Trading Triad: combine candlesticks e manejo de risco em suas operações

Criada por Steve Nison, ícone da técnica japonesa nos EUA, metodologia é explicada por Marlo Barcelos, analista da Investor

Rafael Souza Ribeiro

(Dylan Calluy/Unsplash)

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SÃO PAULO – Figura carimbada no universo da análise técnica, os candlesticks, que datam do século XVII, atingiram seu auge na década de 1980, quando Steve Nison publicou seus primeiros textos sobre a técnica oriental. Até que, no início da década de 1990, o trader norte-americano lançou o livro Japanese Candlestick Charting Techniques, sacramentando-o como principal guia do mercado sobre o assunto.

Mais tarde, no ano de 2003, em entrevista para a revista norte-americana especializada em análise técnica Stocks & Commodities, Nison apresentou ao público o Trading Triad, técnica de operação que colocou novamente em evidência os candlesticks.

O método desenvolvido por ele, que até hoje é alvo de discussões e aprimoramentos, é sustentado por um tripé, conforme afirma Nison em sua entrevista:

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1ª base: candlestick
2ª base: técnicas ocidentais de operação
3ª base: relação risco/retorno

Um não vive sem o outro
Os candlesticks são a primeira perna do tripé e serão eles que anteciparão a entrada no mercado, afirma Nison. As técnicas ocidentais, calcadas em linhas de tendências, padrões gráficos e indicadores técnicos, formam a segunda perna da estrutura, destaca o trader, e serão importantes para a confirmação e objetivos das entradas.

A terceira base é a determinação da relação risco/retorno da operação. Para isso, Nison sugere como stop as regiões próximas das mínimas dos candles e um risco/recompensa de no mínimo ½, ou seja, stop loss de R$ 1,00 para um ganho potencial de R$ 2,00. É importante ressaltar que todo este processo deve ser fomentado por um Position Sizing adequado.

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Como não utiliza qualquer Trailing Stop, Nison emprega o stop gain em suas operações, delimitando seus ganhos a um objetivo. Para isso, pontos fortes de resistências são fundamentais para esta tarefa, assim como as retrações de Fibonacci e os canais.

Além do tripé, o volume é peça-chave no momento da operação, uma vez que será o elemento de confirmação do candle formado. Um Doji com volume acima da média sobre um suporte, por exemplo, eleva consideravelmente a probabilidade de reversão da tendência.

Aplicando a estratégia
Para fixar bem a estratégia desenvolvida por Nison, nada melhor que um exemplo prático. Neste sentido, Marlo Barcelos, analista técnico da Investor, demonstra uma operação realizada em dezembro do ano passado com os papéis ordinários da Eletrobrás (ELET3).

Depois de firmar topo nos R$ 23,74, as ações da empresa passaram recuar forte no início do último mês de 2010, caracterizando, já em meados de dezembro, uma tendência de baixa clara de curto e médio prazo.

No entanto, há poucos pregões para fechar o ano, o ativo armou um Martelo no gráfico diário, chamando a atenção de Barcelos. Pelos conceitos de candlestick, o candle, nesta condição, indica a possibilidade do término da tendência de queda de curto prazo, sendo a 1ª perna do tripé.

Além disso, o papel fez a sinalização de reversão ante o teste dos R$ 27,70, fundo duplo marcado no fim de novembro e, até aquele momento, corroborado pelo Martelo, “fortalecendo a possibilidade de reversão da tendência e, consequetemente, de uma oportunidade de compra”, afirma o analista da Investor. Configurou-se, portanto, a 2ª base do tripé.

Atendidos os dois requisitos, falta responder uma pergunta – vale a pena operar o ativo? Para isso, a relação risco/retorno, 3ª base do tripé, deve ser calculada.

O ponto de entrada será na ultrapassagem da máxima do candle no dia seguinte, ou seja, caso os preços deixem para trás os R$ 22,00. A mínima do Martelo é de R$ 21,58, mas, para fugir do ruído do mercado, Barcelos sugere stop loss em R$ 21,30. O objetivo é a principal resistência do papel, neste caso, os R$ 23,74.

Pela relação risco/retorno, temos um risco de 3,18% e um retorno potencial de 7,9%, correspondendo a uma razão de 2,48, acima do mínimo exigido por Nison. Assim, a operação está planejada.

Resultado final
O start de compra foi executado logo na abertura do pregão seguinte e em quatro pregões o target foi alcançado, ou seja, a técnica de Nison obteve máximo êxito neste caso, aponta Barcelos.

Assim, fica para o leitor mais uma sugestão de estratégia, embasada nas clássicas sinalizações da análise técnica e com uma metodologia simples e, acima de tudo, objetiva, algo muito importante quando estamos falando de métodos de operação.