Volatilidade no câmbio se deve a fatores externos, diz Robin Brooks, do IIF

Em evento do Itaú, economista diz acreditar que sinais de inflação menor nos EUA devem levar cotação no Brasil para baixo de R$ 5,00

Roberto de Lira

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O maior impulsionador da fraqueza do real brasileiro nos últimos 6 meses não é cenário interno, mas essencialmente o externo. A opinião é do economista chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks. No evento Macro Vision 2022 do Itaú, ele lembrou que o câmbio no Brasil chegou a cair para R$ 4,16 logo após a invasão russa.

Segundo ele, quando as surpresas inflacionárias nos Estados Unidos ficaram claras e o Federal Reserve passou a elevar os juros de forma mais acelerada, o dólar saltou de um patamar de R$ 4,70 em para R$ 5,40 em junho. E que “as dinâmicas subjacentes da inflação nos EUA estão diminuindo”, o que pode levar o câmbio no Brasil para abaixo dos R$ 5,00.

“O “carry” (carregamento) nos mercados emergentes atingiu o pico há cerca de 6 meses, quando o ciclo de alta do Fed mudou para ‘overdrive’ com altas de 75 bps a partir de junho. Essa mudança trouxe um período de fraqueza da moedas emergentes que agora está terminando. A queda da inflação nos EUA trará força nos mercados emergentes em uma base ampla”, escreveu um pouco mais cedo sem sua conta no Twitter.

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Também no Twitter, Brooks divulgou um gráfico mostrando que, nos últimos 10 anos, o real do Brasil caiu 30% em termos reais efetivos, mesmo ajustando para uma inflação relativamente mais alta no Brasil do que em outros lugares. “Isso é quase tão fraco quanto a Turquia, que caiu 45%. Isso faz ZERO sentido”, escreveu, ressaltando o zero. Brooks mantém sua opinião, que tem gerado polêmicas nas redes sociais de que o valor justo do câmbio no Brasil é de R$ 4,50.

Também no evento do Itaú, Philipp Hildebrand, vice chairman da BlackRock, alertou que os Bancos Centrais precisam encontrar um equilíbrio em sua políticas monetárias restritivas para manter o combate à inflação, sem prejudicar demais o crescimento econômico. Ele foi pessimista sobre a projeção para a atividade econômica na Europa para o ano que vem. “O melhor cenário é nenhum crescimento”, disse.