Após dividendo “gordo”, Light pode ter que reduzir remuneração aos acionistas

Em teleconferência, diretor da companhia disse que percentual do lucro a ser distribuído aos acionistas pode cair caso a pressão sobre o caixa continue

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Após anunciar uma gorda quantia em dividendos aos seus acionistas após o resultado de 2013, a Light (LIGT3poderá ter que rever rever sua política de remuneração se a atual situação que pressiona o caixa das distribuidoras permanecer ao longo de 2014.

A companhia aposta que o governo anuncie em breve a solução definitiva para o problema de caixa das distribuidoras, pressionadas pelo despacho termelétrico elevado e pela exposição involuntária ao mercado spot. “Esperamos uma solução para o início de abril, antes da liquidação do mês de fevereiro”, afirmou o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Light, João Batista Carneiro, durante teleconferência de resultados. Para eles, é importante que a decisão a ser tomada pelo governo não provoque desequilíbrio financeiro das distribuidoras.

Na noite da segunda-feira, a companhia anunciou a distribuição de R$ 365 milhões em dividendos em 2014, referente aos resultados de 2013, equivalente a um dividend yield (dividendo/cotação da ação) de 11,3%, apesar das incertezas que rondam o setor de distribuição neste momento. Na terça-feira, as ações da companhia elétrica fecharam com alta de 2,36%; já na quarta-feira, eles estenderam os ganhos e subiram 3,17%, fechando a R$ 16,58.

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“A nossa expectativa é de que haja uma decisão de governo, seja pelo caminho da tarifa (repasse do custo para a tarifa dos consumidores), seja pelo caminho adotado no ano passado (repasse de recursos pelo Tesouro), mas que haja uma solução para reequilibrar do ponto de vista econômico financeiro, as distribuidoras de forma geral”, disse o presidente da companhia, Paulo Roberto Pinto. A distribuidora de energia da cidade do Rio de Janeiro tem uma exposição involuntária em 2014 de cerca de 5% e espera que o governo tome uma medida para ajudar as concessionárias com altos gastos no curto prazo por descontratação.

O governo federal anunciou na sexta-feira um repasse de 1,2 bilhão de reais do Tesouro Nacional para cobrir gastos das distribuidoras em janeiro por exposição involuntária, os custos com contratação de energia cara no curto prazo para cobrir necessidade não atendida em leilão de dezembro do ano passado.

Mas com essa medida, o governo não cobriu toda a necessidade das distribuidoras, que totalizava cerca de 2 bilhões de reais, e também não deu ainda uma solução para o restante do ano.

O presidente da Light acrescentou que caso não haja uma solução de curto prazo para a atual situação para esses gastos das distribuidoras ao longo do ano, a empresa terá que repensar a situação e planejamento de caixa para 2014.

A Light reafirmou ainda que continua com foco na redução das perdas não-técnicas de energia no mercado de baixa tensão, que fecharam o ano, a 42,2 por cento do total.

A meta estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para empresa é de chegar a 2015 ao nível de 39,9 por cento, o que o diretor de Finanças da empresa, João Batista Zolini, disse que está sendo perseguido.

Zolini informou que está finalizando um processo de licitação para contratação de 1 milhão de medidores inteligentes de energia, que serão instalados nos próximos 5 anos.

Geração
No segmento de geração, a energia disponível da Light para 2014 está praticamente toda contratada, disse o diretor de Energia Evandro Vasconcelos. Já para 2015, a ideia é fazer a venda em contratos com duração de no mínimo 3 anos.

(com Reuters e Agência Estado)

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers