Tesouro vê cenário mais favorável para alongamento da dívida

Estratégia de oferecer títulos de curto prazo nos últimos meses foi temporária, mas necessária, diz José Franco de Morais, subsecretário da Dívida Pública

Bloomberg

(Getty Images)

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(Bloomberg) — O Tesouro Nacional aposta que a tarefa de retomar o alongamento da dívida pública ficará mais fácil nos próximos meses à medida que o governo mostre mais compromisso com a responsabilidade fiscal e com a regra do teto de gastos, disse o subsecretário da Dívida Pública, José Franco de Morais, em entrevista.

Segundo ele, a estratégia do Tesouro de oferecer títulos de curto prazo nos últimos meses, o que piorou o perfil do estoque, foi temporária, mas necessária porque o volume de gastos públicos durante a pandemia preocupou os investidores.

Agora, um objetivo é gradualmente reduzir a oferta de LTNs com vencimento de abril de 2021 e aumentar a colocação desses papéis prefixados com vencimento em outubro de 2021.

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A expansão fiscal fará com que o país termine 2020 com um endividamento bruto próximo de 100% do PIB e com um déficit fiscal recorde de 12,1% do PIB, segundo estimativas do Ministério da Economia.

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O cenário base para o Tesouro e os investidores hoje, segundo ele, é que o teto de gastos seja respeitado e que o novo programa social do governo – que vai substituir o auxílio emergencial dado aos informais durante a pandemia – seja mais enxuto e dentro do teto.

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Além disso, segundo Franco, há muita liquidez no mercado local e é natural que os investidores continuem recorrendo aos títulos públicos.

Colchão de liquidez

Apesar do elevado nível de vencimentos da dívida nos primeiros quatro meses de 2021, R$ 643 bilhões num estoque de R$ 4,4 trilhões, o Tesouro espera reforçar seu colchão de liquidez até o final do ano.

Segundo ele, a ideia é que até dezembro haja em caixa o equivalente para todo o primeiro quadrimestre de 2021.

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Franco explicou que o Tesouro já tinha mapeado o volume elevado de vencimentos entre janeiro e abril do ano que vem porque grande parte dos títulos são LFTs emitidas em 2015.

“Naquele ano, o Brasil perdeu o grau de investimento, houve mudanças no comando do Ministério da Economia, o Brasil encaminhou um orçamento deficitário ao Congresso. Nesse contexto, o Tesouro emitiu muita LFT de seis anos que agora está vencendo”, disse, lembrando que antes da pandemia, o colchão de liquidez foi reforçado para fazer frente a esses vencimentos. Com a crise, o colchão foi caindo, mas não ficará abaixo de três meses, afirmou.

O Tesouro Nacional teve sucesso na estratégia de tentar alongar a dívida pública por meio da redução da oferta de LTNs mais curtas e da oferta de NTN-F longas, 2027 e 2031, no leilão desta quinta-feira. Os 2,5 milhões de NTN-Fs oferecidos foram totalmente vendidos e as LTNs saíram quase integralmente.