Justiça bloqueia R$ 47 mi em ações de filho de Maluf na Eucatex, diz jornal

Suspeita é que as ações tenham sido adquiridas com recursos desviados de obras públicas executadas na época que Paulo Maluf, pai de Flávio, era prefeito de SP

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio das ações da Eucatex (EUCA3) do empresário Flávio Maluf na soma de R$ 47 milhões e que são mantidas desde 2001 sob a guarda de um banco na Suíça, de acordo com apuração da Folha de S. Paulo. Essa valor, no entanto, subiria para R$ 164,5 milhões, já que os papéis da empresa se valorizaram em 250% desde 2001 até agora. 

Atualmente, a família Maluf controla diretamente 3,6% do capital acionário da Eucatex. Fundos de investimentos estrangeiros detêm outros 65,4%. 

A suspeita é que as ações tenham sido adquiridas com recursos desviados de obras públicas executadas pela prefeitura. A sentença foi dada pela juíza Celina Toyoshima, a pedido do promotor estadual Silvio Marques, que investiga desvios ocorridos na época em que o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), pai de Flávio, foi prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996.

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Procurado pelo jornal, o advogado de Flávio Maluf, José Roberto Batochio, disse que não poderia comentar o bloqueio das ações da Eucatex porque o caso está sob segredo de Justiça. A Eucatex, UBS e o Itaú também não quiseram se manifestar. 

Segundo a publicação, as autoridades brasileiras só ficaram sabendo que essas ações estavam no exterior porque Flávio tentou transferi-las do Finter Bank, na Suíça, para uma empresa no Uruguai, a Cuznar S/A. Como o Finter é um banco pequeno, ele consultou o UBS, em Zurique, para assessorá-lo na transação. O UBS considerou a operação como suspeita, pelo Flávio ser uma “pessoa politicamente exposta” e questinou o Itaú, custodiante das ações da Eucatex no Brasil. O Itaú avaliou que havia indícios de lavagem de dinheiro e comunicou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que informou ao Ministério Público, que obteve o bloqueio dos bens na Justiça. Caso seja provado, a prefeitura poderá mover uma ação na Justiça para reaver o dinheiro.