Lupatech espera terminar reestruturação até abril; ação sobe 13,7%

De acordo com a companhia, a empresa deverá terminar a implantação do plano 163 dias úteis depois da apresentação inicial, no dia 5 de novembro

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Depois de um longo período sem realizar teleconferências, a Lupatech (LUPA3) voltou a se reunir com o mercado, para tratar dos números do terceiro trimestre de 2013 e do plano de reestruturação de dívida. De acordo com a companhia, a empresa deverá terminar a implantação do plano 163 dias úteis depois da apresentação inicial, no dia 5 de novembro, com o aumento de capital. Após a teleconferência, as ações sobem 13,70%, aos R$ 0,83, por volta das 15h10 (horário de Brasília).

O plano deverá ser aprovado por pelo menos três quintos dos credores até o dia 4 de dezembro – 21 dias úteis depois do plano inicial. A empresa – com cerca de R$ 1,43 bilhão de dívida atualmente – espera, assinar o plano, tornando-o definitivo, em uma assembleia no início do ano seguinte. Isso deverá reduzir as dívidas entre 64% a 77% – a depender da adesão dos bancos -, jogando as dívidas para R$ 521,9 milhões ou R$ 329,22 milhões. A dívida de curto prazo será de R$ 115 milhões. Esse plano deverá transformar dívida em ações e diluir os atuais investidores, mas garantirá a sobrevivência da empresa. 

A Lupatech deverá fazer desinvestimentos de atividades não-core, como as empresas Steelinject, a Microinox, a Mipel e a fábrica da Tubular, vendida para a Vallourec. A companhia ainda pretende integrar a empresa Tecval em outra planta e reduzir o quadro de executivos de 135 para 60 pessoas. Haverá a implementação de programas de eficiência operacional e reestruturar a unidade de perfuração onshore.

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Haverá a emissão de R$ 161,4 milhões em novas debêntures, colaborando para o fôlego financeiro da companhia nos próximos meses. Para Ricardo Doebeli, CEO (Chief Executive Officer) da Lupatech, isso deverá fazer a companhia voltar para o caminho positivo – já que é a crise financeira que tem feito a empresa ficar no negativo. “A empresa tem geração de caixa positiva, mas uma estrutura de endividamento extrememamente elevada”, diz.

O grande erro
Ele alerta para alguns fatores que fizeram a companhia chegar no atual momento: o excesso de aquisições antes de 2008 e a mudança do plano de investimentos da Petrobras (PETR3; PETR4). “A maioria das aquisições ocorreu antes de 2008, quando os ativos estavam potencialmente supervalorizados e as sinergias não conseguiram ser captadas”, avaliou. 

Em teleconferência, a companhia destacou que a crise do subprime complicou muita coisa – a companhia fez grandes planos em relação a demanda da Petrobras para explorar as novas reservas e comprou mais de 14 empresas para construir o grupo, que se tornou uma das maiores fornecedores de equipamentos para exploração de petróleo offshore.

A demanda não veio e a empresa perdeu mais de 99% de valor de mercado: a ação da empresa caiu de R$ 54,72, no dia 2 de maio de 2008, para a mínima de R$ 0,37, no dia 1º de outubro. Foi logo antes da empresa – com o vazamento de informação de que a empresa estava nos passos finais do plano de recuperação – ver sua ação disparar cerca de 450% em sete dias, chegando a bater os R$ 2,07. Desde então, a Lupatech voltou a perder fôlego e já acumula perdas de 60%.