A estratégia da Cury para manter um “patrimônio leve” e pagar dividendos, apesar da pandemia

Diretor e gerente de Relações com Investidores da empresa participaram de live do InfoMoney e falaram sobre perspectivas e estratégia da companhia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo diante da pandemia do coronavírus e com uma atuação mais voltada para o público de baixa renda (mais afetado pela crise), a construtora Cury (CURY3) conseguiu resultados positivos em 2020, em especial no quarto trimestre, com boa recuperação das vendas.

E com esses números, os executivos da companhia já avisaram que o investidor pode se preparar para receber proventos em breve. “Somos uma empresa historicamente pagadora de dividendos”, disse Ronaldo Cury, diretor de relações com investidores da Cury em live do InfoMoney na sexta-feira (19).

Já Marcelo Korber, gerente de relações com investidores da companhia, ressalta que o conselho de administração já aprovou o pagamento de cerca de R$ 115 milhões em dividendos, restando passar ainda pela assembleia de acionistas. O valor representa cerca de 70% do lucro de R$ 160 milhões que a empresa teve em 2020.

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O executivo explica que a estratégia da companhia na compra e venda de terrenos e empreendimentos permite que a Cury tenha um alto payout (fração do lucro líquido que é pago como dividendos). “Nosso payout médio nos últimos cinco, seis anos é acima de 90%. Sabemos que isso é meio alto para uma empresa de capital aberto, mas mesmo assim queremos continuar distribuindo bastante dividendos”, afirma.

Segundo ele, a Cury atua de forma diferente de seus pares. Basicamente, a companhia compra um terreno usando apenas permuta, ou, se for em dinheiro, com um parcelamento de longo prazo com um período de carência para aprovar o projeto, começando a pagar já logo após a aprovação.

“A gente lança os empreendimentos com um financiamento PJ [Pessoa Jurídica] já aprovado, o que nos permite, já de largada, repassar os clientes para o banco, iniciando a roda do recebimento muito antes do mercado de médio e alto padrão, que precisa esperar o fim da obra, e também antes dos nossos pares de baixa renda”, afirma Korber.

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Diante disso, o executivo destaca que a última etapa desse sistema de funcionamento da companhia é pagar o dividendo, “não só para remunerar o acionista mas porque faz parte da nossa estratégia de carregar um patrimônio leve”.

“Não faz sentido pra mim ficar retendo esse capital aqui dentro porque eu não preciso dele para crescer e não tenho porque ficar com ele aqui, então eu remunero o acionista e maximizo o retorno sobre o patrimônio”, afirma.

A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

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Sobre o cenário desafiador, Ronaldo Cury, reforçou que a companhia conseguiu superar os desafios da pandemia e ter um “ano excelente para a operação da Cury”.

“Tivemos muitos desafios, sem dúvida, sofremos no começo da pandemia, mas quando vimos que nossas obras não pararam e as vendas também não, voltamos para nosso plano original e tivemos recordes de lançamentos no ano”, disse o executivo.

A Cury encerrou o quarto trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 68 milhões, resultado 34,9% acima do registrado no mesmo período de 2019. Já a receita líquida cresceu 14,5%, para 345,3 milhões, no mesmo período, impactada pelo forte desempenho das vendas de lançamentos e estoques realizados no trimestre.

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O executivo destacou ainda que para 2021 os planos permanecem os mesmo, apesar da economia ainda travada e incertezas sobre a evolução da pandemia no País. “O ano já começou forte em vendas. Claro que um maior isolamento ou lockdown atrapalham, mas menos do que no passado. As empresas estruturadas já aprenderam a trabalhar de uma nova forma, e os clientes também”, conclui.

Os executivos falaram também sobre o aumento no custo da construção por conta da alta do INCC, o impacto reduzido que a elevação da Selic tem em seu negócio e mais sobre a estratégia de negócio da empresa. Assista à live completa acima.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.