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Donald Trump, que acaba de ser eleito para um segundo mandato à frente dos Estados Unidos, promete implementar uma série de medidas econômicas que podem impactar diretamente o mercado doméstico e global. Desde a redução de regulamentações até a imposição de novas tarifas de importação, suas promessas são vistas com ceticismo e preocupação por economistas, que projetam consequências amplas para a economia norte-americana e mundial.
As propostas de Trump geram expectativas quanto ao crescimento econômico dos EUA, mas também suscitam receios quanto à estabilidade financeira global. Analistas como Erik Nielsen, do UniCredit, alertam que as políticas fiscais de Trump podem expandir o déficit público de forma alarmante, desestabilizando o mercado de títulos dos EUA. A dívida pública poderia crescer até US$ 7,75 trilhões até 2035, segundo o Comitê para um Orçamento Federal Responsável.
Além disso, com a esperada elevação de tarifas e desregulamentações, é possível que o dólar se valorize, afetando negativamente países emergentes e aumentando a pressão sobre o crescimento global. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já vê o comércio global enfraquecido, e as novas barreiras propostas podem agravar essa tendência, comprometendo as projeções de crescimento econômico mundial.
Confira abaixo as principais propostas econômicas do novo presidente eleito nos EUA.
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Combate à inflação
Uma das promessas centrais de Trump é “acabar com a crise da inflação devastadora”. Para isso, ele pretende reduzir os preços ao consumidor por meio de uma ordem executiva que exigirá que todas as agências do governo usem “todas as ferramentas” para controlar a inflação. Entre as ações previstas está a remoção de regulamentações que Trump considera “onerosas” e prejudiciais ao mercado de trabalho, embora falte clareza sobre quais normas seriam impactadas.
No entanto, especialistas questionam a efetividade das medidas de Trump para controlar a inflação, especialmente considerando que o Federal Reserve (Fed) tem a prerrogativa sobre as taxas de juros, principal ferramenta de controle inflacionário. Ademais, há receio de que as políticas tarifárias prometidas possam, na verdade, aumentar a inflação nos EUA, uma vez que impostos sobre importações tendem a elevar os custos dos produtos para o consumidor.
Energia mais barata com combustíveis fósseis
Trump quer reduzir pela metade os preços de energia e eletricidade em 18 meses, incentivando a produção doméstica de combustíveis fósseis. Ele criticou fortemente fontes de energia limpa, como a energia eólica, que descreveu como “horrível”, e propôs expandir o uso de petróleo e gás natural. Outra proposta é eliminar o limite para a exportação de gás natural, o que poderia transformar o país em um dos principais fornecedores globais, mas também provocar instabilidade no setor de energias renováveis e aumentar o impacto ambiental.
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Menos impostos
Trump propõe uma série de cortes de impostos, tanto para famílias de renda média quanto para empresas. Em continuidade ao Tax Cuts and Jobs Act, legislação que expira em 2025, ele promete mais alívio fiscal e defende tornar os cortes permanentes, acreditando que a medida ajudará a impulsionar o crescimento econômico.
Outro ponto defendido pelo presidente é a eliminação de impostos sobre gorjetas para trabalhadores de setores como serviços e hospitalidade, além do fim dos tributos sobre benefícios da Previdência Social para idosos. No entanto, essas propostas carecem de detalhes e ainda precisam de aprovação do Congresso, onde o Partido Republicano ganhou força, o que pode facilitar sua implementação.
Restrições severas para produtos estrangeiros
A política tarifária é um dos pilares das propostas de Trump, com o objetivo de proteger a indústria americana. Ele pretende implementar uma tarifa universal de 10% sobre todas as importações e uma taxa de até 60% para produtos chineses. A proposta visa reduzir a dependência dos Estados Unidos de produtos estrangeiros, mas economistas alertam para o potencial efeito inflacionário dessas tarifas.
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Para consumidores americanos, as tarifas podem significar aumento de preços, uma vez que empresas tendem a repassar os custos adicionais ao consumidor final. Segundo estimativas, essa política pode custar em torno de US$ 1.700 anuais por família de renda média.
Acirramento de relação com a China
Trump reforça sua postura combativa contra a China, com promessas de retaliar tarifas impostas ao país e restringir o acesso de empresas chinesas à infraestrutura crítica dos EUA. A medida está alinhada ao “Trump Reciprocal Trade Act”, que aplicaria tarifas equivalentes às impostas a produtos americanos por países estrangeiros.
Essa tensão comercial preocupa economistas, que preveem impacto significativo sobre as relações comerciais globais. Com a China buscando alternativas para seus produtos, a Europa pode sofrer um aumento de importações chinesas, enquanto mercados emergentes, que dependem de financiamento em dólar, enfrentariam custos de empréstimos mais altos.
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Impacto em outros países
A política externa de Trump sugere menos apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), exigindo maior contribuição de seus parceiros, especialmente da Europa, que já lida com altos níveis de endividamento. A perspectiva de menor envolvimento dos EUA na segurança europeia pode forçar os países do continente a aumentarem seus investimentos militares, pressionando ainda mais suas finanças públicas.
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No contexto latino-americano, o México figura entre os países mais afetados, tanto por novas tarifas de importação quanto pelas políticas de imigração rigorosas defendidas por Trump, o que poderá agravar problemas econômicos e sociais.
Com uma agenda de forte impacto, Trump promete transformar o cenário econômico dos EUA, embora as consequências globais e os desafios internos se mostrem complexos. Para especialistas, o novo mandato será um teste para as instituições americanas e para a capacidade do país de manter a estabilidade em meio a mudanças drásticas.
(Com Reuters e CNN)