A trágica história da primeira empresa a valer US$ 1 trilhão – e não é a Apple

A Bloomberg chama a trajetória da companhia de "a maior queda de uma ação na história mundial"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Nesta quinta-feira (2) a Apple bateu a marca histórica do US$ 1 trilhão de valor de mercado, mas o que poucas pessoas sabem é que ela não é a primeira empresa do mundo a atingir este patamar. Em 2007 a chinesa PetroChina conseguiu essa proeza, mas a história do que ocorreu depois é tudo que a gigante americana não quer ver se repetir.

A Bloomberg chama a trajetória da petrolífera chinesa de “a maior queda de uma ação na história mundial”, com uma perda de cerca de US$ 800 bilhões de valor em menos de uma década após o governo local tentar controlar o mercado para evitar o movimento especulativo que levou a companhia ao US$ 1 trilhão.

Em seu primeiro dia de negociação na bolsa chinesa, as ações da PetroChina dispararam e em poucos dias a empresa viu seu valor de mercado saltar da casa de menos de US$ 300 bilhões para mais de US$ 1 trilhão, marca que a empresa manteve por 15 dias. Um fator, porém, ligou o alerta das autoridades chinesas: apenas 2% dos papéis negociados foram na bolsa de Xangai, o que indicou um possível ataque especulativo sobre as ações.

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Mais do que um problema estritamente financeiro, a PetroChina sofreu muito com a mudança da política econômica da China, incluindo o afastamento do governo do desenvolvimento intensivo de um mercado de commodities, passando a investir, por exemplo, em veículos elétricos. Isso sem contar a derrocada de 44% do preço do petróleo em dez anos.

Além disso, outros fatores completamente fora do controle da empresa também foram decisivos para o movimento. Quando foi listada na bolsa de Xangai, em 2007, tanto a bolha do petróleo quanto a bolha do mercado acionário chinês estavam prestes a explodir. Isso sem contar a crise financeira que assolou o mundo em 2008.

Confira a derrocada da companhia:

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Porém, é importante destacar que, sete anos antes, a PetroChina foi listada na bolsa de Hong Kong (na China é comum as empresas fazerem listagens nas duas bolsas locais). As chamadas “ações H” da companhia tiveram um retorno de 735% até o ano passado, 500 pontos percentuais acima da alta que registrou o índice Hang Seng.

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Apesar desta “trágica” história na bolsa, a PetroChina ainda é não só a maior empresa petrolífera da China, mas a maior do mundo em valor de mercado, em cerca de US$ 200 bilhões. Ela é uma subsidiária da CNPC (China National Petroleum Corporation), uma das três grandes companhias petrolíferas estatais chinesas.

Claro que a semelhanças entre a PetroChina e a Appel começam e terminam no valor de mercado de US$ 1 trilhão. Os cenários das duas empresas são completamente diferentes, apesar de analistas já estarem mostrando uma grande preocupação com os preços das ações de tecnologia.

Recentemente, o grupo conhecido como FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) sofreu bastante na bolsa. Com exceção da Amazon e da própria Apple, as outras empresas apresentaram fracos resultados financeiros, com destaque para a rede social de Mark Zuckerberg, que teve o pior dia de uma empresa na bolsa na história, desabando 20%. Pelo menos por enquanto, o cenário para a Apple parece longe de algo negativo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.