MPX deve atrair maior liquidez com desdobramento, mas há malefícios?

Praticamente nenhum, avalia Ivanor Torres, da Geral Investimentos, mas desdobramento feito em excesso pode ser prejudicial

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – As ações da MPX Energia (MPXE3) foram desdobradas. Cada detentor de um papel MPXE3 na véspera acordou com três ativos em carteira, cada uma com um terço do valor do fechamento da última quarta-feira (15). Embora o valor possa ter assustado os investidores mais desavisados, a intenção é benéfica.

Com o desdobramento, a intenção é trazer mais liquidez para os papéis, já que um valor unitário por cada papel menor pode atrair mais investidores. “A liquidez é um dos fatores que compõem o preço-justo”, avalia Ivanor Torres, diretor-técnico da Geral Investimentos. De fato, muitas companhias desejam ter liquidez para seus papéis, o que ajuda em uma possível nova oferta de ações e reduz a volatilidade. 

“Mas se houve alguma alteração na liquidez, hoje não deu para sentir”, avisa. Muitos investidores, principalmente os com maior valor a ser investido, optam por papéis com maior volume médio negociado – são mais fáceis de executar entrada e saída sem distorcer completamente o preço, pagando caro ou recebendo pouco demais frente ao que as ações deveriam valer. 

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Exagero pode ser ruim
Contudo, é válido dizer que um desdobramento tem de ser feito com parcimônia. “Tudo que é feito com exagero faz mal”, salienta. Não adianta uma empresa realizar diversos desdobramentos, eles podem dilapidar o valor da companhia. É muito danoso, por exemplo, ter as ações negociando aos centavos, na avaliação do diretor técnico.

“Há um jogo psicológico muito importante. Todas as decisões tem que ser tomadas de acordo com o momento”, diz Torres. Em diversos fóruns de internet, é comum encontrar investidores reclamando de ações que valem poucos centavos, dizendo que não valem nada. Na opinião dele, um papel que vale centavos parece estar muito barato, enquanto outro que vale diversos reais dá a impressão de estar caro. É preciso alcançar um meio termo, para conseguir continuar atraindo os investidores – e não assustando-os. 

Limpeza na base de acionistas?
Há outro problema ao realizar desdobramentos em excesso, na visão de Torres, que é atrair investidores em demasiado. Sobretudo os ultraminoritários, que possuem pouquíssimas ações  e que às vezes, não chega a um lote de 100. Para isso, o ideal é realizar a operação contrária: um grupamento. “Isso tem uma vantagem, que é a limpeza no quadro social. Dá muito trabalho ter milhões de acionistas minoritários”, afirma Torres.

Ele afirma ainda que há muitos custos inerentes de se ter esses acionistas. Em suma, com muitos acionistas, vem grandes departamentos de relações de investidores. “Existe um controle que tem que ser feito, existe um livro de acionistas. Quando tem um fato relevante, todos eles precisam ser notificados. É custoso”, finaliza Torres, lembrando que algumas empresas chegam a realizar grupamentos e desdobramentos apenas para diminuir o número de acionistas ultraminoritários.