Justiça bloqueia R$ 520 mi da Eucatex, da família Maluf, e ações caem

Decisão foi tomada em meio às acusações de que companhia está em processo de ''desidratação''; contudo, em nota, Eucatex reforça que patrimônio aumentou

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio dos bens da empresa Eucatex (EUCA4), empresa de pisos e painéis controlada pela família Maluf, no valor de R$ 520 milhões. Ações preferenciais da Eucatex recuaram 2,76%, para R$ 8,80 no pregão desta quarta-feira.

A decisão foi tomada após pedido do Ministério Público de São Paulo, apontando para uma suposta operação do grupo para transferir patrimônio da Eucatex. Com isso, evitaria que houvesse pagamentos de indenizações em caso de futuras condenações contra o deputado federal Paulo Maluf, nas ações em que é acusado de ser o autor de desvios na prefeitura do município, durante o período em que era prefeito de São Paulo.

A decisão, entretanto, pode ser alterada caso a empresa demonstre que o bloqueio pode levar à quebra da companhia. A Promotoria entende que a família de Maluf está buscando escapar do pagamento de condenações judiciais, com a transferência do patrimônio da Eucatex para uma nova companhia, a ECTX. Em entrevista à Folha de São Paulo, em março, o vice-presidente da Eucatex, José Antônio Goulart de Carvalho, negou a acusação, e afirmou que a transferência para a ECTX ocorreu pois a nova companhia adotará um novo modelo de gestão, mais transparente. 

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Eucatex nega as acusações
Em nota de esclarecimento, a Eucatex informou que tomou conhecimento desta informação por meio da imprensa e que, se esta decisão de confirmar, a empresa tomará as medidas judiciais cabíveis para reverter esta decisão.

De acordo com a companhia, o pedido de bloqueio de bens da Eucatex já foi requerido pelo Ministério Público em 2009, tendo sido negado em primeira e segunda instância. Em nota, a companhia afirmou que o Ministério Público acusa a companhia de tentar ‘desidratar’ a Eucatex através da ECTX, mas que o patrimônio da companhia cresceu de R$ 997 milhões para R$ 1,067 bilhão desde sua criação.

Além disso, afirma a companhia, a ”Eucatex é uma sociedade de capital aberto, com centenas de acionistas, dentre eles o deputado Paulo Maluf, que não é diretor e nem mesmo membro do seu Conselho de Administração”.

Confira a nota da companhia na íntegra: 

“A Eucatex tomou conhecimento da informação por meio da imprensa. Se confirmada, a empresa tomará as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão.

O pedido de bloqueio de bens da Eucatex já foi requerido pelo Ministério Público em 2009, tendo sido negado em primeira e segunda instância.

Novamente o Ministério Público faz uso dos mesmos argumentos, acrescentando a esses que a criação da ECTX “teve como objetivo ‘desidratar’ a Eucatex”.

Ocorre que o patrimônio da Eucatex, em 31/12/11 antes da criação da ECTX, era de R$ 997 milhões. Em 31/12/12, após a transferência do patrimônio para a nova companhia, passou para R$ 1.067 milhões, conforme balanço publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, em 21/03/13.

Vale ressaltar, que a Eucatex é uma empresa S/A de capital aberto, com centenas de acionistas, dentre eles o deputado Paulo Maluf, que não é diretor e nem mesmo membro do seu Conselho de Administração”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.