Queridinha dos analistas, JBS perde recomendação de compra em 2 bancos: o que mudou?

Ação subiu muito e especialistas vêm alternativas melhores para investir no setor de alimentos

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – As ações da JBS (JBSS3) entraram na mira dos analistas depois que casos de gripe suína africana começaram a ser registrados em suinoculturas da China. No entanto, poucas semanas depois de estar com dez recomendações de compra das 16 casas de análise que a cobrem segundo a Bloomberg, a companhia foi cortada para neutra primeiro por Citigroup e mais recentemente por Bradesco BBI. 

Para o Bradesco, as ações da JBS já subiram muito nas últimas semanas, influenciadas positivamente pela menor oferta de porcos vinda da China, de modo que o potencial de valorização se reduziu. “O múltiplo valor de mercado da empresa sobre o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês] está atualmente em linha com seu nível histórico, o que justifica a recomendação apenas neutra”, aponta o relatório assinado pelos analistas Leandro Fontanesi e Ricardo França.

As ações do frigorífico subiram 70,58% desde o início do ano, sendo o melhor desempenho de todos os papéis que compõem o Ibovespa no período. Apenas em abril, a alta foi de 24,18%.

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Porém, o mercado vê com mais cautela o desempenho dos papéis. De acordo com o research do Bradesco BBI, é necessário ter mais clareza sobre o comportamento da demanda da China e de que maneira a produção local ajudará a fechar a lacuna de oferta. 

“Dados recentes sugerem que a China aumentou a produção de frango e carne bovina em cerca de 2% no primeiro trimestre de 2019 (contra queda de 5% em base anual para carne de porco), apesar de ainda ser um número muito tímido”, destacam os analistas. Eles lembram que as decisões para aumentar o fornecimento de frango na maior economia da Ásia poderia levar de seis a oito meses para se tornar evidente. 

O preço-alvo das ações da JBS foi estabelecido em R$ 19 pelo banco. Os papéis atualmente operam em R$ 19,65, de modo que seria esperada desvalorização de 3,31%. 

Os analistas apontam que há empresas mais interessantes no setor de alimentos, que ainda não tiveram valorização tão forte quanto a da JBS. O principal exemplo é a BRF (BRFS3), para a qual o Bradesco recomenda compra com preço-alvo de R$ 35 por ação. Atualmente, os papéis da companhia operam a R$ 31,05, de modo que o atingimento do objetivo significaria uma valorização de 12,7%. 

Para Fontanesi e França, a empresa ainda deve se beneficiar da gripe suína africana devido à sua exposição aos suínos e frangos e pela sua operação integrada, que a faz responder bem aos menores custos de grãos. 

Mas isso não quer dizer que a alta da JBS esteja no fim. Os analistas do Bradesco BBI ressaltam que a possível abertura da capital da companhia nos Estados Unidos pode ser um driver relevante para destravar valor da empresa. Porém, por enquanto, a hora é de maior cautela. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.