Suspensão de pesquisa de desemprego entre jovens na China segue padrão, dizem analistas

Mesmo padrão acontece na Rússia; dúvida é se prática é uma manipulação deliberada, incompetência ou as duas coisas

Estadão Conteúdo

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A decisão da agência nacional de estatísticas da China (NBS) de suspender a publicação da taxa de desemprego entre jovens, após uma alta histórica, faz parte de um padrão. Analistas dizem que o governo chinês descarta uma série de informações, muitas vezes discretamente, citando a má qualidade dos dados, esperando que todos se esqueçam.

“O NBS tem um histórico de descontinuar importantes séries de dados”, afirma o professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong Carsten Holz. “A missão do NBS não é servir ao público, mas ao Partido Comunista chinês.”

O NBS reduziu a publicação de estatísticas sobre valor agregado de diferentes setores, reduziu as informações sobre investimentos em ativos fixos e abandonou a publicação de dados da renda nacional, por exemplo. Sem esses dados para verificação cruzada, a precisão das estatísticas do PIB fica mais difícil de avaliar. “Em todos esses casos, o raciocínio do NBS era que os dados originais haviam se tornado muito problemáticos”, diz Holz.

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Usando informações alternativas, como a luz noturna, pesquisadores descobriram que as autocracias produzem dados menos precisos do que governos com democracias. A Rússia, por exemplo, suspendeu a publicação de muitas estatísticas após a invasão da Ucrânia, e os pesquisadores acreditam que os dados divulgados subestimam o dano causado pelas sanções ocidentais.

É uma questão em aberto se essa tendência reflete manipulação deliberada ou incompetência.

Em muitos casos, são os dois. Nas autocracias, as agências estatísticas carecem de independência política, tornando seu trabalho vulnerável à manipulação. E, muitas vezes, as agências não sabem como coletar e relatar dados econômicos confiáveis em primeiro lugar. O último muitas vezes se torna uma desculpa para o primeiro.

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Muitos dos dados econômicos da China são anormalmente suaves, mostrando menos da variação período a período que a economia normalmente experimenta. No caso do PIB, essa suavidade às vezes vem de relatórios de crescimento real mais baixo e inflação mais alta do que realmente ocorreu, e esse não é o resultado que seria esperado se a manipulação fosse a única explicação.

Ben Bernanke, ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) disse que algumas das estranhezas nos dados econômicos chineses “cheira mais a erro técnico do que a adulteração política”. Para Derek Scissors, economista-chefe da empresa de pesquisa China Beige Book, “não há como os números do desemprego juvenil da China estarem corretos. Não apenas os mais recentes, todos eles”.