16 de R$ 41,2 milhões no segundo trimestre, uma queda de 28,1% na comparação anual. Com o IFRS 16, o lucro atingiu R$ 40,6 milhões, queda de 29%.

O Ebitda, antes do IFRS 16, totalizou R$ 39,1 milhões, com margem de 10,9%. Considerando o IFRS 16, o Ebitda somou R$ 46,1 milhões, representando uma queda de 20,4%, com margem de 12,8% (-3,2 p.p.)

A receita líquida somou entre abril e junho R$ 359,9 milhões, uma retração de 0,6%. A margem bruta, por sua vez, subiu 0,5 ponto porcentual, para 43,4%.

As vendas no conceito mesmas lojas subiram 1,7% no segundo trimestre, acumulando ao longo do primeiro semestre uma alta de 6%, ambas na comparação anual.

Os resultados da Hering no segundo trimestre, como esperado, marcaram uma “reversão da tendência positiva da empresa na performance de vendas”, destaca o Itaú BBA. Segundo a instituição, as vendas mesmas lojas, com alta de 1,7%, foram modestas, apesar da base de comparação fraca do ano passado.

“Além disso, vimos pressão na rentabilidade decorrente de maiores despesas com marketing, levando a uma perda de Ebitda de 19%”, destacou. O Itaú reviu suas estimativas para o papel e introduziu um preço-alvo para 2020 de R$ 36. “Dado o upside limitado (8%) nos níveis de preço atuais, mantemos nossa recomendação neutra”, finalizou.

Porto Seguro (PSSA3)

A Porto Seguro registrou um lucro líquido, com business combination, de R$ 379 milhões no segundo trimestre, um desempenho 13,7% superior ao reportado no mesmo intervalo do ano passado. Sem business combination, o lucro atingiu R$ 380,9 milhões. O ROAE, sem business combination, ficou em 22,2%%, ante 19,7% de um ano antes.

O resultado operacional de seguros somou R$ 242,5 milhões, uma queda de 27,7%, e o resultado operacional de outros negócios avançou 0,8%, para R$ 98,1 milhões. A receita total recuou 2,5%, para R$ 4,4 bilhões, enquanto os prêmios auferidos caíram 2,3%, para R$ 3,7 bilhões. A receita de negócio financeiros e serviços diminuiu 0,4%, para R$ 617 milhões.

O índice combinado encerrou o segundo trimestre em 93,4%, alta de 2,4 pontos porcentuais. Já a sinistralidade total ficou em 51,6%, aumento de 1,4 ponto porcentual. O resultado financeiro subiu 46%, para R$ 246 milhões.

Odontoprev (ODPV3)

A Odontoprev apresentou lucro líquido de R$ 62,2 milhões no segundo trimestre deste ano, aumento de 3,2% sobre o mesmo intervalo de 2018.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) atingiu R$ 90,1 milhões no segundo trimestre, alta de 8,3%, com uma margem de 20,1% (-2,1 pontos porcentuais). O Ebitda ajustado foi de R$ 101,5 milhões, aumento de 7,6% e margem de 22,7% (-2,5 p.p.).

A receita líquida somou R$ 447,4 milhões, avanço de 19,2%, enquanto o montante de beneficiários subiu 11,3%, para 7,187 milhões.

Para o Credit Suisse, avaliou que os resultados do segundo trimestre dão pistas de um sinal de fraqueza, que começou no primeiro trimestre, nos resultados da Odontoprev, com as expectativas se renovando para o segundo semestre. A instituição destaca como principal fator negativo os resultados da Oontosystem, que entregou uma queda de cerca de 7% da base corporate.

Segundo os analistas do Credit Suisse, “a Odontoprev nunca havia mostrado números tão fracos desde 2014”. A recomendação é Neutro, com preço-alvo de R$ 17,50.

Grendene (GRND3)

A fabricante de calçados Grendene reportou um lucro de R$ 41,5 milhões no segundo trimestre, desempenho 36,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

O Ebitda caiu 66%, para R$ 26,7 milhões. A receita líquida somou R$ 399,8 milhões, montante 10,4% abaixo do registrado no segundo trimestre do ano passado.

CVC (CVCB3)

A CVC, por meio de sua controlada SV Viagens (Submarino Viagens), fez uma proposta vinculante, no valor de US$ 77 milhões, com desconto de dívida líquida, do grupo Almundo, incluindo as operações da Argentina e do Brasil, “em linha com sua estratégia de expansão internacional e de digitalização de suas plataformas de turismo”.

Nos termos da proposta vinculante, a Submarino Viagens terá um prazo de 90 dias de exclusividade para conclusão da aquisição, que “está sujeita à realização de auditoria legal e financeira pela Submarino Viagens, bem como à aprovação da transação pelas autoridades de defesa da concorrência no Brasil”. Após o fechamento, a transação será submetida às autoridades de defesa da concorrência na Argentina, acrescenta.

A Almundo atua no setor de turismo e viagens no segmento de lazer, com modelo omnichannel, e possui cerca de 80 lojas, call center e vendas online (site, mobile e App), sendo que a maioria das reservas é feita por meios digitais. Sua marca está presente em quatro países na América Latina: Argentina, Colômbia, México e Brasil, dos quais a Argentina é o mercado mais relevante.

Para o Itaú BBA, o anúncio da CVC foi vista como neutra. “A aquisição, se bem sucedida, está alinhada com a estratégia da empresa de se expandir fora do Brasil, com foco na América Latina”, afirma, ponderando que “ainda há algumas dúvidas em termos de targets financeiros, assim como a estratégia da CVC Corp para as plataformas digitais no Brasil e na Argentina quando a transação for concluída”.

O Itaú BBA acrescenta que as potenciais sinergias do deal serão, provavelmente, decorrentes das despesas gerais e administrativas mais baixas e pela possível implantação de estratégias digitais do Almundo nas operações online da CVC no Brasil.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

A Eletrobras informou nesta quinta-feira (1) que o presidente Jair Bolsonaro autorizou que sejam aprofundados estudos para a desestatização da companhia. Segundo fato relevante divulgado pela empresa, a privatização deve ocorrer por meio de um “aumento de capital social, mediante subscrição pública de ações ordinárias da Eletrobras ou de eventual empresa resultante de processo de reestruturação”. Foi informado ainda que o processo de desestatização deverá observar o rito legislativo para apreciação do Congresso Nacional.

(Com Agência Estado)

Seja sócio das melhores empresas da Bolsa: abra uma conta na Clear com taxa ZERO para corretagem de ações

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.