Eletrobras salta 47% e é a maior alta do Ibovespa no ano: até onde ela pode ir na bolsa?

Governo tem outras prioridades e empresa de energia deve ficar, na melhor da hipóteses, para 2020

Weruska Goeking

Usina Hidrelétrica de Tucuruí *** Local Caption *** Comportas abertas da usina de Tucuruí

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SÃO PAULO – As ações da Eletrobras acumulam os maiores ganhos do Ibovespa, com altas de 46,8% nas ordinárias (ELET3) e 33,3% nas preferenciais (ELET6). A valorização vem, em sua maior parte, na esteira de declarações de autoridades em relação à privatizações de estatais, com destaque para a companhia de energia federal com os planos de capitalização. Contudo, em meio à disparada dos papéis, os investidores se perguntam cada vez mais se a Eletrobras ainda representa uma boa oportunidade na bolsa, ou se a ação já subiu demais. 

A avaliação dos analistas é de que, apesar da estratégia de capitalizar a Eletrobras seguir no radar do governo, outros projetos prioritários devem tomar a frente dos trabalhos neste ano, sendo o principal deles a reforma da Previdência. Diante de uma agenda que promete ser congestionada no Congresso, a Eletrobras deve ficar para depois – e isso pode afetar as perspectivas para os papéis da companhia no curto prazo. 

“Ter um governo que já começou com essa ‘carta de intenções’ é bom, mas ainda tem muito o que fazer antes”, disse ao InfoMoney um analista que preferiu não se identificar. 

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A avaliação de que a Eletrobras não está no pacote de urgências do governo é tão senso comum que Wilson Ferreira, CEO da Eletrobras, já anunciou que espera que o processo de capitalização da empresa aconteça somente em 2020. 

“A capitalização precisará de aprovação do Congresso e será politicamente cara, já que a Eletrobras historicamente serviu como um veículo para os políticos. A reforma previdenciária estará à frente da Eletrobras na agenda do Congresso e, acreditamos, que provavelmente levará mais tempo para se concretizar do que inicialmente esperado pela administração”, afirma o analista do Itaú BBA, Pedro Manfredini, em relatório enviado a clientes. 

Até lá, a expectativa de investidores é de que a empresa continue mostrando aprimoramento operacional, mas nada que justifique o mesmo ritmo de alta por período prolongado. Por ora, o mercado se contenta, amplamente, com a atenção dada à reforma da Previdência. 

Além de não ser a prioridade atual, a falta de informações sobre o modelo de capitalização ou de privatização da companhia também deixa os investidores sem tanto embasamento que justifique a alta.

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“A nova administração [da estatal] ainda não deu informações sobre a operação, a única exigência era de que a Eletrobras deve recuperar sua capacidade de investimentos”, destaca o time de análise do Morgan Stanley, em relatório.

Manfredini, do Itaú BBA, acredita que a capitalização da Eletrobras seja uma referência para futuros desinvestimentos pelo governo, mas, por enquanto, avalia que a melhor opção é se manter fora das ações da Eletrobras até obter mais informações sobre o processo.

Desta forma, os analistas do banco possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos, mas reforçam que o potencial é grande caso o processo se concretize. “Acreditamos que a Eletrobras poderia valer mais de R$ 100 bilhões após capitalização (mais que o dobro do valor de mercado atual de R$ 48 bilhões)”, estima Manfredini.  

Enquanto isso, o cenário mais otimista do Morgan Stanley prevê que a ação preferencial (ELET6) alcance R$ 51 (um upside de 37%) em um cenário de privatizaçãoe corte de custos que resultaria na economia de R$ 1 bilhão depois de 2020. Mas esse é o cenário mais otimista. O cenário-base do banco é de preço-alvo em R$ 31 e recomendação underweight (estimativa de desempenho abaixo da média do mercado). 

Veja quatro recomendações para a ELET6:

  Recomendação Preço-alvo
Itaú BBA market perform R$ 35,00
Banco Safra outperform R$ 47,20
Santander hold R$ 29,22
Morgan Stanley underweight R$ 31,00

Fonte: Bloomberg