2 ações que driblaram a “ressaca” pós-estreia do Brasil e sobem mais de 25%

Enquanto as small caps Mangels e Fertilizantes Heringer subiram, ações da Vale, Gafisa Gol e siderúrgicas puxam a fila da primeira queda do Ibovespa na semana

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – A Bovespa vive uma sexta-feira (13) de ressaca após a estreia do Brasil na Copa do Mundo na véspera e caminha para sua primeira queda após 4 dias de alta. As blue chips Vale, Ambev e CSN colaboram para o dia negativo do Ibovespa com quedas superando os 3%. Fora do índice, no entanto, algumas ações conseguiram driblar o dia de realização de ganhos e chegaram a marcar ganhos de quase 50%.

Confira as 10 ações que roubaram a cena na Bovespa nesta sexta-feira:

Fertilizantes Heringer (FHER3, R$ 8,91, +16,62%)
Uma das vencedoras do dia é a Fertilizantes Heringer, refletindo a injeção milionária de capital que a marroquina OCP International Coöperative fará na empresa. Segundo comunicado da última quarta-feira, a OCP se obrigou a subscrever entre 5.385.712 e 5.686.316 novas ações ordinárias da empresa brasileira, pagando R$ 27 por cada uma delas – valor 252% maior que a cotação do último fechamento.

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A subscrição resultará em uma injeção entre R$ 145,41 e R$ 226,6 milhões, incluindo ações que possam ser subscritas por outros investidores, além da OCP. Se o aumento de capital for implementado, nos termos do contrato de subscrição, a OCP deverá deter uma participação entre 9,5% e 10,5% do capital social da companhia.

Para a analista do Itaú BBA, Giovana Araújo, ressalta que o acordo é estrategicamente positivo para ambas empresas. “Para a OCP, implica a alocação garantida de seus produtos em um dos mercados que mais crescem no mundo, num movimento já realizado por outras gigantes de fertilizantes. Já a Heringer terá o apoio de um investidor de peso, pois a OCP é a maior produtora mundial de rocha de fosfato e ácido fosfórico e uma líder no mercado global de fertilizantes”. Ela reforça a recomendação “outperform” (desempenho acima da média do mercado) e comenta ainda que, se o acordo for firmado, o preço justo para a ação FHER3 pode ser elevado dos atuais R$ 12,00  para R$ 13,50.

Mangels (MGEL4, R$ 1,00, +25,00%)
Outra ação que driblou o dia negativo da Bovespa é a Mangels. Em recuperação judicial desde novembro, a companhia vê suas ações subirem até 180% nesta semana, saindo de R$ 0,42 (fechamento de sexta-feira) para R$ 1,20 (máxima alcançada hoje), seu maior patamar desde outubro do ano passado.

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 A Mangels ganhou forças na Bovespa com a notícia de um novo acordo automotivo entre Brasil e Argentina, assinado na última quarta-feira. O acordo atual expirava ao final deste mês mas foi prorrogado até 30 de junho de 2015. Vale lembrar que na segunda-feira a companhia divulgou seu relatório de posição consolidada, mostrando que seu conselho de administração comprou 400.000 ações preferenciais em maio, passando de 6.450 papéis para 406.450 – a participação percentual passou de quase 0% para 2,34%. Enquanto isso, o conselho fiscal da empresa adquiriu 534.239 ações, passando a deter 4,79% de papéis preferenciais e 3,08% do capital total da companhia.

Vale (VALE3, R$ 28,57, -3,61%; VALE5, R$ 25,64, -2,88%)
Partindo para as quedas do Ibovespa, a principal delas ficou com a Vale, tendo em vista sua forte participação na carteira do índice. A mineradora vem sofrendo com o cenário menos favorável para os preços do minério de ferro e com os sinais de desaceleração da economia chinesa, fatores que têm feito os bancos de investimento revisarem as estimativas de lucro e de desempenho das ações.

Nesta semana, BarclaysSantander e Morgan Stanley revisaram as recomendações para a mineradora brasileira. Em relatório, o banco americano também revisou as estimativas de preços do minério de ferro para o segundo semestre a US$ 95 a tonelada. De acordo com os analistas Joel Craneand e Rachel L Zhang antes, quando o minério de ferro caía abaixo de US$ 100, os preços voltavam a se recuperar. Mas, desta vez é diferente, porque há muito mais oferta de minério.

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Nesta sexta-feira, os papéis negociados na Bovespa bateram seus menores patamares desde 20 de março.

CSN (CSNA3, R$ 9,40, -1,88%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,00, -2,32%)
Também prejudicadas pelo cenário das commodities metálicas, tendo em vista que elas possuem participação no mercado de minério, CSN e Usiminas também caíram forte nesta sexta-feira.

Gol (GOLL4, R$ 12,65, -3,29%)
Uma das melhores ações do Ibovespa no 1º quadrimestre do ano, a Gol vem passando por um movimento de correção nos últimos 2 meses. Nos últimos dias, as tensões militares envolvendo o Iraque têm provocado uma alta nos preços do petróleo, o que atinge em cheio o resultado da companhia aérea – o combustível é o principal custo operacional do setor. Vale mencionar que na vésperas os ADRs (American Depositary Receipts) da Gol caíram mais de 4% na bolsa dos EUA, enquanto a Bovespa estava fechada devido à estreia do Brasil na Copa do Mundo.

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Além disso, a corretora GBM reitera a perspectiva negativa para a companhia, avaliada como a mais afetada pela Copa do Mundo em razão do declínio de passageiros em viagem de negócios, enquanto passageiros que viajam por turismo têm ficado abaixo do esperado. Por fim, a greve dos aeroviários no Rio de Janeiro tem provocado uma onda maior de cancelamento de voos.

Cyrela (CYRE3, R$ 13,76, +0,81%)
As ações da Cyrela sobem pelo 4º pregão seguido e acumulam ganhos de mais de 6% na semana. Na noite de quarta-feira, o conselho de administração aprovou um novo programa de recompra de até 26,18 milhões de ações, o equivalente a 10% do “free float” (ações em circulação no mercado). A operação terá duração de um ano, informa a companhia.

Petrobras (PETR3, R$ 17,81, +0,79%; PETR4, R$ 19,02, +0,74%)
No último pregão antes do vencimento de opções das ações da Bovespa, a Petrobras apresenta forte volatilidade: após cair cerca de 1% no começo do dia, os papéis da estatal marcam ganhos na mesma intensidade, voltando a operar acima dos R$ 19,00.

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Se mantida a tendência, será o 5º dia de alta das ações, que já subiram cerca de 60% desde a metade de março – período que teve início o “rali eleitoral“, com as estatais ganhando valor de mercado na Bolsa cada vez que uma nova pesquisa eleitorial mostrava diminuição na distância das intenções de voto entre Dilma e seus dois prováveis candidatos, Aécio Neves e Eduardo Campos. 

Cosan (CSAN3, R$ 41,50, +2,22%)
Uma das maiores altas do Ibovespa nesta sexta-feira, a Cosan atingiu seu maior patamar desde dezembro do ano passado. A companhia ganha forças na Bovespa após notícia divulgada no jornal Valor Econômico apontar que o governo prepara um estudo sobre o desempenho de motores dos automóveis para verificar um impacto de um aumento de 25% para 27,5% na quantidade de álcool presente na gasolina. “Caso haja o aumento, a notícia deve impactar positivamente os ativos da companhia”, diz a Guide Investimentos em relatório assinado pelo analista Luis Gustavo Pereira.

No começo da semana, a Cosan foi incluída na lista das ações prediletas do BTG Pactual na América Latina para o 2º semestre do ano, fato que também impulsionou os papéis.

Ambev (ABEV3, R$ 15,85, -1,42%)
Uma das ações de maior participação no Ibovespa, a Ambev bateu seu menor patamar desde fevereiro, refletindo o mau momento que a empresa vive na Bolsa. Se em maio os papéis da companhia sofreram com o anúncio de que o governo poderia aumentar a taxação para as bebidas frias, neste mês o Credit Suisse cortou suas estimativas para a companhia e reduziu o preço-alvo esperado para a ação, citando que a estratégia da Ambev de elevar os preços do seu produto a uma taxa superior à inflação não é sustentável.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers