Sem anúncio de venda da companhia, ação da Gol cai mais de 10%

Ao contrário das expectativas, empresa anuncia a compra de 60 aviões como plano de frota no longo prazo

Nara Faria

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SÃO PAULO – Depois de passar de forte queda para alta de mais de 10% no pregão anterior, as ações da Gol (GOLL4) iniciaram o pregão desta terça-feira (2) com forte queda de 10,16%, cotadas a R$ 11,50. 

As ações da companhia aérea já sugeriam um dia negativo desde o after-market da sessão anterior. Na última segunda-feira (1), a empresa disse que faria um anúncio um anúncio muito importante. A expectativa do mercado era de que ela poderia anunciar a venda de parte da companhia. No entanto, não foi essa notícia dada pela Gol – a empresa anunciou a compra de 60 aviões Boeing 737-MAX. Com a decepção, as ações caíram 1,95% no after-hours para R$ 12,55 – lembrando que os papéis negociados na Bovespa não podem oscilar mais de 2% durante esse período de negociação.

A compra de 60 aeronaves Boeing 737 MAX pela Gol – o maior pedido da sua história – faz parte do plano de frota da companhia para o longo prazo, disse Paulo Sergio Kakinoff, atual presidente da companhia de aviação, em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (1). A transação será de US$ 6 bilhões, ou US$ 100 milhões para cada avião, que vai ser financiada entre 2018 a 2026.

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Momento delicado para a Gol
No dia 10 de setembro as ações da Gol disparam mais de 10%, impulsionadas pelos rumores de venda de controle da companhia. Tais especulações levaram a empresa a encerrar o mês de setembro com valorização de 19%.

Ricardo Borges, da Projeção Consultoria, explicou na véspera que o mercado esperava por um anúncio da entrada de um sócio-estratégico na companhia, visto que a Gol passa por um momento delicado, apresentando custo elevado e com os balanços sofrendo em consequência da alta do preço do petróleo. Ele explica ainda que a companhia, na tentativa de reduzir custos vem perdendo espaço para as concorrentes de menor porte.

“A Gol esperava cortar os custos entre 2% e 7% reduzindo o número de assentos, buscando aumentar o preço das tarifas. Mas o que está acontecendo é que ela está possibilitando o crescimento de suas concorrentes menores, como a Azul”, explica Borges. O analista cita ainda a alavancagem da dívida cambial como outro fator que justifica o momento delicado para a companhia aérea. 

Além disso, para a equipe de análise da XP Investimentos, as compras de aviões anunciada na véspera são prematuras, haja vista que a companhia ainda não conseguiu sair do atual momento de dificuldade. Segundo os analistas, a estratégia de retração de oferta de assentos ainda não foi firmada para 2013, apesar da expectativa de uma sequência desta vertente de atuação.

“A aquisição de aeronaves adicionais, além de pesar na alavancagem da companhia, iria contra a estratégia de retração da oferta em detrimento de rentabilidade. Ou seja, um movimento arriscado por parte da empresa, devendo pesar em suas ações nesta sessão”, afirma a equipe de análise.

Reestruturação
Entre uma onda de demissões na companhia, a Gol mostrou um forte prejuízo de R$ 715,1 milhões no segundo trimestre deste ano – mais que o dobro do resultado negativo que era previsto – e revisou, para baixo, suas projeções para o restante do ano. Naquele dia, a frustração foi tanta que a ação da empresa despencou cerca de 13%.

Desde então, outros rumores também sondam a companhia. Além de possível reajuste nas tarifas, a Gol decidirá se irá realizar um IPO (Initial Public Offering) do programa de milhagens Smiles somente no primeiro semestre de 2013.