Queda no desemprego no 2º trimestre foi concentrada em sete Estados e no DF

Dezesseis estados registraram taxas de informalidade maiores do que a média nacional (39,2%), todos do Norte ou do Nordeste

Roberto de Lira

Fila em busca de emprego no Rio de Janeiro (Mario Tama/Getty Images)

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A queda de 0,8 ponto percentual na taxa de desemprego no Brasil segundo trimestre em relação ao trimestre anterior foi acompanhada por apenas oito unidades da federação, enquanto as demais permaneceram estáveis. Os dados detalhados foram divulgados nesta terça-feira (15) pelo IBGE. A desocupação média no Brasil chegou a 8,0% no período.

De acordo com Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, do primeiro para o segundo trimestre, foi possível observar uma tendência de queda em todas as unidades da federação, mas a redução foi estatisticamente significativa em apenas oito locais.

“A queda na taxa de desocupação nesse trimestre pode caracterizar também um padrão sazonal. Após o crescimento do primeiro trimestre, em certa medida, pela busca de trabalho por aqueles dispensados no início do ano, no segundo trimestre, essa procura tende a diminuir”,  explicou em nota

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A maior redução na taxa de desocupação foi observada no Distrito Federal, que passou de 12,0% para 8,7%, seguido pelo Rio Grande do Norte, de 12,1% para 10,2%. As demais foram em São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Maranhão, Pará e Mato Grosso.

Mesmo com a desocupação em queda (-0,9 p.p.), o Nordeste (11,3%) seguiu com o maior percentual entre as regiões. Todos os estados nordestinos têm taxas maiores do que a média nacional. Pernambuco ficou com o maior índice do país (14,2%), seguido pela Bahia (13,4%). Os dois ficaram estáveis na comparação com os três meses anteriores.

Já as menores taxas de desocupação foram registradas em Rondônia (2,4%), Mato Grosso (3,0%) e Santa Catarina (3,5%).

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Em São Paulo, estado mais populoso do país e com o maior contingente de ocupados (23,9 milhões), a taxa de desocupação passou de 8,5%, no primeiro trimestre do ano, para 7,8% no segundo. Nesse período, houve queda de 7,6% no número de pessoas que estão em busca de trabalho, chegando a 2,0 milhões. Já o número de ocupados ficou estável.

Informais

Dezesseis estados registraram taxas de informalidade maiores do que a média nacional (39,2%): todos são do Norte ou do Nordeste. Nesse indicador, os maiores percentuais vieram do Pará (58,7%), Maranhão (57,0%) e Amazonas (56,8%). Por outro lado, as menores taxas foram de Santa Catarina (26,6%), Distrito Federal (31,2%) e São Paulo (31,6%).

De acordo com a coordenadora do IBGE, a diferença nas taxas de informalidade pode ser explicada, entre outros fatores, pelos setores econômicos que prevalecem em cada região. “No Norte e no Nordeste, há uma grande presença de atividades que incorporam trabalhadores sem carteira assinada e conta própria sem CNPJ, como o comércio e os serviços”, disse Beringuy.

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Ela ainda ressaltou que no Sul, região com a menor taxa de informalidade (30,8%), o peso maior das atividades industriais e a diversificação de serviços contribuem para o emprego de trabalhadores com carteira de trabalho.

No país, cerca de 73,3% dos empregados do setor privado do país tinham carteira de trabalho assinada. Os menores percentuais também estavam no Nordeste (59,1%) e no Norte (58,4%), com destaque para Maranhão (49,3%), Pará (51,5%) e Tocantins (53,5%). A proporção era muito menor no trabalho doméstico: apenas 25,5% tinham carteira assinada no país. No Sudeste, região com o maior número de trabalhadores domésticos (2,7 milhões), quase 70% deles eram informais.

No segundo trimestre, o percentual de ocupados trabalhando por conta própria foi de 25,5%. As maiores concentrações estavam em Rondônia (37,8%), Amazonas (32,3%) e Amapá (31,7%), enquanto as menores estavam no Distrito Federal (19,9%), Tocantins (20,7%) e Goiás (21,7%).

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Gênero e raça

A diferença na taxa de desocupação entre homens e mulheres ficou menor no segundo trimestre. Ela foi estimada em 6,9% para eles e 9,6% para elas. “Essa diferença diminuiu porque, embora os dois grupos tenham tido redução na taxa de desocupação, a queda das mulheres foi de 1,3 ponto percentual, bem maior que a dos homens (-0,3 p.p.)”, detalhou Beringuy.

Ela ressaltou que a mulheres também tiveram um aumento maior no nível de ocupação: 0,6 p.p. contra 0,4 p.p. dos homens. Com isso, o nível de ocupação das mulheres chegou a 47,1%, enquanto o dos homens foi de 66,8%. Esse indicador calcula o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar.

No recorte por cor ou raça, enquanto a taxa de desocupação dos brancos (6,3%) ficou abaixo da média nacional (8,0%), a dos pretos (10,0%) e a dos pardos (9,3%) seguem acima. No início da série histórica da pesquisa, no primeiro trimestre de 2012, a média também foi estimada em 8,0% e havia a seguinte situação: pretos tinham taxa de desocupação de 9,7%, pardos, de 9,2% e brancos, de 6,7%.

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No segundo trimestre, cerca de dois milhões de pessoas estavam procurando por trabalho por dois anos ou mais. Na comparação com o mesmo período do ano passado, esse número caiu 31,7%, o que representa 945 mil pessoas a menos.

Cerca de 4,0 milhões estavam de mais de um mês a menos de um ano em busca de uma vaga de trabalho. Frente ao segundo trimestre do ano passado, a redução foi de 5,5%, ou de 237 mil pessoas.

Rendimento

O rendimento médio habitual foi de R$ 2.921 para o país no segundo trimestre. Houve crescimento frente ao trimestre anterior (R$ 2.923) e alta na comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 2.750).

Comparado ao trimestre de janeiro a março, o Norte (R$ 2.316) foi a única região com alta nesse indicador, enquanto as demais regiões ficaram estáveis. Na comparação interanual, o rendimento cresceu em todas as regiões.