Vendas no varejo caem 1,4% em junho, pior que o esperado

Indicador recua 0,3% na comparação com junho de 2021; mercado projetava queda de 1,0% na base mensal e estabilidade (0,0%) na anual, segundo a Refinitiv

Lucas Sampaio

Publicidade

O volume de vendas do comércio varejista recuou 1,4% em junho na comparação com maio, na série com ajuste sazonal, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com junho de 2021, a queda foi de 0,3%. Os resultados vieram pior que o esperado, pois o mercado projetava queda de 1,0% na base mensal e estabilidade (0,0%) na anual, segundo a Refinitiv.

Foi o pior resultado mensal desde dezembro (quando recuou 2,9%) e a segunda queda consecutiva do indicador (que havia subido nos quatro primeiros meses do ano). Além disso, a alta de 0,1% de maio foi revisada pelo IBGE para baixa de 0,4%.

Continua depois da publicidade

Agora o varejo acumula alta de 1,4% em 2022, mas recua 0,9% em 12 meses, e o volume de vendas está 1,6% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas 3,3% abaixo do maior patamar da série histórica (registrado em outubro de 2020).

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas recuou 2,3% ante maio e 3,1% ante junho de 2021.

Retração disseminada

A retração foi disseminada por 7 das 8 atividades pesquisadas e puxada por tecidos, vestuário e calçados (queda de 5,4%) e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%). A única atividade que cresceu foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+1,3%).

Continua depois da publicidade

“Nesse segmento, o aumento é ligado aos artigos farmacêuticos e reflete a alta nos preços dos medicamentos. Esse é um tipo de produto que, na maioria das vezes, você não consegue substituir. Isso aumenta o dispêndio de uma família que pode ter que gastar nessa atividade e diminuir o consumo em outras”, afirma o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

A queda de 2,3% no comércio varejista ampliado foi puxada tanto por veículos e motos, partes e peças (-4,1%). Já material de construção recuou menos (-1,0%).

Alta no 1º semestre

Apesar da queda mensal e anual do indicador, o varejo acumulou alta de 1,4% no primeiro semestre deste ano, após queda de 3,0% no segundo semestre do ano passado. Entre as atividades pesquisadas, 6 subiram e 2 caíram.

Publicidade

As maiores altas foram livros, jornais, revistas e papelaria (+18,4%), tecidos, vestuário e calçados (+17,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+8,4%). Já as duas quedas vieram de móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,8%).

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.